Voltamos a falar da Igrejinha de Copacabana para dirimir uma dúvida de muitos: “A Igrejinha foi demolida para a construção do Forte de Copacabana?”.
A resposta é “não”. E está descrita sob a penúltima foto, num texto do prezado M. Zierer, a quem o "SDR" agradece.
Como conta Julia ´Donnell em “A invenção de Copacabana”, desde o século XVIII havia notícia da capela de
N.S. de Copacabana, que reunia romeiros de diversas partes da cidade. Era uma atração,
especialmente nos dias 13 de setembro, festa da padroeira. Para tais ocasiões,
a Igrejinha contava com uma casa para romeiros que, ao lado das choupanas de
pescadores, foi uma das poucas edificações no distante areal.
Acho que a foto é de 1912, época em que a Igrejinha de Copacabana estava sob administração do Almirante Guillobel, provedor, Dr. Eduardo França, vice-provedor, e Mme. Eduardo França, provedora.
O fundador da primeira ermida e a data em que foi edificada ficaram perdidos no tempo.
Sabe-se apenas que era antiquíssima. Já em 1732 o bispo Frei Antônio de
Guadalupe, estando a ermida em ruínas, ordenava consertos no telhado, paredes e
alpendres.
Foto de Marc Ferrez, de 1900.
Em 1910, quando um eminente pensador católico, o Abade Gaffre, esteve no Rio, disse que "jamais um templo, uma igreja, me deu, como essa,
tamanha impressão de paz, de serenidade e poesia. Que órgão mais solene, mais
imponente, do que dia e noite, sem cessar, o envolvia com sua selvagem melodia!
O marulhar do oceano ouvido do seu interior silencioso! Quantas vezes não
penetrei nela para ouvi-lo como se ele fosse a própria voz de Deus?".
Uma de suas palestras mais aplaudidas foi "Como deve ser a mulher no mundo para desempenhar seu papel social". Em 1912 escreveu um livro chamado "Visions du Brésil".
A seguir temos o texto do M. Zierer "Para desfazer um mito,
pois o Forte de Copacabana não foi construído no local onde estava a antiga
igreja.
Quem teve a "genial" ideia de demolir a antiga Igrejinha do Posto 6?
A demolição foi péssima, e foi uma decisão do Exército. É preciso entender que o Forte de Copacabana não ficava localizado onde estava a antiga Igrejinha do Posto 6.
O Forte de Copacabana foi construído mais adiante, na extremidade do promontório rochoso que avança em direção ao mar.
O Forte de Copacabana e a Igreja coexistiram por alguns anos (ver a foto para compreender). O Forte teve sua construção iniciada em janeiro de 1908 e foi inaugurado em setembro de 1914.
O que aconteceu é que o Exército tinha necessidade de espaço para construir alojamentos e instalações de apoio para a guarnição do Forte de Copacabana. Também havia a possibilidade dos disparos dos grandes canhões Krupp de 305mm provocarem o abalo da estrutura da antiga igreja, o que a tornaria insegura para a população.
Assim, o Exército adquiriu as terras da igrejinha junto à Mitra e mandou demolir a igreja em 1918. Além da necessidade de mais espaço para o quartel, infelizmente também não havia naquela época uma mentalidade de preservação do patrimônio histórico.
A Igreja era um marco de origem do bairro e o sentido do nome Copacabana, pois era nela que repousava a imagem da virgem Nossa Senhora de Copacabana, de origem boliviana e que foi trazida e instalada ali por pescadores.
Já o Forte de Copacabana foi construído numa época em que as eventuais invasões pelo mar já não aconteciam. Um elefante branco, que se tornou obsoleto em poucos anos e com um custo alto e desnecessário.
A demolição da Igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana no Posto 6 foi mais um episódio lamentável, porém recorrente, em uma cidade que foi capaz de demolir até mesmo o seu local histórico de fundação, o Morro do Castelo.
(Foto do disparo dos canhões de 305 mm do Forte de Copacabana ainda com a Igrejinha de pé em 1916)
Foto de uma família frequentadora da Igrejinha.
Na época da demolição o jornal "A
Cidade" disse: "Copacabana vai perder a sua poética igrejinha porque Marte,
como Júpiter tonante, cheio de vontades assim o exige. Que os reliquiaristas
recolham as lendas romanescas do pobre santuário, erguido muito próximo das
ondas e um pouco distante dos homens, quando, outr´ora, no dobrar dos anos,
conservavam n´alma - repleta de suave misticismo - a ilusão das primeiras
crenças" (24/04/1918).
Bom Dia ! Vou acompanhar os comentários, por certo será mais uma aula de Rio de Janeiro.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirDia para aprender mais e acompanhar os comentários.
Ótimo esclarecimento.
ResponderExcluirEu achava que a igreja tivesse sido demolida para a construção do forte.
Lembro dos avisos para deixar as janelas abertas nos dias de disparo dos canhões. Aliás, gastos inúteis com essas balas. Quem iria nos atacar em meados do século XX?
Gastos inúteis do Exército vem de longa data. Sempre contra um "inimigo" imaginário para justificar os tais gastos e utilizar a força em prol de alguns grupos; que, no final, é utilizado contra o próprio povo.
ExcluirEsse forte nunca foi usado contra o inimigo. Chegou um momento que nem treino podiam fazer pelo que causavam as casas de Copacabana.
ExcluirMas o forte de Copacabana fazia parte de toda uma idéia de defender o DF, laje, leme, santa cruz...e Copacabana.
Os gastos do Exército Brasileiro não podem ser irresponsavelmente classificados como "inúteis" segundo seu comentário. Os inimigos não são imaginários e sim ocultos (nem tanto). Em razão disso as Forças Armadas estão sempre em alerta, e para isso nenhum gasto é irresponsável!
ExcluirO respeito de um País está diretamente ligado ao poder das suas forças armadas, infelizmente as forças armadas do Brasil, estão mal aparelhadas, mal treinadas e o pior, com um estado maior mal qualificado.
ExcluirNão impomos respeito a ninguém, a tal ponto da Bolívia ter tomado na mão grande a nossa refinaria e ainda aumentado o preço do gás que vendiam ao País, e não houve nenhuma reação por parte do nosso governo e da população.
Se alguém acha que isso não é verdade, me respondam porque ninguém reage ao gov. da Coreia do Norte, a Rússia, Índia, Paquistão, e a qualquer País que possua bomba atômica.
Você está enganado no que diz respeito à capacidade material e operacional das Forças Armadas, Lino. As Forças Armadas brasileiras são a segunda mais poderosa das Américas, só sendo superadas obviamente pelas Forças Armadas Norte-americanas. Os equipamentos são de primeira linha em todos os sentidos, sendo inclusive referência em blindados médios. Os blindados Urutu e Cascavel são exportados para diversos países de primeiro mundo. O treinamento e a capacitação são excelentes. Quanto ao caso da refinaria expropriada por Evo Morales, a "inação" do Exército e a sua consequente reação não ocorreu por "razões políticas" que não cabem neste comentário, pois desde aquela época há fortes interesses "não tão ocultos atualmente" em sucatear as Forças Armadas e diminuir substancialmente sua importância, sua operacionalidade, e principalmente o seu papel como "Instituição de Estado".
ExcluirEssa "igrejinha" não era tão "inha" assim. Pensei que fosse mais parecida com uma capela.
ResponderExcluirPosso estar delirando, mas caso não existisse o forte, imagina hoje essa igreja em pleno funcionamento, tendo uma grande festa e o local lotado de pessoas. Será que não teriam vários acidentes?
ResponderExcluirComo bem disse Nelson Rodrigues, "A unanimidade é burra". É verdade que poderia haver um risco de abalo na estrutura da Igrejinha, e essa decisão foi obviamente técnica. A partir de 1889 o Exército Brasileiro passou a ter uma participação mais efetiva na vida pública brasileira. O Século XX foi permeado de fatos nos quais a participação do Exército foi marcante e decisiva. Isso gerou um certo descontentamento de uma pequena parcela da população por razões não cabem nesse comentário, mas o fato é que tais sentimentos podem ser percebidos facilmente em blogs diversos, inclusive este. O Exército e as Forças Armadas são e serão sempre uma Instituição do Estado" e não de governo. "A chuva que molha o defunto molha também o carregador."
ResponderExcluirÉ preciso que os generais entendam que são uma instituição de "Estado". Nem sempre isto acontece e se transformam em instituição de "Governo", como vimos recentemente.
ResponderExcluirExatamente. No fim observou-se que não eram as escolas que tinham partido, mas sim as Forças Armadas...
ExcluirSe queres a paz, prepara-te para a guerra.
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