A postagem de hoje é motivada pelas duas últimas fotografias que a Conceição Araújo encontrou num “site de leilões”. São do Malta. Nos comentários da publicação dela o Andre Decourt enviou um “link” de uma postagem de 2009 que falava desses veículos. O Jason Vogel, o A.J.Caldas e outros adicionaram comentários. Peguei a maior parte e coloquei aqui, com agradecimentos a todos eles.
Estes veículos circularam de
julho de 1918 a dezembro de 1927. Eram sete exemplares. Por causa de sua
baixa autonomia, os elétricos faziam apenas uma linha curtinha, de 2km, Praça
Mauá-Passeio.
Descreve o Decourt: “Vemos o
ônibus elétrico que circulou na Av. Central, na linha Palácio Monroe-Praça
Mauá. A linha foi originária do ganho, em 1916, da concessão de operação da
mesma pelo engenheiro inglês H. L. Wheatley, que empregou carros completamente
diferentes dos vistos até ao momento no Rio.
Os ônibus construídos pela J. G.
Brill Company, eram uma adaptação feita por cima de chassis de carro ou
caminhão com vários elementos estruturais de bonde, mantendo muitas das
características dos carris, como as laterais abertas, capacidade de
passageiros, curvatura do teto etc….
Mas o grande diferencial do
veículo era a sua autonomia, pois não dependia de trilhos, redes elétricas e
suspensórios para circular. O veículo era alimentado por um conjunto de
baterias que ficavam abaixo do piso e que transferiam energia para um motor elétrico
de bonde aos truck’s, que ao invés de rodas de bonde possuíam rodas raiadas de
madeira maciças, revestidas de uma camada de borracha, também maciça, algo
muito comum nos veículos de carga do início do séc. XX, quando os pneus não
eram lá muito confiáveis.
Os veículos entraram em operação em agosto de 1918, tendo Wheatley passado sua
concessão rapidamente para a Light, já em 5/12/ 1918. A Light que estava
proibida de instalar trilhos na Av. Central queria naquela época o monopólio de
todas as linhas de ônibus que trafegassem ou pudessem trafegar pela avenida.
As datas acima foram fornecidas
por Charles Dunlop, um dos maiores pesquisadores e historiadores da expansão da
Light na área de transportes em nossa cidade, porém elas não batem com uma
reportagem feita no órgão de comunicação da própria Brill Company, fornecedora
dos ônibus que, em um exemplar de maio de 1918 dizia que estava enviando
carrocerias de 7 veículos elétricos, Auto-Omnibuses, para a Parson Engineering,
a fim de terem sua mecânica instalada para atender a encomenda da Rio de
Janeiro Traction, Light and Power, para circularem de forma moderna nos belos
bulevares da capital brasileira, auxiliando o sistema de bondes operados pela
companhia.
Ou seja, algo não bate ou algo
está imoral. Dunlop apesar de todo seu valor para a história da cidade era um
empregado da Light e talvez tenha mudado os fatos e datas para não macular a
imagem da companhia.
Especulo que o Sr. Wheatley era
um “testa de ferro” da companhia canadense, que proibida ou receosa de entrar
no mercado de ônibus na Av. Central, usou-o para ser a figura pública da
concessão, embora tenha entrado com todo o capital para a aquisição dos
veículos nos Estados Unidos.
Na foto o ônibus passa por
diante ao Hotel Avenida e Galeria Cruzeiro, quase na esquina da Rua de São
José, indo para a Praça Mauá.”
Meu avô falava desses ônibus, tanto o elétrico como o "chopp duplo", que era similar aos utilizados em Londres.
ResponderExcluirAo ver as fotos achei que eram bondes.
ResponderExcluirA Light tem muitas histórias…
Bom dia Luiz, só hoje pude ler a postagem de ontem e acrescentei, atrasado, uma pequena colaboração que considero importante. Se alguém se interessar ...
ResponderExcluirObrigado
ExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirHá uma versão de que os ônibus não tinham faróis porque a Light se gabava de sua iluminação noturna. Falando nisso, não a toa era conhecida como "polvo canadense".
Há mais de um século temos rodando na cidade ônibus sobre chassis de caminhão.
O que os busólogos dizem desses chassis?
ExcluirPaulo,
ExcluirÉ uma vergonha ainda termos ônibus montados em chassis de caminhão.
É uma tecnologia superada há uns 60 anos lá fora.
Entre os busólogos, há os que trabalham em empresas de ônibus e acham que são amigos dos donos e que os apoiam em tudo.
Inclusive nessa pouca vergonha...
Bom dia Saudosistas. Já havia visto fotografias destes ônibus, porém pensava que os mesmos eram fabricados pela própria Light em suas oficinas. Já as maracutaias no transporte da cidade já vem de longe, conforme reporta o A. Decourt.
ResponderExcluirTalvez o mestre Hélio tenha conhecimento e possa dizer, no período da criação desta linha de ônibus e já existindo uma extensa linha de bondes na cidade, por qual razão as autoridades e a própria Light não se interessaram de implantar o Metrô na cidade, visto que na época era interesse do governo mostrar o desenvolvimento do País, sendo também que o Metrô já existia em Buenos Aires.
Bom Dia! Vou acompanhar os comentários. Parece que as datas não são muito confiáveis. FF. surgiu um problema na " dobradiça " do fêmur com a bacia. Tomografia, ressonância,antibióticos, acupuntura ,exercícios e o escambau. PQP, ficar velho não é problema,o problema é quando escangalha alguma coisa. Desculpe o desabafo.
ResponderExcluirA distância percorrida não era grande, mas o trecho sempre foi de grande movimento de pessoas, potenciais passageiros.
ResponderExcluirJá poderíamos ter vários ônibus à bateria em circulação pelo Rio.
Por falar em ônibus elétrico, está perto do meio século pós primeira grande crise do petróleo.
ResponderExcluirQuase toda a década de 70 foi tensa e eu achava que no século 21 não estaríamos tão dependentes do "ouro negro".
Combustíveis renováveis foram desenvolvidos ao longo das décadas, desde a de 70. Há uns vinte anos, aproximadamente, ganhou força a ideia do biodiesel, a partir de grãos como soja e outros. Mas veio o pré-sal...
ExcluirSemana passada, na reunião do G20, na Índia, foi criado um grupo com países produtores de biocombustíveis, entre eles o Brasil. Se a medida se traduzirá em avanços, só o futuro dirá.
ExcluirLino, 09:09h ==> há alguns anos estive no Centro Cultural da Light e peguei um estudo contratado com uma consultoria canadense, datado de 1925. Nele era sugerida a construção de um metrô, com os bondes servindo de alimentadores dele. Não sei por que o projeto não foi à frente, já que foi feito a pedido da própria Light.
ResponderExcluirSimples palpite, sem embasamento. O projeto pode não ter ido adiante, talvez, pelo crash da bolsa americana em 1929 seguido pela "Grande Depressão" e, praticamente logo após, pela Segunda Guerra?
ExcluirLembro ter visto, acho que aqui (ou no grupo do FB), um projeto de metrô dos anos 30, se conectando com a EFCB. Acho que a fonte era a Revista de Engenharia do DF.
Ônibus elétricos não "pegaram". Enquabto houve mais de 100 cidades brasileiras com bondes, apenas algumas tiveram ônibus elétricos. Atualmente acho que só São Paulo ainda opera com alguns, mas já li que vão tirá-los de circulação. Eu andei nesse tipo de ônibus apenas no Rio, Niterói e Recife.
ResponderExcluirÉ o que a Prefeitura pretende fazer em Botafogo, criando uma linha de VLT da Gávea até a estação de Metrô de Botafogo. O eixo seria pelas ruas Jardim Botânico, Humaitá, e Voluntários da Pátria, tendo a estação terminal na Avenida Nelson Mandela, já que as composições são bidirecionais.
ExcluirComo acho que já anteriormente comentado aqui, parece ser inviável a convivência com automóveis e ônibus, pelo menos na Rua Voluntários da Pátria.
ExcluirMas, vai saber ...
Em países comunistas eles e bondes ainda são muito usados. A Coreia do Norte é um exemplo, mas há vários outros. Já bondes ainda são bem encontrados, especialmente na Europa.
ResponderExcluirA Light também operou os ônibus apelidados de "jacaré". Eram de um andar. Não tinham faróis, o que é um mistério para mim.
ResponderExcluirTenho fotos de um deles recém-construído, provavelmente o primeiro, ainda nas oficinas da Light, acho que a da Joaquim Palhares.
ResponderExcluirForam construídos nas oficinas do bairro do Jacaré. Aquela que passou para a CTC e, por último para a Amigos Unidos. Esta última ganhou esta garagem em troca da garagem da Rocinha, que virou UPA ou UPP...
ExcluirTenho minhas dúvidas. Os ônibus da Light entraram em circulação antes da construção das oficinas de Triagem.
ExcluirAliás, tem fotos envolvendo essas oficinas em que a legenda diz "Oficinas de Vila Isabel." O correto é "Oficinas da Vila Isabel". Qual a diferença? Essas oficinas eram originalmente da Companhia Ferro-Carril de Vila Isabel. Em meados da década de 1920 a Light construiu a grande estação de bondes em Vila Isabel, no Boulevard 28 de Setembro. Então fazem confusão entre as duas.
ResponderExcluirHélio, existem ônibus elétricos só com baterias, ou seja, igual ao das fotos de hoje, porém agora com muito mais autonomia e, portanto, não são "chifrudos", ou seja, sem redes aéreas, e nem mesmo iguais ao VLT.
ResponderExcluirNesse ponto, se o Rio não está atrasado, poderia se sair melhor.
Falam da manutenção cara, mas tendo uma boa quantidade esse custo a mais se divide.
Sobre o modelo "jacaré" sem farol, dizem, como comentou mais cedo o Augusto, que era uma propaganda da Light para a boa iluminação na ruas.