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terça-feira, 6 de julho de 2021

BOATE ARPÈGE - LEME

A Boate Arpège, no Leme, era uma das muitas que havia nas regiões de Copacabana e Leme, como a Vogue, a Drink, a Mocambo, a Zum-Zum, a Cangaceiro, a Balaio, a Le Bateau, a New Jirau, entre outras. Ficava na Rua Gustavo Sampaio nº 840-A, no Leme, e seu telefone era 57-7788.

Foi propriedade de Waldir Calmon, famoso condutor de orquestra de bailes de gala no Rio, junto com seu sócio Mauricio Lanthos. Funcionou até 1967. 

A Boate Arpège funcionou de 1955 a 1967. Este é o anúncio do primeiro show, com Waldyr Calmon, Diamantina Gomes (esposa e crooner), Steve Bernard no órgão Hammond e Louis Cole. Em 1967 arrendou a boate Arpège, segundo consta por desentendimentos com o sócio, e passou a atuar em bailes e a fazer excursões. 

A história do órgão é curiosa. Uma empresa trouxe o órgão para o Brasil e conseguiu vender um para o Copacabana Palace. Só quem sabia tocar órgão era o Steve Bernard. Depois o órgão foi vendido para o João Calmon, que o levou para a TV. Como ninguém sabia tocar, contrataram o Steve Bernard. Depois o órgão foi para Waldyr Calmon que se sentou no banquinho e viu que não sabia tocar. Resultado: contratou o Steve Bernard para a Arpège...

 Já o piano do Waldyr foi comprado do genro de Marechal Dutra, Mauro Renault Leite (como o mundo é pequeno cheguei a trabalhar no Hospital da Cruz Vermelha com o irmão dele, o bom cirurgião Moacir Renault Leite). 

O impecável porteiro da Arpège. No mesmo endereço já havia funcionado o Rose Garden e o Mandarim, que não deram certo. No início dos anos 60 a Arpège tinha como contratados gente como Lucio Alves, Doris Monteiro e João Gilberto. Foi nesta boate que dois amigos de Tom se conheceram e formaram uma das maiores parcerias da música brasileira: Baden e Vinicius.

Linda Batista, Chico Buarque de Holanda, Wilson Simonal, Renato e seus Blue Caps, Ed Wilson, Odete Lara, Ary Barroso , Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Trio da Lua, Juca Chaves, Ary Toledo e Gilberto Gil, foram alguns artistas que se apresentaram na Arpège.

Nos primeiros tempos o conjunto de Waldyr Calmon era formado por Paulo Nunes (guitarra), Milton Banana (bateria), Eddie Mandarino e Rubens Bassini (percussão), Gagliardi (contrabaixo), com ele ao piano. Não sei se a foto é desta época e se os músicos são os citados. Tempos depois Miltinho fez grande sucesso por lá.


Waldyr Calmon lançou mais de uma dezena do “Feito para dançar”. Seus discos tocavam em todas festinhas dos anos 60. 

Segundo um comentarista veterano do SDR, “Waldyr Calmon produzia uma música agradável e fácil de dançar. O dançarino não podia pensar em passos complicados, pois tinha apenas 3 minutos para tentar ganhar simpatia da partner. O passo seguinte era tentar combinar um encontro na praia, no dia seguinte. Vencendo a timidez, fazia, então, uma pergunta codificada, que a dama compreendia imediatamente. Apenas isso: Onde você costuma ir? Traduzindo: Quero saber em que trecho da praia você costuma ir (no dia seguinte, que certamente seria domingo). A dama respondia com economia de palavras, porque dispunham apenas dos 3 minutos. Dizia assim: Constante ou Bolivar. Isto queria dizer que o trecho dela era na areia da praia em frente a uma das ruas transversais. O candidato à atenção da mocinha, no dia seguinte com Gumex no topete, um pente Flamengo enfiado na lateral do calção e uma pequena toalha no pescoço aparecia no trecho mencionado. Já a resposta que o rapaz temia era: Amanhã não estarei no Rio, pois vou para Petrópolis, ou pior: Não gosto de praia. Então, o negócio era o candidato a Don Juan, partir para outra, na próxima música.”

15 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Sobre o tema de hoje, só posso contribuir dizendo que meu pai tinha alguns LP's do Waldir Calmon, que ainda estão aqui em casa.

    De resto, ficarei acompanhando os comentários.

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  2. Em tempo: ouvi agora no rádio que Copacabana está completando hoje 129 anos. Fazendo as contas, é alguma efeméride de 1892. Provavelmente relacionada ao serviço de bondes.

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  3. Os bailes com música ao vivo acontecem até hoje e orquestras como Brasil Show, Comander, Os Devaneios, Copa 7, Tupy, Pingos e Gotas, e muitas outras, e se apresentam em clubes sociais como o Club Municipal, Sargentos de Cascadura, Aspom,Tijuca Tênis Clube, e outros. A Pandemia interrompeu esse circuito, mas as atividades estão retornando. As festinhas animadas pela orquestra de Waldir Calmon remontam aos anos 50, pois minha mãe quando solteira frequentou bailes com essa orquestra. A música "Na cadência do samba" foi imortalizada com a orquestra de Waldir Calmon. Para quem não sabe, "Na cadência do samba" é a música utilizada como fundo musical dos documentários futebolísticos do Canal 100.

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  4. Ainda quando morava no subúrbio ouvia o conjunto do Waldir Calmon por meio dos discos que meu pai adquiria. Ele apreciava música instrumental e minha mãe teve iniciação musical no piano e bandolim. Certamente veio daí meu interesse e algum dom musical.

    Quanto à boate Arpége fui conhece-la quando foi escolhida para uma festa dos alunos da formatura do ginásio. Lembro que foi em horário vespertino, ainda sem movimento, mas o Waldir Calmon recebeu a comissão de alunos. Nesse tempo já era famoso seu sistema de ar condicionado cuja baixa temperatura foi homenageada no tema "Samba no Arpége". Entretanto, não frequentei essa casa noturna que nos meus tempos de boemia já tinha encerrado suas atividades.

    Conheci alguns do músicos citados na postagem, particularmente os percurssionistas/bateristas como Milton Banana e Rubens Bassini. Ao primeiro cheguei a dar caronas quando ele estava atacado pela gôta (ácido úrico) que o impedia de trabalhar. Quanto ao Rubens acompanhei sua trajetória quando foi para o Ed Lincoln e mais tarde para o Sérgio Mendes. Faleceu nos EEUU. Com relação ao tal órgão desconhecia a história. Na verdade o Waldir mandou instalar no piano (vide foto do LP) um aparelho chamado Solovox, uma espécie de precursor dos atuais teclados eletrônicos. O Miltinho na verdade ficou famoso quando passou a integrar o conjunto do Djalma Ferreira como ritmista e cantor, atuando no Drink, ali ao lado na Av. Princesa Isabel. Waldir animou durante algum tempo as noites do restaurante/churrascaria que ficava na Praia Vermelha, junto à estação do bondinho (esqueci o nome).

    FF: Hoje é aniversário de Copacabana que apesar de suas mazelas e as opiniões de seus habituais detratores continua sendo o bairro mais famoso do Rio onde, mesmo com a atual pandemia, continua atraindo turistas de todas as procedências. Ontem mesmo estive conversando com um casal canadense.

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    1. O restaurante / churrascaria era o Roda Viva, essa eu havia esquecido que o conjunto era do Waldir Calmon, esta eu frequentei muito, no final dos anos 70.

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    2. A churrascaria ao lado da estação do bondinho do Pão de Açucar chamava-se Roda Viva.

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  5. Essa não é do meu tempo. Mas pegando um gancho no texto, sempre que eu "ganhava" uma mulher, seja na rua, na faculdade ou na noite (que eu frequentava muito pouco), eu já marcava logo um encontro na praia, se possível, perto da rede, para fazer logo o temido "teste da areia". Muitas garotas que usavam calça jeans apertadinha e salto alto, pareciam boas, mas a bordo de um biquíni, algumas decepcionavam. As que diziam não gostar de praia, essas então, já sabia de antemão que temiam o convite e o teste. Meu irmão sempre me falava: "toda mulher boa gosta de ir a praia para exibir o corpo".

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    1. Nem sempre, mas há gosto para tudo. Há homens que gostam de mulher corpulenta, com fartos seios, e quadris avantajados,mas outros preferem as esguias, com "seios moderados", e quadris proporcionais. Eu prefiro as últimas e são essas as mais apreciadas pela maioria. Mas nenhuma delas "fica na mão" e "tem o seu público". O que as mulheres não gostam de mostrar e a celulite. Gordas ou magras, todas a sua dose ..

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  6. Bom dia todos. Hoje é dia de aula, não conheci esta boate, não tinha idade para frequentá-la.

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  7. Tudo muito interessante, da paquera ao porteiro, mas Waldir Calmon ficou imortalizado foi no Canal 100, fazendo o fundo da filmagem de futebol. Era o máximo!

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  8. Bom Dia! Tinha um programa em uma rádio, nos fins de semana que se chamava Radio Baile, e foi usado por muita gente nas festinhas ou para alguém que já sabia ensinar a quem estava aprendendo. Sempre tinha alguma coisa do Calmon no programa.

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  9. Bem observado pelo Docastelo, Waldyr Calmon usava e abusava do Solovox, cujo nome já indica, não possuía a possibilidade de acordes
    Casa disco do "Feito para Dançar" tinha um número, que terminou no 11, com o conjunto em nova formação e uma batida bem diferente.

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  10. Essa boate teve vida curta. Ou era comum esse tempo de duração?
    Meu pai teve muitos LP's e de variado repertório, mas não lembro de ter visto algum do Waldyr Calmon entre eles.
    Sobre Copacabana, acredito que deverá ter grandes comemorações nos 130 anos em 2022. Só não sei se para alegria ou para tristeza de seus moradores.
    Já estou a pensar no que vai ser, de modo geral, quando liberarem os grandes eventos públicos. Se o povo vai querer "tirar o atraso", que até lá será de quase 2 anos, em um período de poucos meses de festas após essa volta ao "normal".

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  11. A oportuna menção da participação de Waldir Calmon na gravação do tema do Canal 100, "Na Cadência do Samba", cujo autor, Luiz Bandeira, tive a oportunidade de conhecer no Leme, me lembrou um "causo" relacionado com o esse compositor. Bandeira tinha um excelente violão marca Di Giorgio que, de algum modo, foi parar nas mãos de um rapaz conhecido como Jorge "Sombra", muito discreto e educado, que recebeu esse apelido da turma por ter a curiosa habilidade de se aproximar das pessoas sem que essas percebessem. De repente ali estava o Jorginho, colado com o grupo.

    Certo dia, sabendo que eu apreciava um bom instrumento, Jorginho me informou que estava rifando o violão do Bandeira e se eu estaria interessado. Claro que estava mas percebendo que a questão era falta de recursos fiquei penalizado e sugeri que ele tentasse vender o instrumento para garantir uma grana mais imediata. Como ele me informou que um primo estaria interessado incentivei a venda, realizada com sucesso. O que eu não sabia era que ele já tinha vendido alguns números e foi naturalmente cobrado pelos interessados. O problema foi que Jorginho adoeceu (muito magro, diziam que tinha a saúde frágil)) e sumiu do mapa. Alguém soube da minha conversa com o rapaz e deduziu que eu teria algum interesse na transação. A partir daí tive que aturar a ira de alguns interessados que contavam serem sorteados, inclusive um dileto amigo, Zé Pité, pianista do conjunto "Coisas Nossas", especializado em músicas de Noel Rosa (gravaram uma propaganda para o jornal O Globo, veiculada na tv). Foi difícil convenver a turma do contrário.

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  12. Nos anos 60 não tinha idade nem meios para frequentar esses lugares. Pena, uma das melhores fases da vida noturna da cidade.

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