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terça-feira, 25 de julho de 2023

CIRCUITO DA BARRA


Conforme conta Paulo Scali em seu ótimo “Circuitos de Rua”, foi criado o “Circuito da Barra da Tijuca” em 1957, com a estreia da pista em 1958. Era um circuito de forma retangular, entre a praia e a lagoa, com quatro retões. A largada era próxima da atual igreja de São Francisco de Paula.

O então chamado “Trampolim do Pecado” recebeu provas automobilísticas até 1965. No ano seguinte, com a inauguração do autódromo de Jacarepaguá, terminariam as provas de rua no Rio.


As fotos a seguir são da "Manchete Esportiva". 

Foto de competição automobilística na Barra da Tijuca, em 1958, promovida pelo Automóvel Clube do Brasil. 

Foram três provas no mesmo dia. Na primeira, para veículos de até 2000 cm3  

Teve 5 competidores e o resultado foi contestado, sendo o vencedor desclassificado, o que gerou grande revolta na Imprensa.


Pilotos como Henrique Casini, Álvaro Varanda, Fritz D´Orey, Celso Barberis, Pinheiro Pires, Mario Olivetti, Chico Landi, Alvaro Varanda e Artur de Souza Costa participavam desses eventos. 


Na foto acima, de 1958, vemos um dos "S" do novo circuito da Barra da Tijuca sendo testado pelos corredores Henrique Casini, Euclides de Brito e o engenheiro Adolfo Aguiar. Casini está a bordo da "Maseratti" que adquiriu de Juan Fangio. 

Segundo reportagem da época, "graças aos esforços de Francisco Perdigão e sua equipe da Comissão Desportiva do Automóvel Clube do Brasil, os cariocas tiveram um novo circuito, o da Barra da Tijuca. 

A pista moderna, com 4800 metros, é toda pavimentada a concreto (Nota: esta informação não está correta, pois havia trechos com asfalto e paralelepípedos). Poderão alguns alegar que o lugar fica muito longe. Lembraremos que o acesso é fácil e o seu afastamento do centro é muito menor que o dos autódromos de Interlagos, de Buenos Aires e Indianápolis, mormente quando foram eles inaugurados". 

No alto da caixa d´água há um anúncio de "O Corsário" - seria uma boate da época? 


A última corrida da temporada de 1958 foi promovida pelo Automóvel Club do Brasil no circuito da Barra da Tijuca. O vencedor foi Fritz D´Orey, com média horária de 139,720 km/h. A seguir Alvaro Varanda, Henrique Casini, Sousa Costa, Landi e Pinheiro Pires.

No quesito "segurança" podemos ver que tudo era muito precário. Tanto para pilotos quanto para os assistentes.


O "rally" à Barra da Tijuca, realizado em 1958, teve o seguinte itinerário: partida da frente da Manchete, à Rua Frei Caneca nº 511, Rua Neri Pinheiro, Av. Presidente Vargas, Rua Uruguaiana, Largo da Carioca, Av. Almirante Barroso, Av. Rio Branco, Praça Paris, Praia do Russel, Praia do Flamengo, Av. Osvaldo Cruz, Praia de Botafogo, Túnel do Pasmado, Túnel Novo, Av. Princesa Isabel, Rua Min. Viveiros de Castro, Av. Prado Junior, Av. Atlântica, Rua Francisco Otaviano, Praia do Arpoador, Av. Vieira Souto, Av. Delfim Moreira, Av. Niemeyer, São Conrado, Estrada do Joá, Largo da Barra, Ponta da Barra, Circuito da Barra (seguindo em direção à praia), Av. Litorânea e contornando o circuito da Barra, sede do Copacabana Motor Clube, chegada. 

O controle técnico da prova, que teve por base a média horária de 40 km, foi exercido pela Comissão Esportiva do Automóvel Clube do Brasil, presidida pelo desportista Francisco Perdigão.

Pode-se observar, pelo itinerário, que o trecho em direção à praia da Av. Princesa Isabel ainda não chegava até à Av. Atlântica, como já comentamos várias vezes por aqui.

Convém ressaltar que "rally" é de regularidade, ou seja, tudo vai depender da dupla piloto/navegador que tem que levar o carro, do início ao fim do percurso, na velocidade média de 40km/h (no caso). Baseado nisso, no meio do percurso há (escondidos) diversos postos para verificar se o carro vai passar por alí no tempo certo, previamemte calculado.Não tem nada a ver com velocidade! Alguém poderia de Lambretta ganhar um "rally" em que participasse um Ferrari.

O último trecho de um "rally" de regularidade normalmente é neutralizado e não tem posto de controle. Os carros tem apenas o horário máximo para chegada.


Vários comentaristas antigos assistiram a essas provas na Barra. Entre eles o Richard, o Candeias, o Rouen e o Roberto Sobrinho (o Rock_rj dos fotologs e que já nos enviou muitas fotos da Praça Eugênio Jardim), autor desta foto.

Ela confirma que parte da pista era de paralelepípedos.

PS: já houve uma postagem anterior só com fotos do Roberto em http://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com/2019/04/circuito-da-barra.html




24 comentários:

  1. Gostei do apelido Trampolim do Pecado, feito em analogia com o Trampolim do Diabo.
    Onde ficaria esta caixa d’água que aparece nas fotos?
    O risco para os pilotos e assistentes era enorme tanto nas corridas quanto nos rallies.
    O rally Paris-Dacar é o mais importante do mundo?

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  2. Podemos acrescentar que essas provas automobilísticas faziam parte do "Circuito Elizabeth Arden". Com belas paisagens e um trajeto sem "maiores problemas", o Rallye devia ser um programa bem interessante. Quanto à pista do circuito de Barra, o contraste entre piso asfáltico, o de paralelepípedo, e o "de terra", produzia um desgaste bastante acentuado na suspensão dos carros participantes. Naquela época só havia uma uma ponte, hoje conhecida como a "ponte velha.

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  3. Bom Dia! Nunca achei graça em corrida de automóvel.

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  4. A avenida Litorânea é a Lucio Costa?
    E qual seriam as identificadas como C D e F C que aparecem no desenho do circuito?

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  5. Na época em que ocorriam essas provas já existia a "ponte velha" sobre o Canal de Marapendi, mas nos anos 40 não havia ponte alguma, e para acessar o outro lado do canal era necessário ir de barco. Minha mãe conta que algumas vezes foi com os tios à praia da Barra quando era criança e conta que para chegar até à praia era uma "África".

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  6. Bom dia Saudosistas. Hoje é dia de acompanhar os comentários. Mas vou fazer uma pergunta, depois que acabaram com o autódromo de Jacarepaguá e com as instalações criadas para as Olimpíadas, descartaram a zona oeste para construção de um novo. Será que o RJ voltará a ter um autódromo?

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    1. Nada mais justifica gastar dinheiro para construir um autódromo de alto nível no Rio.
      Mas se houver humildade e deixar o "olho grande" de lado para esquecer a F1 de volta ao Rio, com vontade política é possível conseguir um circuito de rua para a Fórmula E, pois essa categoria aceita com mais facilidade esse tipo de pista.

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  7. A caixa d'água não deve existir mais.
    Será que as avenidas com letras eram porque começavam da Rua C e acabavam em outra rua, D e P respectivamente?
    Além do famoso Chico Landi, Fritz D'Orey é o único que já conhecia de nome. Correu alguns poucos GP's de F1 mas foi num protótipo que se acidentou gravemente em Le Mans na França, início da década de 60. Nunca mais competiu. Para mim o sobrenome parece francês, mas era filho de portugueses e faleceu há 3 anos em Portugal.

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  8. O axioma "Rio, uma cidade partida" revela-se sempre, mais cedo ou mais tarde, para qualquer tentativa de expansão da cidade.
    Qualquer ideia de empreendimento para o espaço "além Barra", pela orla, ou "além Tijuca", por dentro, esbarra numa série de "má vontade" do poder público e da população da ZS. Para eles estes locais estão no Acre.
    Exemplos temos vários: a nova rodoviária no trevo das margaridas, o autódromo de Deodoro, etc, fora o que já existem e estão entregues às moscas, como o Riocentro e o Galeão.

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    1. A rodoviária do Trevo das Margaridas é para diminuir o número de ônibus na Avenida Brasil e na região da Leopoldina. Trabalhador de verdade só anda de ônibus e mora longe. O BRT Transbrasil logo estará em operação e vai justificar o investimento. O Rio de verdade começa a partir do Méier e Bonsucesso para cima.

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    2. O aeroporto do Galeão não sofreu o esvaziamento por má vontade da turma da Zona Sul.
      O Riocentro, quando oferece eventos importantes, atrai público da cidade inteira, inclusive da turma da Zona Sul.
      Agora, quanto à má vontade do poder público = ineficiência em garantir segurança, transporte infraestrutura, etc concordo plenamente.

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    3. Deveríamos ter várias rodoviárias, descentralizando a Novo Rio, dependendo do ponto de origem. Ligações com São Paulo a partir de outros bairros (já existe uma linha saindo de Campo Grande, certo?).

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    4. Wagner, diria "além Leblon" mesmo...

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  9. No meu tempo, os carros eram Berlinetas, DKW, Fuscas, Alfas, Simcas , 1093, e alguns mais sofisticados como as carreteras da Vemag, os importados - Fiat Abarth do Wilson, Ferrari do PC Newlands, Alfal Giulia do Mazza e do Cardozo, etc... Anos 1960.
    Eu fazia parte de uma equipe que corria com um DKW, pilotado pelo Tartaruga, motor preparado na cozinha da casa do Marcio Cambalhota e por mim. Chegamos a andar à frente dos DKWs de fábrica quando ainda não haviam chegado as carreteras. Marinho e Cacaio eram os pilotos da Vemag. Bons tempos de Norman Casari, Sergio pessoa de queiroz, Wilson, Bird, Bueno, Emerson , Sergio Cardozo, Theodoro Duvivier, etc...

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  10. esqueci de citar os Karmann Ghias da Dacon. Andavam muito com motor Porsche.

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  11. O grande barato era ir na véspera e dormir por lá dentro do carro. Ou não dormir, ficar acordado tomando todas... No dia seguinte, depois da corrida, era um risco dirigir pela Niemeyer. Não havia ainda o Túnel Dois Irmãos e a turma se empolgava com a corrida dirigindo a mil por hora na volta. Em uma das vezes estava depois de uma corrida no fusca dirigido pelo Jorge Português, que era uma fera no volante. Ele fez uma ultrapassagem milimétrica em uma curva na Niemeyer que não vi toda, fechei os olhos na hora.

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  12. Não sei como o Conde arranja tempo para tanta coisa. Está em todas. No Copa com o Jô, no teatro com o Piazzola, no Municipal com o Papinha, no Berro d´Água com as BR, em Paris com o Ahmed e a Catherine Deneuve, em Trafalgar Square com o McCartney, em Le Mans com o Ickx, no Bolero com as mulheres de vida fácil, em Nova York com o baterista do Tony Bennett, nadando com a Maria Lenk, fugindo da repressão exilando-se em Paris, militando na Internacional Socialista, estudando alemão e russo, no Vaticano com tio cardeal Bertoni, tocando piano no Alto da Boa Vista, morrendo de frio nos EUA, participando de pegas no “Postinho”, vendendo atestados numa academia do Lido, fazendo hidroginástica com a Stella Torreão, colorizando fotos, velejando na Baia de Guanabara, frequentando o Country e o Iate como sócio, dando consultas no INSS, bebericando o JWBL, frequentando o Alcazar, namorando a Miss Beleza Internacional, comendo churrascos com o Pedrinho, preparando DKWs para corridas, pulando carnaval em Correas, dançando em todas as boates de Copacabana, batendo ponto no Zona Sul, comentando no SDR, etc, etc, etc.

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    1. O Conde é o nosso Jorginho Guinle.

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    2. Por essa razão o DI LIDO é meu ídolo. Esse soube viver até a ultima gota.

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  13. a man of many skills
    un homme aux multiples talents
    ein Mann mit vielen Fähigkeiten
    un uomo dalle molte abilità
    un hombre de muchas habilidades
    een man met veel talenten
    en man med många talanger
    viro kun multaj talentoj

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  14. Boa tarde, Dr. D'.

    Dia complicado em termos de internet. Além de outros compromissos.

    O olho grande destruiu o autódromo da cidade. Um novo seria construído perto de Deodoro, mas, polêmicas a parte, foi desaconselhado. Para a Fórmula E, foi pensado um circuito de rua, mas a corrida também foi parar na estranha cidade.

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  15. "If you going to San Francisco". Até pela idade parelha, o Conde mas se assemelha a Forrest Gum.

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  16. Adolescente nos anos 60 cheguei a assistir várias corridas até serem transferidas para a Cidade Universitária no Fundão. Além dos pilotos e carros já citados, ainda me lembro de alguns fatos marcantes, como ver o primeiro Malzoni DKW (precursor do Puma), depois de ter conseguido invadir sorrateiramente o "Box" da equipe do Christian Fitipalldi (nem podia se dizer que era BOX, apenas um espaço mal cercado com ferramentas e materiais misturadas no chão, tudo muito desorganizado).
    Lembro também o carro que seguiu reto na Rodolfo de Amoedo e capotou em cima das pessoas que estavam na Praça do O em 1964, chegando a matar uma pessoa. Triste! Nunca assisti as corridas dentro da praça porque o risco era grande, já que os carros vinham de uma reta em maior velocidade e entravam para fazer o “S”. Não havia qualquer segurança pra ninguém: espectadores, pilotos, mecânicos estavam sujeitos a tudo. Perigo puro, mas com muita emoção!!
    Morador da Tijuca, eu e os moradores do bairro torcíamos pelo piloto Sérgio Peixoto de Castro Palhares, da família que tinha uma linda mansão na Rua Santa Amélia, que chegou a ser campeão carioca em 1964 com uma berlineta Interlagos. Aliás, até hoje se fala muito pouco dele apesar de corrido por uns 10 anos.
    Algumas vezes, eu e uma turma íamos para a Barra da Tijuca na madrugada antes da corrida para um “pegazinho” (será que alguém do Blog também participava?) e aproveitarmos para nos posicionar num lugar melhor. Gostávamos de ficar onde hoje é a Praça do “Ó”, esquina com a Av. Lúcio Costa, na frente da antiga boate Flamingo, onde dava pra ver o final da reta da Av. Rodolfo Amoedo, o contorno da Praça e a retomada de velocidade na Sernambetiba, hoje Lúcio Costa.
    Aliás, na postagem aparece foto da caixa d´água com a palavra O Corsário na antiga Praça do Ó. Conforme pesquisas que fiz há uns anos, era o nome da boate que ficava onde depois foi a boate Flamingo.
    Tempos inesquecíveis!

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