O jornal Beira-Mar, em 1935, derramou elogios sobre os “Apartamentos Ferrini” no recém-construído Edifício Ferrini, localizado na esquina da Rua Sá Ferreira com Avenida Atlântica. Tinha como endereço Rua Sá Ferreira nº 12, em Copacabana. Conforme as normas do Plano Agache havia um recuo no lado da Av. Atlântica, tal como o Ed. Guarujá, na Rua Constante Ramos. O Ferrini seria demolido em 1978.
O prédio se destacava por
suas linhas de estilo Renascimento Italiano, de bom gosto, meticuloso cuidado
em suas minúcias e a mais completa ordem de direção.
Na fachada do prédio duas
figuras romanas guardam em posição de sentido sua entrada. O hall, espelhando a
beleza de seus mármores, faz refletir flocos de luz branda sobre o baixo-relevo
que o separa do pátio, onde, num repuxo luminoso, peixes passeiam entre plantas
aquáticas.
Os pisos da galeria
térrea, em mosaico veneziano, são cercados de floreiras, que perfumam o
ambiente.
Tomando o elevador até o
5º andar. Da galeria circundada por jardineiras, olha-se para a área aberta que
deixava entrada livre à luz do sol, enchendo todos os lados internos do
edifício, de uma beleza calma que lembra um paraíso.
Entrando num apartamento
nota-se a discrição das cores dos papéis pintados, usados nas decorações
murais, os lustres, as guarnições, o soalho, tudo denotando distinção e bom gosto.
O tipo padrão de
apartamentos é: duas salas, três quartos, quarto completo de banho, casinha,
copa com geladeira, filtro, cofre embutido na parede, quarto para empregada,
com banheiro, área com tanque e condutor de lixo. Instalações internas de
antena de terra e força, com eliminador de ruídos (estática). De qualquer
apartamento se avista o mar.
Em todos os andares
aparelhamentos completos para extinção de incêndios. Nas galerias, perto da
porta do elevador, cinzeiros. Campainhas com funcionamento direto em todos os
pontos de entrada dos apartamentos. Telefones em todos os andares, ligados à
Gerência, para serviços internos.
O elevador só vai até o
5º andar, daí se acessa o terraço por uma escada. Encontram-se lá diversos
jogos de salão, balanços, bancos de jardim, cadeiras de vime com mesinhas,
vasos com plantas.
Detalhe da portaria do Edifício Ferrini.
Detalhe do hall de entrada do Ed. Ferrini
Detalhe do pátio interno do Ed. Ferrini.
Anúncio do "Correio da Manhã" de 1935
Nesta foto vemos a esquina da Sá Ferreira com Av. Atlântica, tendo, à esquerda, o Hotel Miramar e, à direita, o Posto Texaco que foi instalado, provavelmente no início dos anos 50, no terreno do Edifício Ferrini, que aparece atrás do posto de gasolina.
Foto do Edifício Ferrini em seus últimos dias. Em 1975 o prédio foi
vendido à Veplan e desocupado por volta do final de 1977, quando foi
rapidamente posto ao chão, certamente com medo de algum protesto por
tombamento. Talvez para a época fosse apenas mais um prédio velho no
bairro, pois por muito pouco o Guarujá não teve o mesmo destino, evitado por
uma disputa entre herdeiros e finalmente salvo em 1989, quando foi tombado junto
com muitos prédios dos anos 20, 30 e 40 em Copacabana.
Não imaginava que já na década de 1930 houvesse um edifício assim tão luxuoso em Copacabana.
ResponderExcluirO recuo determinado pelo plano Agache era uma solução interessante para não fazer sombra na praia.
Acho que não haver uma certa padronização de estilos tornou a orla num salve-se quem puder.
Aquele hotel do posto 5, de um arquiteto famoso, é muito feio.
Alguns prédios altíssimos também destoam.
Mas o que vale é $$$$$.
Também acho a fachada do Hotel Emiliano destoante e muito feia.
ExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirFigura fácil em fotos de Copacabana. A década de 70 foi literalmente devastadora para a arquitetura carioca.
Ficarei acompanhando os comentários.
PS: sobre a postagem de ontem, o site www.ccsq.org.br tem informações sobre o SESC Quitandinha, transformado em centro cultural.
Postagem de domingo. É a força do hábito...
ExcluirQuantos apartamentos tinha esse prédio? Eram todos os apartamentos voltados para locação ou também eram oferecidos para venda? O que chama a atenção no anúncio publicado em jornal da época é o detalhe: "para famílias de fino trato". O que significava para a sociedade da época "fino trato?" A esse prédio belíssimo e construído com requintes de luxo faltava o que seria atualmente um transtorno: a inexistência de vagas para veículos, o que faria com que o Edifício Ferrini fosse um "elefante branco". Além disso a quantidade de banheiros era insuficiente para um imóvel daquele porte.
ResponderExcluirEm um passado recente não se alugava imóveis para qualquer um. As administradoras eram bastante criteriosas, e em alguns casos verificavam até a "folha corrida de candidatos . Às Delegacias Distritais era solicitado o "atestado de bons antecedentes", e se nele houvesse uma única ocorrência policial, a ficha do candidato era reprovada. Que diferença dos dias atuais, onde diante de leis penais decadentes e ridículas criminosos contumazes colecionam dezenas de "passagens" sem nenhuma condenação, o que de acordo com as regras atuais, os torna "cidadãos respeitáveis".
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirNa descrição do apartamento no texto:
" ... quarto completo de banho, casinha, copa ...".
Casinha? O que poderia ser?
O termo era usado para banheiro externo às casas, mas aqui não faz sentido.
Será que um compartimento separado para o vaso sanitário dentro do "quarto de banho" ?
ExcluirEu acreditaria mais em erro de grafia. Não seria "cosinha", com a grafia da época?
ExcluirMas posso estar errado.
Você está certíssimo Augusto.
ExcluirAté pela posição na descrição, imediatamente antes de "copa com geladeira", deve ser cosinha mesmo.
O anúncio é anterior à reforma ortográfica de 1943.
ExcluirO Brasil já mudou de regras gramaticais 4 vezes! Na última, aboliu-se o trema, eliminou-se alguns acentos, etc. Os defensores dizem que era para alinhar com Portugal, Angola, Cabo Verde, e outros países lusófonos. Pra mim, foram mudanças para pior. Preocupa-me o que virá na próxima....
ExcluirLi em algum lugar que o Ferrini era de um único proprietário e que este alugava os outros apartamentos.
ResponderExcluirTendo em vista as dimensões do prédio, o número de empregados devia ser grande e em razão disso fica uma pergunta: havia um condomínio edilício instalado? Em caso negativo, como eram divididas as despesas entre os moradores? O valor era proporcional à área do imóvel? Certamente as "pessoas de fino trato" eram "abonadas", já que naquele tempo "850 Mil Réis" era uma uma quantia considerável.
ResponderExcluirEsse edifício e o Guarujá eram uns dos poucos que respeitavam o recuo do Plano Agache. Tratava-se de não sombrear a praia. Ferrini fez o posto depois e o Guarujá tinha um bar e depois conseguiram fazer um prédio.
ResponderExcluirO mais triste e que no Balneário Camboriú tiveram o mesmo problema de sombra na areia. Resumindo, quase 100 anos depois governo e construtora fazem o que querem.
O que aconteceu em Camboriú é uma ode à estupidez: prédios altíssimos na beira da praia, sombra à 1 da tarde ...
ExcluirAliás, a infraestrutura é precária, não acompanhou nem de perto o crescimento que aconteceu já no final da década de 70.
Lugar a ser evitado.
A pergunta séria , como o Rio seria hoje respeitando o Plano Agache.
ResponderExcluirNo geral não sei, mas a Princesinha do Mar estaria bem menos triste, com o impacto daquela aparência de "muralha" à beira-mar bem menor.
ExcluirVontade de sentar naquele pátio interno, em um final de tarde, para um bate-papo ou para ler algum livro, com o som das ondas do mar ao longe.
ResponderExcluirEsse anônimo das 11:15h sou eu.
ExcluirMeu computador preferido teve pane e , coincidência (ou não?), logo após uma revisão "on line" que fiz na declaração do IR.
Para me identificar aqui tive que refazer o "entrar com endereço do Google" no lap top que passei a usar provisoriamente.
frequentei o Farrini com alguma requencia, pois um amigo, Gerardo, lá morava. Era um palácio deslumbrante. A coisa mais desagradável era o cheiro de gasolina que invadia o apto em dias de vento. Fora isso e a ausência de garagem, era um dos mais elegantes prédios que conheci. Um absurdo a febre de demolições que Copacabana foi alvo até a época dos tombamentos. Os prédios hoje demolidos seriam motivo de disputa .
ResponderExcluirFiquei pensando como deixaram construir um posto de gasolina no terreno do prédio, será que nessa época já estava em declínio ou pisaram na bola?
ExcluirBoa tarde Saudosistas. O prédio tinha uma beleza extraordinária, lembro dele na sua fase final de sobrevivência, já naquela época me incomodava a falta de consciência das autoridades e da sociedade com a não preservação de edificações com passado histórico ou relevante existentes na cidade. Ainda hoje no Centro da Cidade temos inúmeros prédios abandonados que tem uma história relevante, cujo o seu fim com certeza deverá ser a demolição.
ResponderExcluirMatéria muito interessante que saiu no jornal O Dia sobre fotos antigas de famílias que são descartadas no lixo.
ResponderExcluirLuiz, será que não teria a possibilidade de entrar em contato com o Rafael Cosme e fazer um parceria para poder publicar as várias fotos que ele tem?
https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2023/04/6623204-guardiao-de-memorias-pesquisador-viaja-pela-historia-do-rio-atraves-de-fotografias-resgatadas-do-lixo.html
https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2023/05/6623204-guardiao-de-memorias-pesquisador-viaja-pela-historia-do-rio-atraves-de-fotografias-resgatadas-do-lixo.html
Excluirlink correto
Luiz, já peço desculpas pela propaganda do meu blog.
ResponderExcluirAmigos,
O blog Histórias de Inhaúma vai sortear o livro da Dra. em História, Rachel Lima, sobre Inhaúma.
O livro se chama "SENHORES E POSSUIDORES: PROPRIEDADE, FAMÍLIAS E NEGÓCIOS DA TERRA NO RURAL CARIOCA OITOCENTISTA (INHAÚMA, 1830-1870)".
E para concorrer ao sorteio é muito fácil.
Só responder as 10 questões do questionário que está no link abaixo:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf6uis3Aqfzj4GlGn1ZGkijx1eyuc43rsmLllpJTj6aLemfuQ/viewform?fbclid=IwAR3DNxpAdcAN-fwHvom5zJs_UtuY8bXjAorWAf-eDtah77Y8DUy3-ORDuno
Caso queiram saber mais, acesse:
ResponderExcluirhttps://historiasdeinhauma.blogspot.com/2023/05/sorteio-do-livro-senhores-e-possuidores.html
FF: feito sorteio para as oitavas de final da Copa do Brasil. Teremos Fla X Flu como único confronto regional. O Botafogo pega o Athletico/PR. Outros confrontos: Bahia X Santos, Grêmio X Cruzeiro, Corinthians X Atlético/MG, Inter X América/MG, São Paulo X Sport, Fortaleza X Palmeiras. A sorte foi lançada. Pelo menos um carioca garantido na próxima fase. No máximo dois.
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