Total de visualizações de página

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

ALTO DA BOA VISTA - SACRÉ-COEUR DE JÉSUS

Ontem falamos do externato do Colégio Sacré-Coeur de Jésus, em Laranjeiras. Hoje o tema é o internato, que era no Alto da Boa Vista. 

Este tema sempre gera controvérsias. 

Por um lado o regime de internato atraía alunos de todas as partes do Brasil, em busca de bom ensino e boa formação, além de facilitar a vida de pais que viajavam muito. E era o destino para crianças "problemáticas" que, na visão dos pais, precisavam ser disciplinadas.

Por outro lado privava os adolescentes da liberdade e da companhia dos pais. Não seria melhor ter o carinho deles ao invés da rigidez dos regimes desses colégios?

Este postal, enviado pela tia Nalu, mostra o prédio da Rua Ferreira de Almeida, no Alto da Boa Vista. À esquerda podemos ver o Colégio São Bento, que também funcionou no Alto por uma época. 

Outro postal, enviado pela tia Nalu. O prédio era muito interessante e foi usado como cenário de novelas. Não sei como está hoje em dia. 

Como em quase todos os internatos da época, a disciplina era duríssima. Contam que era obrigatório o uso de camisolões na hora do banho. E que, muitas vezes, não havia água quente. Será verdade?


Conta a tia Nalu que este é o pátio do recreio:
“No meu "tempo" já estava diferente. Não lembro daquele galpão e a área era dividida em vários campos de vôlei. Acho que eram 4.

No recreio, lembro que não podíamos simplesmente ficar à toa, batendo papo; éramos obrigadas a jogar, gostando ou não.

Só consegui uma folguinha quando quebrei o dedo indicador na recepção de um saque venenoso. A freira da enfermaria (acho que era Mere Albaladejo) disse que era frescura minha e fiquei um bom tempo com o dedo roxo e inchado. O lado bom é que treinei escrever com a mão esquerda para fazer as provas. Conservo essa habilidade até hoje.

No prédio, à direita, se bem me lembro, as janelas envidraçadas são a "fontaine" (banheiros). 

Tia Nalu foi aluna do internato e do externato.

Nas primeiras décadas do século XX havia bondes especiais no dia da folga mensal das alunas do Sacré-Coeur. Eles faziam o trajeto da Rua da Assembleia, no Centro, para o Alto da Boa Vista.


O local da foto talvez seja na Usina.

Segundo o Helio este é o modelo mais horripilante de bonde que já circulou no Rio de Janeiro. É de um fabricante alemão, Van der Zypen & Charlier. Só foram comprados 55 exemplares do mesmo, segundo o site do Allen Morrison.

Alunas do Externado Sacré-Coeur de Jésus


A sala de estudos do Alto da Boa Vista.



12 comentários:

  1. Em princípio sou totalmente contrário a crianças e adolescentes em colégio interno. O afastamento dos pais não me parece ser boa coisa.
    Não sabia que o São Bento tinha internato.
    Acho o regime de semi-internato, passando o dia inteiro no colégio, razoável.

    ResponderExcluir
  2. Olá, Dr. D'.

    Mais um dia para acompanhar os comentários.

    Internatos eram (e são) usados, como dito no texto, para alunos de fora da cidade ou para alguma criança ou adolescente considerado problemático pela família, que não tinha paciência ou tempo para lidar, mas tinha dinheiro...

    Era tempo de mandar os filhos "para a capital" para começar a aprender o ofício do pai (os filhos) ou ser moldada para ser uma esposa prendada (as filhas), com raras exceções.

    Hoje é dia de Santa Luzia, padroeira da televisão e dia do marinheiro.

    ResponderExcluir
  3. Meu pai foi semi-interno no São Bento desde o 1°ano primário até o último ano 3° ano do curso científico. Eu estudei lá apenas dois anos, mas no externato. Os internatos religiosos masculino e feminino eram "fábricas de armários". No romance "Agosto" de Rubem Fonseca, é relatado um caso que teria ocorrido no São Bento onde um aluno era "sodomizado" regularmente. Há alguns anos um aluno de lá suicidou-se pelo mesmo motivo. Nos colégios femininos as coisas ocorriam da mesma forma. A prática de "colar velcro" era intensa. #$ Com relação aos "banhos frios", naquele tempo os locais mais afastados não eram servidos pela "Companhia do Gás".

    ResponderExcluir
  4. Meu avô e alguns amigos tomavam esse bonde do Alto da Boa Vista por volta de 1915 na Haddock Lobo, e não levavam o dinheiro da passagem de volta. Todo o trajeto de volta era feito a pé e o destino era a confeitaria existente na rua "Malvino Reis" (atual Aristides Lobo), esquina com Rua da Estrela. Um desses amigos de meu avô na chegada dava cabo de vinte Quindins. Meu avô dizia que só de olhar ficava enjoado.

    ResponderExcluir
  5. Bom dia Saudosistas. Mais um dia de acompanhar os comentários, ver a queda da bolsa se irá continuar hoje e se aparece uma oportunidade de compra e aguardar o jogo da Argentina e Croácia.

    ResponderExcluir
  6. Tive sorte. No tempo em que fui interna não tomei conhecimento desses fatos narrados por Joel Almeida. Talvez por ser muito distraída, mas nunca ouvi falar.
    Quanto à conveniência dos internatos, há casos e casos. Hoje penso que fui para lá porque minha mãe não queria que eu desse trabalho para meus avós. Nasci e fui criada na casa deles. Minha irmã teve poliomielite num tempo em que aqui não havia recursos. Para tanto, minha mãe a levou para os Estados Unidos e ficavam lá por meses, a cada viagem. Meu pai também viajava muito. Acho que foi isso. Mas é claro que perdi muitíssimo da convivência familiar e me sentia, às vezes, uma "estranha no ninho".

    ResponderExcluir
  7. A bolsa está 0,62% positiva. Muita especulação. Os de sempre ganhando e a massa de bobos perdendo.

    ResponderExcluir
  8. Fui aluna no Alto da Boa-Vista, vinda do Sion. Tenho ótimas lembranças dos dois. As internas do Alto, não se sentiam enclausuradas, só tinham saudades de casa. Eram, em geral, meninas cujas familias moravam longe, muitas no Nordeste. A vida no SCJ era uma delícia, as freiras eram uns amores. Quanto ao nível, era bem razoável, tanto que varias ESC fizeram carreiras universitárias. Mas o modelo da época, até os anos 50/60 é que as moças se casassem cedo. Mas tinham sólida formação em francês e inglês nos dois colégios, assim como religiosa e moral. Abraços

    ResponderExcluir
  9. Na década de 50 o externato do colégio Sacré-Coeur, situado no Morro da Graça, antiga residência do Senador Pinheiro Machado, já se apresentava em franca decadência (se é que um dia foi melhor). O ensino de péssima qualidade, preparava para ser dondoca, mas nunca para passar num vestibular. Esse negócio de sair falando francês é conversa fiada. As freiras, donas do estabelecimento eram tremendamente retrógradas. Na sua própria congregação mantinham três classes de religiosas: as madres (de nível social superior) que dirigiam o colégio; as irmãs (de nível social inferior) que serviam de serviçais das primeiras; a irmã da cozinha (analfabeta) que servia de cozinheira e copeira e era de cor negra. Diferenciavam-se pelos trajes ou hábitos. Havia uma dessas freiras, uma francesa, muito antipática e tremendamente discriminatória, que servia de diretora. Quando os pais subiam a ladeira para tentar matricular a sua azarada filha, a primeira pergunta dessa diretora era sobre a profissão do pai da menina. Se não era um magnata (mesmo ordinário e ladrão), mas um bancário, comerciário ou industriário de melhor poder aquisitivo, a mulherzinha respondia: “Non ter vaga”, virava as costas e ia embora. A instrução religiosa parece que, também, não dava resultado: embora discriminassem as pessoas desquitadas (não havia o divórcio), o maior índice de mulheres desquitadas e posteriormente amigadas (e faziam muito bem) era desse tipo de colégio. Acabaram fechando as portas por falta de alunas.

    ResponderExcluir
  10. O relato das 15:19 mostra "verdades não tão secretas e sabidas por muita gente. A hipocrisia campeava nas relações pessoais, principalmente no que dizia respeito às mulheres separadas. A sociedade era machista, e se um casamento não desse certo havia duas opções, ambas desfavoráveis às mulheres. Homens cujos casamento eram infelizes não tinham coragem de tomar iniciativa para desfazê-los e criavam situações deploráveis. Um parente próximo nos anos 60 se jactava de manter as aparências de seu casamento, e para isso tinha "amantes' que não fazia questão de esconder enquanto confidenciava à pessoas próximas que "cumpria suas obrigações conjugais duas vezes por mês", e ainda assim "no escuro e de cueca samba-canção". Mas a sociedade da época considerava homens assim como provedores familiares", enquanto muitas mulheres cujos casamentos não tivessem dado certo eram tidas muitas vezes como "fáceis", já que eram "desquitadas". Quanto ao preconceito de classe social mencionado, não era privilégio apenas das freiras...

    ResponderExcluir
  11. A Croácia teve um "choque de realidade" na semifinal. Não teria moleza dois jogos seguidos. O Galvão abusou dos atos falhos, ainda desnorteado do jogo de sexta.

    A França continua favorita para amanhã e possivelmente para domingo. Mas, com Messi, aprendi a não duvidar de nada.

    A classificação argentina praticamente sepultou a chance de um brasileiro apitar a final. Deve ir para a disputa do terceiro lugar. Minha aposta para a final era o italiano de hoje. Aliás, de novo europeu apitando jogo entre europeu e sulamericano. Não foi problema para os argentinos. Muito provavelmente outro trio europeu vai apitar a final. Talvez, agora, um espanhol ou inglês.

    ResponderExcluir
  12. Boa noite.
    Ainda existem colégios com regime de internato na cidade do Rio de Janeiro?
    Alguém conhece algum?
    Não sou favorável a delegar uma boa parte de educação global dos filhos a terceiros se não for absolutamente necessário.

    ResponderExcluir