Os lotações, sempre lembrados pela turma de antigamente, faziam parte do folclore carioca. Hoje veremos alguns deles. Alguns chegam a dizer que as loucuras que os motorista das atuais vans não chegam nem perto das loucuras dos motoristas de lotações.
Esta fotografia mostra o panorama de Botafogo visto a partir do primeiro banco atrás do motorista de um lotação. À direita, em primeiro plano, o local onde eram depositadas as fichas para controle de pagamento. O lotação estava na Avenida Pasteur, no trecho onde fica a Policlínica de Botafogo.
Escrito no para-brisa dianteiro podemos ler parte do itinerário: Copacabana - Túnel Novo - Barata Ribeiro - Avenida - Mauá.
As fichas eram distribuídas pelo próprio motorista para controlar o número de passageiros pagantes.
Em destaque, ao fundo, o edifício Rajah. Como o lotação era de 20 passageiros, logo lotavam e faziam a viagem sem parar mais para pegar passageiros. Era um transporte rápido e eficiente.
Às vezes, os estudantes fazíamos um sinal com a mão espalmada para baixo, como se estivéssemos comprimindo algo para o chão, indicando que poderíamos ir agachados no corredor e alguns motoristas camaradas "quebravam o galho" e nos deixavam embarcar. Era o famoso "abaixadinho".
Outro sinal que se fazia era com os dedos, indicando o número de pessoas que precisavam embarcar. Como a maioria dos lotações respeitava a capacidade máxima, o motorista era avisado de quantos estavam querendo embarcar (pais e filhos, por exemplo).
O pequeno letreiro cuja caixa aparece ali à direita, sobre o painel depois do corrimão era o que informava se o lotação estava lotado.
Foto de 1957, enviada pelo Helio Ribeiro. Vemos um lotação da linha "Santa Alexandrina x Leme", na Rua Gustavo Sampaio, Leme, perto da Rua Anchieta. A foto é de 15/05/1957. Curiosamente o caminhão de lixo está estacionado na contra-mão. O caminhão que vem ao fundo é um Mack. E do lado direito, estacionado, um Chevrolet 51, por aí.
Mais uma fotografia enviada pelo Helio Ribeiro. Vemos um lotação da linha "Vaz Lobo x Candelária", tendo no vidro dianteiro parte do itinerário: Variante - Lobo Junior - Vic. de Carvalho. Destaques na foto a fila ordenada e o guarda de trânsito à direita, além, é claro, do próprio lotação. A pergunta é a de sempre: onde é?
Foto garimpada pelo Nickolas. Vemos o lotação Mauá-Copacabana na Av. Atlântica, bem em frente à casa onde funcionava a Cultura Inglesa (vizinha da TV Rio). Ao fundo podemos ver a cruz da antiga igrejinha de Copacabana, na Rua Francisco Otaviano.
Nesta fotografia, que mostra o trânsito na Glória, vemos dois coletivos cujas linhas eu usava muito: bem à esquerda um ônibus da linha "64 - Leopoldina-Leblon", que passava em frente do Colégio Santo Inácio e fazia o percurso até em frente de casa, na Rua Barata Ribeiro. O outro, bem ao lado do "64", um lotação da linha "Lins-Lagoa", que usava para ir ao Maracanã e que fazia o ponto final na subida da Curva do Calombo, na Lagoa. No centro da foto um lotação de modelo antigo, da linha "Castelo-Ipanema". A foto, de janeiro de 1960, é do acervo do Arquivo Nacional.
Entre os automóveis vemos um Buick Roadmaster na extrema esquerda, com sua grade característica. O Fusca tem pinta de final dos anos 50. O carro meio encoberto pelo fusca é um Cadilac, 1949. E atrás do Impala é um Mercury, do mesmo ano. Atrás do VW temos um Chevrolet Impala. A camionete DKW é 1957 Ao lado direito do Magyrus-Deutz é um Ford?
Lotação Penha-Meyer. Nosso prezado Mauroxará já deu uma aula sobre esta foto: "Esta foto foi feita no ponto final, depois de um aumento de passagens, que hoje se diria tarifa. Este carro é um Dodge com carroceria de 13 lugares. Era conservadissimo e tinha o numero 285.O seu proprietário era dono tambem de um ferro-velho e por isto nós o chamávamos de Ferro-Velho. Sendo menor que os demais,que tinham capacidade para 19 ou 20 passageiros, nós chamavamos este carro de "ganha-pouco".
Na mesma foto está atrás dele um Chevrolet com carroceria CIRB que tinha o número 613 e era dirigido pelo Jorge, que nós chamávamos de "Genipapo".
Esta linha era a segunda maior em número de carros (126). Só era menor que a Estrada de Ferro-Leblon, com 388 carros.
Os bons tempos da juventude me lembram os lotações. Roubar as fichinhas eram um desafio tão grande quanto encontrar um lugar vazio.
ResponderExcluirEram muito melhor que os ônibus. Conhecíamos os motoristas. Era estranho ver modelos diferentes de lotações na mesma linha.
De um dia para o outro desapareceram. Acho que foi quando surgiram os ônibus elétricos.
Absolutamente não lembro deles na avenida Atlântica. Lembro é dos Lins-Lagoa no ponto final perto da curva do Calombo.
Esse da foto da linha do Méier lembra uma ambulância.
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirNão peguei a época dos lotações, por isso não tenho parâmetros para comparação. Por um período pegava kombi no Rio Comprido saindo do trabalho para chegar na Central, obrigado pelo péssimo serviço de ônibus no local. Vans praticamente em época de greve dos ônibus também para ir trabalhar na Barra. As vans e kombis eram minha última opção. Ainda são.
Lembro pouco dos lotações, andei certamente algumas vezes com meus pais, minhas lembranças dos bondes e ônibus elétricos são muito maiores.
ResponderExcluirImpressiona o número de carros (388 !) da linha Estrada de Ferro-Leblon.
Estou fazendo alguns ônibus com interior e no momento faço a coletora de fichas igual a que aparece na foto 1. Ela tem 4cm de altura e é muito difícil com os recursos que disponho fazer a parte de cima onde eram colocadas as fichas ,mas se Deus permitir conseguirei. Na foto 3 o carro 1239, que durante algum tempo foi dirigido pelo "Zé do óculos" esta pegando a fila do ponto final que ficava em frente ao cinema Vaz Lobo. Na foto 4 O Magirus foi "esticado" recebeu mais 5 bancos e agora é um "micro-ônibus" Na foto 5 o carro que aparece de traseira e da Viação Glória , está na linha 133, Méier-Copacabana que pouco tempo depois passou a ser 455. Da foto 6 já foi dito quase tudo. O carro da foto 7 quando foram formadas as empresas ,o mesmo passou a ser da Viação Taninha.
ResponderExcluirA foto 3 muito provavelmente é de Vaz Lobo. Avenida Edgard Romero ou Vicente de Carvalho, ou alguma rua transversal. Os especialistas podem esclarecer melhor.
ResponderExcluirFiz o comentário acima sem ter visto o do Mauro. Se ele falou, está falado...
ExcluirEu tenho muitas lembrança dos lotações. Em uma delas, na época em que minha mãe lecionava em Jacarepaguá na Escola Augusto Cony e por vezes me levava junto, tomamos o lotação Encantado - Praça XV na Conde de Bonfim na esquina da Visconde de Figueiredo ainda de madrugada, e numa dessas vezes eu achei no assoalho do lotação uma nota de 50 Cruzeiros, daquelas de cor lilás com a efígie da Princesa Isabel. Eu não tinha noção do valor da nota, mas minha mãe disse que daria para comprar muitos sorvetes. Em outra situação, eu estava em um lotação no colo de minha mãe a caminho do consultório médico para "tirar os pontos" que levei no queixo em razão de uma queda. Na Rua Uruguaiana o lotação freiou bruscamente e meu rosto foi de encontro ao banco da frente. Resultado: o ferimento abriu e eu tive que levar novos pontos.
ResponderExcluirEstou na maior dúvida, mas arrisco dizer que poucos lotações usavam fichas. Eu peguei muita ficha, mas eram de ônibus e micro-ônibus. Vale dizer que estou errado, agradeço.
ResponderExcluirFOTO 2 - Um lotação REO e um Chevrolet 49-51 duas portas, bem raro. Mais atrás, um caminhão International K-5.
Foto 3 - O lotação GMC (Chevrolet com grade diferente) seguirá pela Variante, hoje Avenida Brasil. Não sei quando o nome mudou, mas é coisa dos anos 50.
Foto 4 - Um micro-ônibus Magyrus-Deutz (acho que era só Deutz, Magyrus era a escada de bombeiro); pelos letreiros arrisco dizer que é da mesma linha da Foto 1, o que reforça a minha tese de que lotação não tinha ficha. A seu lado passa um Renault 4CV, atrás dele vem um Standard Vanguard e, no sentido contrário um Skoda 1200 cinza e um Ford Taunus 12M branco.
Foto 5 - Os automóveis já foram identificados, mas ficou uma pergunta: o carro entre a camionete DKW-Universal e o Oldsmobile 59 (não é Impala) parece ser um Mercury 1949. Na outra mão, um Chevrolet 51. O Buick 47 deve ser Special; que eu saiba não faziam Roadmaster com essa carroceria.
Foto 6 - O lotação Dodge, dos anos 40, está nas últimas..., o Mauro Xará poderá me contestar.
Foto 7 - O lotação mais comum da praça, o Mercedes-Benz 312.
Havia alguns lotações que tinham fichas de cor diferente conforme a "seção" que percorriam. Os preços eram diferentes dependendo da extensão do trajeto do passageiro.
ExcluirA linha de lotações que mais usei foi a Largo do Machado-Ipanema. Era circular, sendo dividida em duas: uma via Botafogo e outra via Copacabana. Ponto final do Largo do Machado e volta pelo final de Ipanema, ambas via Lagoa.
ResponderExcluirTinha 20 carros, com número de matrícula com dezenas finais de 01 a 20. O carro de final 01 era um modelo igual o Magirus da foto 5. A de final 14 foi a primeira a se transformar num micro-ônibus. Mas havia outros modelos nesta linha. Não havia padronização.
Acho que alguns veículos eram de propriedade dos próprios motoristas.
Desde que passei a usar esta linha, por volta de 1961, já não havia 20 carros circulando, mas uns 16. Os de dezena de final par eram os "via Botafogo" e os de dezena final ímpar eram os "via Copacabana".
Cheguei a cronometrar quanto tempo levavam, perto da hora do almoço, para passarem duas vezes sob a janela de casa: pouco menos de uma hora para fazer o circuito. Certamente, neste horário, hoje em dia, levariam muito mais tempo. Só no trecho da Lagoa já perderiam mais de meia hora. O trânsito piorou muito.
Eu comecei a dirigir em 1972.
ExcluirDe lá para cá, em mais de 50 anos, dado que os túneis e o aterro já existiam, as grandes intervenções em termos de trânsito que me vêm à memória são as linhas vermelha e amarela e o implantação do (ridículo em termos de tamanho) metrô.
Considerando o enorme aumento do número de carros e ônibus em circulação no período, o final da história só podia ser mesmo o engarrafamento "permanente" que se instalou na cidade.
Gosto muito de carros e de dirigir, sempre tive; mas reconheço que o transporte individual (individual na acepção da palavra, o que mais vemos é só o motorista em cada carro) é absurdo.
Os grandes túneis, as linhas Vermelha e Amarela, e a Ponte Rio - Niterói, levam em um pequeno espaço de tempo muitos milhares de pessoas à Lagoa e à zona sul, os efeitos desastrosos dessa "invasão" há muito se fazem sentir, e o trânsito da Lagoa é um deles. Hoje em dia são comuns os "piqueniques" de moradores da Baixada Fluminense, de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, etc, nas areias de Copacabana, Ipanema, e Leblon. Não há carioca que resista à "avalanche de estaduanos"...
ExcluirA última intervenção viária de peso está completando sete anos. A Transolímpica, mesmo com pedágio, faz uma ligação rápida entre a Avenida Brasil na sua porção oeste e a região da Barra / Recreio, passando por Jacarepaguá.
ExcluirA prefeitura está começando uma grande intervenção na área de Campo Grande, incluindo uma ligação expressa com a Avenida Brasil e um mergulhão.
Sobre o comentário das 11:15, eu digo que transportar mais pessoas no carro é um despropósito aqui no Brasil. O desgaste do carro seria absurdo e a insegurança poderia ficar comprometida. Seria muita despesa.
ExcluirBom dia Saudosistas. Lembro de ter andado algumas vezes de lotação, sempre que ia a praia com os meus pais aos domingos, quando ia a alguma casa de parentes, mas no dia a dia o uso do bonde era o normal.
ResponderExcluirMinhas lembranças dos lotações são quase sumidas na memória, mas o sufoco nos pontos, aguardando junto com minha mãe um com o citado letreiro de "lotado" apagado, isso eu não esqueço.
ResponderExcluirNão tinha como incluir o trocador nesse tipo de veículo coletivo, mas dizem que no início até nos ônibus o motorista fazia a cobrança. Com o tempo acharam que era melhor incluir um auxiliar para trocar o dinheiro e facilitar para o motorista cobrar e assim perder menos tempo. Só depois o trocador passou a ser também o cobrador, provavelmente quando tiveram a ideia das fichas.
Ontem assisti num episódio da versão moderna do britânico Sherlock Holmes um personagem falando que americanos chamam de "carro" o vagão de metrô e de trem de passageiros. Será que também vem de lá o costume dos rodoviários brasileiros de chamarem o ônibus de "carro"? Acho que nos anos 40 e 50 muitos eram importados dos EUA.
Mauro Xará, tens uma tornearia? Deve ser difícil fazer o rasgo para as fichas no coletor.
ResponderExcluirTalvez terá que fazer com uma fresa. Fixar numa bancada e ver o melhor diam. da broca pra fazer o rasgo.
ExcluirPelo que vemos nos itinerários, mesmo depois de muitas outros logradouros nomeados avenidas, a antiga Avenida Central, muitas décadas depois de sua inauguração continuava sendo chamada como em seus primeiros anos: "Avenida". E só.
ResponderExcluirMe lembro do letreiro “LOTADO” mas não de ter pego lotação.
ResponderExcluirAchei peculiar que lotação tem o gênero masculino, talvez para diferenciar do significado da mesma palavra no gênero feminino???
Eu lembro quando pirralho de um ônibus cuja cabine do motorista ficava separada da dos passageiros, ocupando só o lado direito. Nunca mais vi esse tipo de ônibus, tenho dúvidas se foi realidade ou um sonho?
Lado direito de quem vai ou de quem vem?
ExcluirEra o ônibus apelidado de Camões.
"O lotação" pode ser resultado de alguma figura de linguagem, mas é só suposição.
ExcluirO Camões, famoso, era o 12, chamado pelos íntimos de Gosório (linha General Osório).
ExcluirAchei a foto do Gosório na internet, obrigado. O ônibus é tão diferente que até pensei que fosse imaginação, eu era bem pequenininho e só vi uma vez. Agora estou curioso mas não consigo achar até quando o Gosório circulou, alguém sabe?
ExcluirNão peguei essa época.
ResponderExcluirHahahahaha! Conta outra!
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