A foto, colorizada pelo
Reinaldo Elias, mostra o Graf Zeppelin em 25 de maio de 1930, pousado no
Rio. Foi a primeira viagem entre a
Alemanha, de onde decolou de Friedrichshafen no dia 18 de maio, e a América do
Sul. Após pousar em Recife no dia 21, chegou ao Rio no dia 25, onde pousou no
Campo dos Afonsos. Os alemães construíram o campo de pouso de 80 mil metros
quadrados em Santa Cruz, onde edificaram um hangar de 270 metros de comprimento,
cinquenta de altura e outros cinquenta de largura. Recebeu o nome de aeroporto
Bartolomeu de Gusmão, atual Base Aérea de Santa Cruz. No local instalaram-se,
ainda, uma fábrica de hidrogênio para abastecer os dirigíveis e uma linha
ferroviária, ligando-o à estação D. Pedro II.
Passagem da viagem, em
um Zeppelin, feita em 1933 pelo Sr. William Nordschild, proprietário da famosa “Casa
Moderna”, situada na Rua Tonelero nº 138, obra do arquiteto Gregori
Warchavchik.
Foto enviada pela Cristina Pedroso. O Zeppelin
está nas imediações do Mercado Municipal da Praça XV. A cúpula parece ser a da
Estação das Barcas. Vemos os seguintes anúncios: "Empréstimos a
juros", "Chopp da Brahma", "Cerveja Fidalga Malzbier"
e "Brahma Porter".
Foto do livro “O Rio pelo alto”. O Zeppelin na
altura da Pedra do Inhangá, em Copacabana.
Esse aí é o Graf
Zeppelin - LZ127. Ele é mais alongado, a cauda termina em ponta e a gôndola
abriga a cabine de comando e de passageiros. As chegadas do Zeppelin eram um acontecimento e tanto.
Zeppelin na Praia do
Flamengo. O edifício da direita, o que se situa na esquina
com Correia Dutra, acho que foi o primeiro edifício a ser construído na Praia
do Flamengo. O edifício da esquerda
parece ser o Ed. Seabra, vulgo Dakotta.
E terminamos com belas fotos coloridas do interior do Zeppelin, garimpadas pelo desaparecido Derani (provavelmente está no Catar assistindo à Copa do Mundo).
Para os interessados: O Zeppelin tinha 213 m de comprimento, 5 motores, transportava 24 passageiros e cerca de 45 tripulantes e um volume de 105.000 m³, sendo o maior dirigível da história até a data de sua construção em 1928. Sua estrutura era baseada numa carcaça de alumínio, revestida por uma tela recoberta por lona de algodão, pintada com tinta prata, para absorver o calor. Dentro dela, existiam 60 pequenos balões inflados com gás hidrogênio, juntamente com os seus 5 motores Maybach, com 12 cilindros, desenvolvendo até 550 HP (máximo) cada, alimentados com um combustível leve, o Blau Gas e gasolina, que o mantinham no ar, a uma velocidade de até 128 km por hora. Tinha capacidade de carga para até 62 toneladas.
Quem observava de fora a silhueta elegante e inconfundível do Graf Zeppelin, não imaginava o conforto que a gôndola proporcionava para os passageiros. Possuía banheiros, sala de jantar e estar, cozinha, e salas de rádio e navegação. O Graf Zeppelin, contava ainda com 10 camarotes, com dois beliches cada um, que confirmavam a fama de "hotel voador". A passagem, na época, custava 6.590 réis. Não era permitido fumar a bordo durante toda a viagem. Era verificado no embarque se nenhum passageiro portava isqueiros ou fósforos.
Os números da obra para a construção do aeroporto em uma área de cerca de 80.000 m², doada pelo Ministério da Agricultura, no bairro de Santa Cruz, eram faraônicas: o hangar, assentado sobre 560 estacas de sustentação, media 270 m de comprimento e tinha 52 m de largura interna, todo ele construído com peças de aço trazidas semiprontas por navio desde a Alemanha. O vão livre central tinha 70 m. Os portões, em ambas as extremidades, eram constituídos de duas folhas. O portão principal, no setor Sul, podia ser aberto em apenas seis minutos, com o auxílio de motores elétricos. Tudo isso já estimando a sua utilização para a operação do Hindenburg D-LZ129, de dimensões ainda mais extravagantes do que as do já extraordinário Graf Zeppelin.
Cerca de 5.000 homens trabalharam alternadamente na construção do complexo aeroviário do hangar. Um terço da mão de obra era de origem alemã. O brasileiro Augusto Mouzinho Filho, que esteve presente desde o início das obras e durante todo o tempo em que o Zeppelin frequentou o Brasil, contava que a Luftschiffbau Zeppelin pagava um tostão para cada metro quadrado do terreno e 16 contos de réis para cada viagem que realizasse para o Rio. Uma espécie de taxa de utilização do aeroporto, estipulada de "pai para filho", e que servia para amortizar os 30.000 contos de réis que o governo havia adiantado à própria empresa, encarregada ela mesma de construir o hangar via Companhia Construtora Nacional Condor.
As novas instalações previam ainda a construção de uma usina com capacidade de produzir 3.000 m³ de hidrogênio por dia, além de depósitos de gasolina e óleo, mastro de amarração e outras instalações. No ano seguinte, graças aos recursos financeiros liberados pelo governo brasileiro, somados à preciosa tecnologia alemã, o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, como seria batizado, em Santa Cruz, estava praticamente concluído. No momento do pouso, mais de uma centena de homens postavam-se disciplinadamente espalhados pelo terreno, aguardando ansiosamente pelo momento em que os cabos de bordo fossem lançados. A proa era então atracada a uma torre de amarração telescópica de até 21,5 m de altura e a popa era engatada em um carro gôndola, que trazia o dirigível para o interior do hangar, onde então os passageiros podiam desembarcar em total segurança.
Original: http://aeromagazine.uol.com.br/artigo/a-memoravel-passagem-do-zeppelin-pelo-brasil_737.html#ixzz4VudeFkqf
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Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirAula excepcional. Só tenho pena do JBAN se esvaindo em sangue...
Uma perda lamentável o acidente do Hindenburg. Anos depois os dirigíveis passaram a usar hélio, bem mas estável, mas o estrago já tinha sido feito. Atualmente praticamente só vemos dirigíveis em ações de marketing. Há alguns anos um dirigível esteve passeando pelos céus cariocas (cheguei a fotografar) e acabou sofrendo um acidente em uma noite de ventania, quando estava atracado. Fora o dirigível da Benedita há vinte anos.
Acompanharei os comentários.
Uma maravilha de se ver, mas o custo-benefício de transportar tão poucos passageiros devia ser inviável.
ResponderExcluirMas ver o Rio dos anos 30 do alto deve ter sido uma maravilha.
Na verdade havia um salão, ou melhor, uma sala para fumantes, a bordo do Zeppelin. A sala de fumantes era mantida a uma pressão mais alta do que o resto do dirigível para que nenhum vazamento de hidrogênio pudesse entrar na sala, que era separada do resto da seção de passageiros por uma câmara com porta dupla.
ResponderExcluirA sala para fumantes era vigiada o tempo todo por um membro da equipe do Zeppelin e apenas um isqueiro elétrico era fornecido; nenhum fósforo, isqueiro ou outras fontes de chamas eram permitidos em qualquer lugar do dirigível.
Na realidade, a pressurização da sala de fumantes era tanto para propaganda quanto para segurança. A sala de fumantes estava localizada no Convés B, no fundo do dirigível, e como o hidrogênio é mais leve que o ar, qualquer vazamento de gás teria escapado para cima.
O perigo real de fumar em um dirigível de hidrogênio - e a razão pela qual ele estava estritamente confinado à sala de fumantes monitorada full-time - era o risco de incêndio; se o menor fogo tivesse começado na seção de passageiros, poderia facilmente se espalhar para as células de gás acima, destruindo a nave. (O LZ129, Hindenburg, não "explodiu" em Nova Jersey em 1937; o hidrogênio não é explosivo e a velocidade e a ferocidade das chamas que consumiram o Hindenburg foram mais devidas a um produto químico que havia sido borrifado na superfície externa do dirigível para resistir às intempéries.)
A sala de fumantes era talvez a sala mais frequentada do dirigível, o que não é surpreendente em uma época em que tantas pessoas fumavam, mas sua popularidade sem dúvida aumentou porque era também o local do bar do Zeppelin.
O Rio de Janeiro dos anos 30 era uma visão bem mais agradável do que a atual, sem contar que uma viagem naquele tempo era bem menos arriscada para os passageiros, apesar do risco de explosão sempre presente. No ano 2000 eu participei de um vôo em um dirigível que operava no Rio de Janeiro, e a sensação foi indescritível. O Rio de Janeiro visto de cima é belíssimo apesar dos problemas que são bem conhecidos, e eu tenho uma opinião que é compartilhada por muitos: a desgraça está "no res do chão". Humor negro à parte, durante o vôo eu perguntei ao piloto da aeronave sobre o risco dela ser atingida por um projétil de fuzil disparado de alguma favela. Segundo a sua explicação, o dirigível é propulsado pelo gás Hélio, mais leve do que o ar, e caso seja atingido por um projétil, levará cerca de três horas para atingir o solo.
ResponderExcluirUma vez li reportagem detalhada do Jornal do Brasil sobre a primeira viagem, pois, afinal de contas, o patrão Conde Pereira Carneiro foi um dos passageiros.
ResponderExcluirO hangar continua lá, firme e forte. Enquanto foi possível, ano 2.000, o meu tio que era mecânico veterano de guerra da FAB, compareceu ao local para as festividades da Aviação de Caça, dia 22 de abril.
Algumas teorias sobre a causa do acidente do Hindenburg davam conta de excesso de chumbo na pintura externa do dirigível ou eletricidade estática na hora da atracação. Acredito que também tenha havido alguma teoria de sabotagem, dada a época do acidente.
ResponderExcluirO hangar do dirigível em Santa Cruz é impressionante. O caminho é ir pela Av Brasil até o final, na verdade um pouco antes do final mesmo, passar da entrada da Rio-Santos e, logo depois, pegar a agulha do retorno e entrar para o centro do bairro.
ResponderExcluirA quinta foto foi publicada pelo Decourt. É mais uma das fantásticas fotos de Ferreira Júnior, enviadas por seu afilhado Sidney Paredes.
ResponderExcluirConta o Paredes: "É a única foto que conheço, explorando o embarque/desembarque do Zeppelin e revelando detalhes da cabine de comando, das janelas com seu ar doméstico e do interior do grande dirigível.
Permitam-me revelar o meu orgulho, como afilhado de Ferreira Júnior, pelos elogios de tantos leitores à qualidade do seu trabalho, que eu intuía, mas que, agora, posso confirmar, pelo depoimento de pessoas que realmente entendem da matéria.
Onde quer que esteja, que o espírito do grande fotográfo sinta-se homenageado!".
Algumas curiosidades sobre os zepelins, obtidas da Wikipedia, o pai moderno dos burros:
ResponderExcluir1) LZ é abreviação de Luftschiff Zeppelin, que pode ser traduzido livremente por "dirigível Zeppelin".
2) o Graf Zeppelin tinha o código LZ-127 e o Hindenburg era o LZ-129. Mas o primeiro zepelin tinha o código LZ-1. Será que foram construídos tantos assim?
3) o LZ-1 fez seu voo inaugural em 2 de julho de 1900 e atingiu a impressionante velocidade de 21,6 km/h.
4) os zepelins só foram construídos graças aos incansáveis esforços do Conde Ferdinand von Zeppelin. Em alemão, "conde" é "Graf", daí o nome dado ao LZ-127, Graf Zeppelin.
5) os zepelins fizeram seus primeiros voos comerciais em 1910, pela DELAG (Deutsche Luftschifffahrts Aktiengesellschaft), a primeira companhia aérea do mundo em serviço comercial.
6) o pináculo existente no topo do Empire State Building foi previsto para servir de mastro de atracação aos zepelins, porém os ventos comuns na área impediram seu uso.
7) atualmente, o único mastro de atracação ainda existente no mundo está localizado em Recife. Fica no bairro de Jiquiá e é conhecido como Torre do Zeppelin.
As fotos do interior do dirigível são magníficas.
ResponderExcluirO grande mapa em uma das paredes do que parecer ser uma sala de estar(fotos 8 e 9) mostra as rotas do dirigível para as Américas e África do Sul.
ResponderExcluirAlguns projetos não saem do papel, mas mantém o seu número e isso pode ter acontecido com alguns dos Zeppelins projetados.
ResponderExcluirViajar em dirigíveis era um prazer reservado para alguns poucos. Apesar da Europa estar saindo de uma grande depressão, dinheiro nunca faltou para essa classe de privilegiados, dos quais nenhum devia ser brasileiro.
ResponderExcluirBelo post. Imagino que era silencioso o motor e que, ao cruzar o Oceano, o Zepellin não atingia grande altitude. Gostaria de visitar o Campo dos Afonsos. Lá tem um museu também, certo?
ResponderExcluirSim, tem o Museu Aeroespacial. O local fica entre os bairros de Marechal Hermes, Vila Militar e Vila Valqueire. Uma dica para quem vem da Barra é pegar a Transolímpica e descer em Sulacap.
ExcluirSobre a foto enviada pela Cristina Pedroso, há uma propaganda acima da com os produtos da Brahma mas está bem ilegível.
ResponderExcluirDos produtos da Brahma, só não vendíamos o Chopp em barril. A Malzbier, mas não Fidalga, para alguns recomendada para gestantes, e a Porter, escura, com a garrafa de 300ml com o preço da cerveja de garrafa normal de 600ml.
Bom Dia ! Lembro que de uma vez passada que se falou de zeppelin ,comentei que tinha visto um quando criança passando. Eu devia ter uns três anos,fui chamar minha Mãe para ver,mas quando voltamos ao quintal o "bichinho " já tinha passado. Então olhando para a direção em que que ele ia, vi em um morro uma pedra que me pareceu ser ele ,e tinha sido ali que ele pousou. A pedra continua lá no topo do morro mas com o "mar" de edifícios que surgiram em volta de onde moro não dá mais para vê-la do quintal, agora só subindo na lage. Na ocasião o JBAN disse que o que eu tinha visto não foi o Zeppelin e sim a versão Americana.
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