Nesta
imagem da “Aviação Naval” vemos a região do Posto 6, com as ruas Francisco
Otaviano e Joaquim Nabuco. Bem à direita vê-se, parcialmente, a Rua Rainha
Elizabeth. À esquerda, o Cassino Atlântico junto à Francisco Otaviano e, à
direita, o Hotel Riviera perto da Rainha Elizabeth.
Em destaque, bem à direita, o Hotel Riviera em terreno recuado. O Andre
Decourt chama a atenção para o fato de que vemos na imagem dois prédios na Av
Atlântica. O primeiro, à direita, já está construído e ao seu lado outro prédio
sobe nas estruturas. Reparem que na frente dos dois vemos jardins. No prédio
pronto este detalhe é flagrante. Vemos os jardins e a entrada do prédio com pé
direito maior e marquise. No em construção vemos só árvores e um portão, não há
casa, o que significa que o prédio também será alinhado com o seu vizinho.
O mais impressionante é que, certamente logo depois de o Plano Agache ser
revogado, esses jardins rapidamente foram ocupados por novos prédios,
possivelmente já nos anos 40.
A impressão do Andre é que na frente do prédio que aparece em construção há
hoje um prédio bem antigo revestido de pastilhas verdes, e o que já está pronto
tem na sua frente o hotel hoje chamado de Orla Rio, totalmente reformado, mas
seu imóvel sempre foi ocupado pelo Hotel Riviera.
Em 2006 o Rafael Netto fez esta foto a fim de esclarecer o que o Andre
havia comentado. Conta
ele: “O Plano Agache previa que os prédios da orla de Copacabana fossem
recuados para que não projetassem sombra na areia, que na época ficava onde
hoje estão as pistas de rolamento. Os (poucos) prédios construídos na época
ficaram então com grandes jardins entre a fachada e a Av. Atlântica, e com a
revogação do Plano, nos anos 40, estes terrenos acabaram sendo ocupados,
encobrindo a fachada dos edifícios, que foram feitos para ter vista para o mar.
O caso mais famoso (e que pensávamos que fosse o único) foi o Ed. Guarujá, já amplamente
mostrado nos FRA-Fotologs do Rio Antigo, cujos jardins sobreviveram até os anos
60.
Com a foto anterior o Decourt descobriu que ainda
sobrevivem mais dois prédios "emparedados" no Posto 6, que tiveram os
jardins ocupados já nos anos 40. Hoje, seus endereços e fachadas "de
facto" ficam na Av. Nossa Senhora de Copacabana.
Na Av. Atlântica, como vemos nesta foto, hoje existem um grande edifício na
esquina da Rua Joaquim Nabuco (que fica no lugar de uma grande casa com dois
torreões), os dois prédios que foram construídos sobre os antigos jardins, e o
Orla Hotel, ocupando o lugar do Hotel Riviera. Os outros dois prédios não
aparecem na foto antiga.
Nesta foto de 1936 podemos já ver, ao fundo, o prédio do Hotel Riviera, na altura do Posto de Salvamento nº 6.
O M. Zierer fez uma montagem de duas fotos separadas, as quais foram publicadas no nº 3, de 1936, do periódico “Brasil Revista”. Podemos apreciar a predominância de casas e poucos edifícios na Av. Atlântica desde a esquina com a Rua Francisco Otaviano, passando pela Joaquim Nabuco, Rainha Elizabeth até a Júlio de Castilhos. Podemos ver o prédio do Hotel Riviera na "meia-direita" da foto.
Diz o texto: "O presente de Anno Bom do Posto Seis, em Copacabana, foi seguramente o otel Riviera. Inaugura a 3 do corrente, o novo hotel da praia começa possibilitando a estação de verão num ponto maravilhoso, que incompreensivelmente, não tinha ainda sido descoberto pelos hoteleiros. Installado em predio novo, frente ao mar, quasi na ponta da Avenida Atlantica, domina esta e a Rua de Copacabana. Dirige-o o Sr. Aldo Rosso, um homem que se fez, que se criou no meio hoteleiro, com profundo conhecimento do metier e que durante longos annos foi o Chefe de Recepção do Copacabana Palace Hotel. Isto tudo se revela, na mais ligeira visita, na entrada, mesmo, do Hotel Riviera. Seu hall elegantissimo amplo, com seu mobiliario requintado, sua recepção, tudo patenteia que a Direcção conhece o que é um grande hotel moderno, que sabe realizar um ambiente de conforto como o turismo contemporaneo exige."
Foto
do acervo de M.C. Oliveira. Vemos o Hotel Riviera na década de 40. Reparem o
agradável bar-restaurante ao lado. Segundo o Andre Decourt, este espaço
existia, tal como aquele que ficava ao lado do Edifício Guarujá, na esquina da
Constante Ramos, por seguir as regras do Plano Agache, que determinava que os
prédios com mais de 5 andares na orla de Copacabana deveriam ir recuando para o
fundo do terreno, até o gabarito máximo que era de 8 andares. Quando o Plano
Agache foi revogado, por esta época, logo os arranha-céus tomaram conta dos
terrenos vazios.
Foto de Kurt Klagsbrun mostrando o Hotel Riviera por volta de 1950. O Hotel Riviera, além de turistas, recebia muitas delegações de esportistas estrangeiros, autoridades e artistas internacionais, bem como servia de concentração para times de futebol brasileiros. Era considerado um dos mais importantes da orla de Copacabana nos anos 40 e 50.
Uma explicação para o “mistério” dos prédios emparedados é que todo o terreno pertencia a um só proprietário. Em 1946 o “Correio da Manhã” noticiava que o empresário Aldo Rosso iria construir o “Grande Hotel Rosso”, apelidado de “Palácio do Turista”, numa área de 2000 metros quadrados, estendendo suas frentes sobre a Av. Atlântica, Rainha Elizabeth e Av. N.S. de Copacabana, sendo a superfície de construção de 30 mil metros quadrados.
Teria 330 apartamentos, já com ar
condicionado, dotado de serviços e instalações acessórias das mais modernas. O
enorme edifício conteria casas comerciais, lavanderias, cabeleireiros, tinturarias,
agência de bancos e de turismo, ginásio, vários salões para noivados e
casamentos, e um luxuosíssimo salão para refeições a “la carte”, além de uma
boate. No 13º andar haveria um grande salão para banquetes e festas, com
capacidade para mil pessoas. Uma verdadeira cidade em miniatura levada a efeito
pela firma Hotel Riviera S.A., da qual é presidente o Sr. Aldo Rosso,
proprietário do terreno e seu maior acionista.
Seria
um hotel do padrão do Statler e do Waldorf Astoria, de Nova York, erguido
no Rio, por uma grande companhia encabeçada pelo Sr. Aldo Rosso, proprietário
do Hotel Riviera, em Copacabana, e do Grande Hotel de Petrópolis.
Comunicação
dos edifícios que seriam demolidos para a construção do grande empreendimento
do “Hotel Rosso”. O arquiteto Luiz Fossati era bem conhecido por seu
envolvimento no projeto do Hotel Quitandinha, em Petrópolis.
Comunicação
ao público da possibilidade da subscrição de ações por aumento de capital da
empresa. Diversos anúncios na Imprensa falavam da busca de acionistas para a
construção deste empreendimento, sendo proposto um aumento de capital do Hotel
Riviera. A empresa "Hotel Riviera S.A. foi fundada em 1945.
A
Imprensa publicava com frequência anúncios sobre como seria bom investir em
ações do Hotel Riviera. A edição de 06/10/1946 do “Correio da Manhã” continha
anúncio que dizia: “O Grande Hotel Rosso oferece vantagens exclusivas aos
portadores de suas ações: terreno valiosíssimo terreno com face para a Av.
Atlântica. Dividendo mínimo garantido de 9% ao ano para as ações preferenciais.
Favores concedidos pelo Governo para a construção de hotéis, pelo Decreto nº
8295, de 21/11/1945, assegurando grande rendimento ao capital invertido.
Cotação normal das ações nas Bolsas de Valores. Facilidade e rapidez para a
liquidação, resgate ou reembolso. Inscrições e depósitos: Banco Andrade Arnaud,
Banco do Comércio, Banco de Crédito Pessoal, Banco Nacional da Cidade de São
Paulo.”
Para a construção do Grande Hotel Rosso, em abril de 1945 constituiu-se a Hotel
Riviera S.A. e em apenas 8 meses auferiu Cr$ 801.711,70 de lucro. No balanço de
junho já alcançava Cr$ 802.794,20, o que faz prever para o ano um saldo
aproximado de Cr$ 1.700,000,00.
Em 1947 foi pedida a Concordata Preventiva da "Hotel Riviera S.A.", segundo notícia do "Jornal do Commercio".
Entretanto,
como se pode ler no anúncio acima, foi decretada a falência da empresa no ano
de 1949.
Anúncio publicado no "Jornal do Commercio" sobre Leilão Judicial. Não achei outros detalhes, mas o hotel continuou funcionando.
Anúncio
do ano de 1951 já indicando a Av. Atlântica com nova numeração. O nº1010 passou
a nº 4122. O telefone 27-0010 permaneceu inalterado. E o Sr. Aldo Rosso continuava na direção do hotel.
Em
1955 o Hotel Riviera passou a funcionar sob nova direção, tendo assumido o Sr. João
da Silva Valente Filho, presidente do Banco Agro Industrial e Mercantil.
Bom Dia! Volto mais tarde para ler os comentários.
ResponderExcluirMais uma aula sobre Copacabana. Fico imaginando quanto tempo o Luiz levou para fazer esta pesquisa.
ResponderExcluirLembro deste hotel do posto 6, mas nunca tinha ouvido falar desse grande projeto do hotel Rosso.
Parece que muita gente ficou no prejuízo com a falência tal como ocorreu anos depois com o Panorama Palace em Ipanema.
Em alguns bairros há esses prédios escondidos no meio de um quarteirão. O acesso é por um pequeno espaço desde a calçada. Acho que já houve uma postagem aqui falando de um na Francisco Otaviano perto do Arpoador.
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirMais uma aula sobre Copacabana. Região de passagem, exceto quando ia no forte. Sempre existirá especulação imobiliária. Deu mole, aproveitam...
A postagem de sábado bateu quase noventa comentários em dois dias, mas praticamente todos no próprio dia. Deu saudades do Terra... Sem trocadilho.
FF: ontem foi ao ar o primeiro programa especial do Fantástico, comemorando seus 50 anos. Os primeiros programas foram perdidos no incêndio de 1976 (cujas imagens foram mostradas). Tentou-se recriar ao máximo o programa de estreia, apelando até para AI. Algumas coisas ficaram estranhas, mas deu saudade, por exemplo, da zebrinha.
ResponderExcluirEra para ter saído IA (inteligência artificial), mas fiquei com o filme na cabeça...
ExcluirSobre os prédios com recuo do Plano Agache. Um desses prédios, não sei qual, ficou até um pouco esquisito. Já foi lá uma vez. A entrada na N.S. de Copacabana e acanhada, sendo o que seria a entrada principal enorme, hoje fundos.
ResponderExcluirO mais triste e que vemos esse mesmo erro de sombreamento da praia nos dias de hoje. Basta ver o badalado balneário Camboriú , lugar dos novos ricos desse estado. Não tem mais sol, aterraram e o mar já levou metade.
Cem anos de erros e não aprendem, incrível.
Parabéns Alencar! Seu comentário é perfeito, mas não tanto pelo seu teor, e sim pela correção do texto. Não é mais aquele texto arrevezado, sem sentido, e com uma pontuação deplorável. Ou você é um ótimo ator ou você aprende muito rápido, tendo em vista uma suposta "tôsca instrução", mas uma coisa é certa: você é um grande pândego.
ExcluirO que fizeram em Camboriú a partir da década de 70 (em que houve a primeira "invasão argentina"), principalmente na Avenida Atlântica de lá, roubando o sol da praia, é uma ode à estupidez. Além disso, a infraestrutura não conseguiu, nem de perto, acompanhar o vertiginoso crescimento da cidade e, já há décadas, em época de alta temporada falta tudo e sobra superpopulação.
ExcluirLugar a ser evitado.
Mário, deve ser parecido com o que aconteceu com Cabo Frio a partir dos anos 70. A partir da inauguração da Ponte Rio-Niterói em 1974, Cabo Frio virou uma "febre para turistas". O antigo "Estado do Rio" sempre primou pela precariedade e pela falta de estrutura. O resultado disso era o de pessoas se alojando em pousadas improvisadas e se abastecendo em biroscas. Até para comprar pão enfrentava-se filas imensas.
ExcluirSim, Joel.
ExcluirCabo Frio é outro ótimo exemplo do que acontece com o crescimento desordenado e sem infraestrutura de uma pequena cidade e também é lugar a ser evitado. (e acabou arrastando Arraial do Cabo, que já foi um lugar ótimo, com praias excelentes)
Aliás, não nos esqueçamos de Armação dos Búzios: tente ir no verão para ver só ...
Falo com conhecimento de causa, morei em Cabo Frio com minha família entre 1959 e 1963 quando meu pai trabalhou na construção da (já falecida) Fábrica Nacional de Álcalis em Arraial do Cabo.
Após a volta ao Rio, mantivemos a casa onde moráramos até 1976. Até esta época, Arraial, Cabo Frio, Búzios e suas praias eram ótimas. Depois disso, ladeira abaixo.
Acho que é inevitável, mas dá pena.
Em 1989 eu aluguei uma casa por um mês para lazer no bairro conhecido como "Vila Nova". Fiquei horrorizado quando vi na casa em frente 20 pessoas dormindo em uma varanda tal qual morcegos. Só havia na cidade paulistas e principalmente mineiros. Ainda bem que não faltou água. ## Pela época em que morou lá você deve ter visto os trens ainda funcionando em Cabo Frio. Tem lembrança disso? Foi nessa época que foi filmado "Os Cafajestes". O lugar era paradisíaco.
ExcluirNão tenho esta lembrança, Joel.(eu tinha entre 6 e 9 anos, talvez por isso).
ExcluirLembro das idas e vindas de ônibus e tenho quase certeza que pegávamos o ônibus no Rio, perto do prédio da Polícia Federal na Praça Mauá.
Sim, na Mariano Procópio.
ExcluirPois é, Cesar, levei um bom par de horas para fazer o "post".
ResponderExcluirSe tivesse consultado antes o Mestre Andre Decourt saberia que ele já publicou um extenso "post" sobre o assunto.
E, pior, eu li aquele "post", sendo o primeiro a comentar...
Aqui vai o "link" do Mestre:
https://rioquepassou.com.br/2019/05/25/grande-hotel-rosso-hotel-riviera-uma-esquecida-historia-carioca/
FF2: morreu agora de manhã a atriz Aracy Balabanian, aos 83 anos.
ResponderExcluirFF3: hoje faz 80 anos da inauguração do relógio da Central, o maior de quatro faces.
Se a construção do túnel velho foi o início do fim de um paraíso, o desrespeito ao Plano Agache foi o início dos seguidos "estupros" que a Princesinha do Mar vem sofrendo há várias décadas.
ResponderExcluirÓtima publicação.
ResponderExcluirO Orla Hotel poderia pegar o texto e colocar na entrada do hotel para os hóspedes conhecerem a história do local.
Ótimo post. A arqueologia urbana recente é riquíssima, pois abunda fontes primárias, cada vez maiores pela disponibilização de acervos na internet. Mas não há inteligência artificial que supra o "bestunto" como diriam as avós. FF : esse fim de semana estive em Espírito Santo do Pinhal, capital paulista do café. uma potência econômica. Pergunta o que levou a imigração de mão de obra italiana para SP e não p RJ? A história do café é estudada a fundo e agora as vinícolas estão se destacando (visitei a Guáspari), bem como as queijarias (queijo tulha, na cidade de Amparo). Mas não largo o meu Rio.
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