Inaugurado em 1820 para sediar a primeira Praça de Comércio do Rio de Janeiro, muito pouco durou o que era então uma espécie de Bolsa de Valores da época naquele local. Decorridos quatro anos, já no contexto do Brasil independente de Portugal, foi transformado por D. Pedro I em Alfândega, que assim funcionou até 1944.
Encomendado em 1819 por D. João VI a Grandjean de Montigny, arquiteto da Missão Artística Francesa, a obra em si é um documento histórico importante. Trata-se do primeiro registro do estilo neoclássico no Rio de Janeiro, tendência que viria então a popularizar-se, dando à cidade, marcada por suas casas coloniais, um tom mais cosmopolita, à moda europeia.
Em 1938 o prédio foi tombado pelo Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — atual IPHAN.
Esta foto é do ano de 1944.
Como última utilização antes de tornar-se a Casa França-Brasil, foi sede do II Tribunal do Júri, entre 1956 e 1978.
Esta obra de Montigny passou por diferentes usos, sendo que em 1946 chegou-se a pensar na sua demolição, segundo noticiou o “Correio da Manhã”: “O Ministro da Fazenda encaminhou ao da Viação, solicitando o seu pronunciamento, o processo em que a Prefeitura do Distrito Federal trata da demolição do antigo prédio da Alfândega no Rio, onde funcionam diversas repartições subordinadas àquela Secretaria do Estado”.
Em 1949 o Serviço de Subsistência da Marinha ocupou suas instalações.
O “Correio da Manhã” escrevia que “a guerra tinha acabado há nove anos. Não havia mais Eixo, e os ditos súditos, então considerados inimigos, já não o eram. Mas sobre os seus bens e valores incidia interminavelmente o confisco. Não se atava, nem se desatava. Para solucionar o caso compôs-se uma comissão. Foi ela, e o fatos o comprovam, um primor de inércia e burocracia. Por isso mesmo, absolutamente inútil.”
Em 1984 a atual vocação da Casa França-Brasil começou a ser traçada. O antropólogo Darcy Ribeiro, então Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, combinou recursos brasileiros e franceses no ano seguinte para restaurar a construção e resgatar as linhas arquitetônicas originais projetadas por Montigny. As etapas para a criação do centro cultural e o trabalho de restauração atravessaram a década de 1980.
Em 29 de março de 1990,
foi inaugurada a Casa França-Brasil.
Na foto 2, um provável táxi Chevrolet 1941 faz uma pausa para almoçar nas redondezas, as sombras quase inexistentes até fizeram meu estômago se mexer.
ResponderExcluirNa foto 3, já nos anos 70, um vetusto Pontiac 1952, inconfundível com seu friso alado, embora fosse um nome de chefe índio, empresta alguma solenidade ao espaço, dividido com um Itamaraty e um Fusca 1300.
E, finalmente, no estacionamento da Candelária, um Bel-Air 1858, de seis cilindros dá uma graça ao sábado vazio, na hora do almoço. Melhor eu tratar do café.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirHoje o dia é corrido e chuvoso.
Estive algumas vezes na Casa França-Brasil para ver exposições. Salvo engano uma delas sobre Debret ou outro artista francês.
Volto mais tarde.
A chamada "Alfândega" faz parte atualmente da Receita Federal do Brasil, cuja estrutura é bem mais complexa. Essa reestruturação ocorreu em 1968/69. No prédio da foto funcionava o gabinete do "Guarda-Mor", chefe dessa instituição que era subordinada ao Ministério da Fazenda. ## A foto citada não é de 1944 e sim dos anos 60. Vide o Fusca e o Aero-Willys que aparecem na foto.
ResponderExcluirO texto se refere à foto de cima, com a obra ao lado (ou em frente), mas dá mesmo margem a confusão.
ExcluirJoel, a foto 2 é de 1944. É a ela que se refere a legenda.
ExcluirFato curioso. No almoço de inauguração da Casa França Brasil estava a alta diretoria da Rhodia, principal patrocinadora. Almoço prolongado e nada de Darcy Ribeiro exaltar a patrocinadora, como previsto no roteiro. Após algumas doses e bilhetes de lembrança , Darcy se empolga e propõe seja posta sob a rotunda uma rodoro dourada de 4 metros para lembrar de tantas alegrias que a Rhodia já proporcionara aos cariocas, culminando com esse patrocínio. Risos e aplausos algo perplexos.
ResponderExcluirNa história, creio que o prédio aparece na pintura de Leandro Joaquim com baleias nadando na baia da Guanabara.
Dentre os espaços culturais do Centro a Casa França-Brasil é o que menos me atrai. Acho o interior frio e sem alma.
ResponderExcluirBom Dia! Amanhã estarei lendo o que escreverem hoje.
ResponderExcluirMais uma jóia histórica da cidade que se salvou das marretas vorazes do "progresso". Até a década de oitenta havia uma sanha para se jogar prédios e monumentos históricos no chão. Seria algum desejo incontrolável de nos livrar do passado numa época que o país crescia velozmente? Só Freud explica...
ResponderExcluirE a chuvinha não pára, segundo o RJTV deve render água até sexta feira, provavelmente com rescaldos para o Natal.
Luiz, tem como pedir ao Dieckman para comentar a última foto? Acho que o carro em primeiro plano, placa 10-12-37, é um Borgward. Ao lado, um inglês. Parece haver Studebaker, Hudson, Fiat, Dodge, Nash, Fraser, além dos Chevrolet de sempre.
ResponderExcluirA identificação do SDR, a seguir, está correta. O carro da placa 10-12-37 é um Renault Frégate, um fracasso por aqui, pois não tinha motor, de 2 litros - uns 70 HP, para segurar o peso todo. E a turma estava acostumada a botar uma prise no Chevrolet e ir até Friburgo, passando segunda só em uma curva ou outra. O preto, ao lado do Frégate, era o Singer 1500, ainda pior de motor, 52 HP, mas vendeu bem melhor porque os ingleses tinham que vender de verdade. Ou morriam de fome.
ExcluirSobre a última foto obiscoitomolhado já se manifestou anteriormente: Partindo do cantinho, aparece uma pontinha de Pontiac 50-51, só ele tinha aquele sobre-parachoques. Depois, um Renault Frégate, um Singer, um De Soto Diplomat e um Fiat 1100 ou Simca 8, todos 50-51, exceto o De Soto, que é só 51. Depois, vem Nash cinza, Studebaker, preto, Kaiser metalicão, Morris Oxford preto - escondidinho, mas eu peguei e um Austin A-40, os demais estão difíceis. Na linha de cá, dá para reconhecer um Citroën 11-BL, pós 47. Lá no fundo um Volkswagen bem velho repousa entre dois inglesinhos. Ver o bonde passando sossegado me faz bem, enquanto o caminhão Ford 1948 deve estar retirando as importações. A predominância de carros pretos é notável.
ResponderExcluirAo analisar as fotos em tempos diferentes pode-se observar alguns aspectos do entorno e da gigantesca diferença em relação aos tempos atuais. A última foto é dos anos 50 e sugere uma frenética atividade no local, e a quantidade de carros estacionados sugere isso. Havia um "entra e sai" de funcionários e despachantes durante todo o dia. Meu avô, que alternava sua atividade entre "o Cais do Porto e o Galeão, contava que ocasionalmente ia à sede da Alfândega para resolver problemas referentes à sua rotina de trabalho. A penúltima foto é dos anos 70 e mostra um grande vazio, e o prédio do então II Tribunal do Júri está em evidência. Vale destacar a simplicidade das instalações judiciárias de uma época em que o judiciário era composto de seres "de carne e osso" desprovidos de qualquer "aura de divindade, e as dependências judiciárias eram adequadas à espécie humana".
ResponderExcluirJá fui a Casa-França Brasil, a última uma exposição onde tinha aviões antigos.
ResponderExcluirE ainda de quebra tinha uma faixa com os seguintes dizeres:
"C. nunca teve ideia de como abordar sexualmente seu ex-professor de economia e atual prefeito e amarga até hoje sua vida homossexual solitário"
Essa faixa estava bem próxima da Casa França-Brasil e foi no ano de 2015.
De quem será que ele estava falando?
Hélio, agradeço a ajuda sobre o itinerário do bonde sobre a primeira romaria ao Cristo Redentor realizada pela Paróquia de Inhaúma.
Segue o link caso alguém tenha interesse
https://historiasdeinhauma.blogspot.com/2022/12/primeira-romaria-ao-cristo-redentor.html?m=1
Vi fotos do interior desse prédio e até achei mais interessante que o exterior.
ResponderExcluirMas realmente fica um grande vazio, quando sem algum evento.
Bem Brasil de uma "bolsa de valores" ficou sendo cabide de funcionários públicos.
ResponderExcluirBoa tarde Saudosistas. Conheci o prédio antes da reforma dos anos 80, me intrigava a época a razão do prédio estar sempre fechado, sem qualquer destinação. Depois da reforma quando se transformou em Centro Cultural, fui a diversos eventos lá, mas o melhor deles foi um evento da Cozinha Francesa, onde quase todos os chefes Franceses que trabalhavam no Rio, colocaram barraquinhas com pratos típicos franceses, elaborados por estes chefes, acho que engordei uns 3 kg neste dia, comi de tudo em todas as barraquinhas, pães, queijos e pratos da cozinha francesa, lógico que eram pequenas porções com preços populares, uma pena que só se repetiu uma vez, mas em outro local, no prédio da atual Alfandega na Praça Mauá.
ResponderExcluirA penúltima foto é de 1971+ pelo Fusca a direita..O Chevy 58 era uma velharia Jurássica nessa época,não deve ter durado muito mais..
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