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sexta-feira, 15 de setembro de 2023

O ANTIGO TERRAÇO DO GALEÃO

Do antigo terraço do Galeão, onde estava meu sogro, surge este "slide" desbotado, do início da década de 70. Vemos Mme. D´toda de branco, comigo logo atrás, acho que voltando de Buenos Aires.

Era um tempo em que se ia para o aeroporto pela Avenida Brasil, sem nenhum receio de assalto. Chegava-se no acanhado terminal, sem ar-condicionado e fazia-se o "check-in" manualmente, em balcões simples. O embarque/desembarque era a pé, pela pista, conforme vemos acima. Do terraço aberto, onde está o fotógrafo, acenava-se para parentes e amigos. Estacionado mais ao fundo um avião da TAP. Era um tempo em que ainda era prazeroso viajar.

O fotograma de hoje faz parte de um filme descoberto pelo Nickolas Nogueira sobre o carnaval de 1955. Vemos o desembarque de turistas no antigo aeroporto do Galeão, com o saudoso terraço. Concordo que o desembarque pelos "fingers" é muito melhor, mas a foto nos deixa saudade dos velhos tempos. 


Desembarque no Galeão em 1971, de um voo da Varig vindo dos EUA, em foto garimpada pelo Nickolas.  Escadas, carros-pipa, equipes de terra e veículos de serviços tornam a cena bem movimentada. O avião é um Boeing 707. 


Outro aspecto do terraço do Galeão. Diziam que era coisa de paulista ir para o aeroporto ver pousos e decolagens de aviões, mas era gostoso se despedir dos amigos desde este terraço.

Antigamente tudo era mais precário e transparente. Do saguão do aeroporto era possível ver os passageiros pegando as malas e passando na fiscalização.

Fiscalização esta que dependia muito de "pistolão". Certa vez um amigo estava tendo dificuldade em passar suas duas malas por um fiscal quando surge o Sr. Castor de Andrade com uma dezena delas em sua bagagem. Passou direto, sem qualquer fiscalização, além de ser saudado alegremente pelos fiscais.

De outra feita chegou a família do Delegado Antonio Melo, então treinador do Vasco, que também liberou a bagagem familiar sem qualquer transtorno.

Eram  os velhos tempos em que os aviões não tinham autonomia para um voo direto para determinados destinos e faziam escala em Dacar. E ali, algumas vezes, na parada noturna o avião era dedetizado. Todos chegavam ao destino com cheiro de "Flit", além de intoxicados pela fumaça a bordo, uma vez que era permitido fumar.




 

35 comentários:

  1. Os tempos mudaram muito e viajar ficou muito cansativo.
    Medidas de segurança inviabilizaram terraços como este.
    Muito mais gente e aviões maiores complicaram andar pelas pistas.
    Os fingers facilitaram a entrada e a saída dos passageiros.
    O Galeão cresceu tanto que dependendo do local onde o avião estaciona a gente tem que andar quilômetros até a saída ou esperar aquele carrinho de golfe para ir sentado.
    Quanto à fiscalização de bagagens depende muito do humor do funcionário. Às vezes nem olham, outras vezes são muito rigorosos.

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  2. Bom dia, Dr. D'.

    Estive no Galeão poucas vezes há mais de dez anos, no posto da PF, acompanhando minha mãe, seguindo os trâmites para tirar a segunda via da carteira de identidade. Meu caminho era via Linha Amarela e Avenida Brasil, em uma linha de ônibus que não existe há algum tempo.

    Feliz ano novo para quem é da fé judaica. Ano 5787, salvo engano.

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  3. Em tempo, a campanha para "revitalização" do aeroporto a partir do próximo ano já definiu que a partir de abril haverá voos diretos para Frankfurt, um dos principais hubs da Europa.

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  4. Quando eu era criança muitas vezes eu ia "a passeio" ao "velho Galeão" quando meu avô estava de plantão. Como "Fiscal do Imposto Aduaneiro", nos anos 60 era lotado ora no "Armazém de Bagagens" no Cais do Porto, ora no Galeão. Era um programa bem interessante. Havia ao lado um "Reembolsável da Aeronáutica", um supermercado semelhante ao "Reembolsável do Exército" existente na Avenida Maracanã. O da Aeronáutica era enorme e tinha uma grande variedade de mercadorias cujos preços eram bem interessantes. Em razão do cargo que ocupava, meu avô era assediado por personalidades importantes que visavam obter "favores na aduana", mas ele corretíssimo no exercício da função e as tentativas eram infrutíferas. ## O nome do Delegado citado é Antônio Lopes, e não Antônio Melo.

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  5. Correto, Joel. Melo era o preparador físico que trabalhava com o Lopes.

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  6. Meu avô se aposentou no final de 1968 e em 1969 a "Alfândega do Brasil" passou a fazer parte da Receita Federal e foi objeto de grande reestruturação, bem como o Galeão. Atualmente a estrutura dos aeroportos internacionais é de primeiro mundo e conta com delegacias das Polícias Civil e Federal e com uma Receita Federal dotada de equipamentos de excelência. O cargo de "Fiscal do Imposto Aduaneiro" atualmente tem a denominação de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional e é um dos empregos mais bem pagos no Brasil e cujo concurso público é disputadíssimo.

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  7. Bom Dia! Embarquei no Galeão só uma vez. Na foto 3 o ônibus está em uma carroceria Vieira.

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  8. Um amigo que trabalhou no setor de cargas do Galeão há uns 15 anos dizia que aquilo era um queijo suíço. Trabalhava num esquema de turnos, que variavam manhã, tarde e noite. À noite havia muitas irregularidades. Como ele já morreu não sei dizer se melhorou.

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  9. Bom dia Saudosistas. Não cheguei a embarcar pelo velho Galeão, embora tenha conhecido este terraço. Quando era Criança, muitas vezes fui com meu tio assistir a decolagem e aterrissagem de Aviões.
    Já o aeroporto novo, já fiz dezenas ou até centena de viagens, tanto Nacionais, como Internacionais, principalmente quando ainda trabalhava, era comum viagens para SP e outros Estados. Sempre que viajava para SP fazia o voo Galeão - Guarulhos, pois a Fábrica ficava bem próximo ao aeroporto, caso fizesse o voo para Ponte Aérea, era obrigado a cortar toda a cidade de Taxi e isso demorava em torno de 1,5 a 2,0 horas de dentro do Taxi.

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  10. Eu sempre gostei de aeroportos e aviões, faziam parte do meu prazer de viajar.
    Aí, com o gigantismo dos aeroportos e principalmente com as crescentes medidas de segurança a partir do 11 de setembro (nem pretendo discutir a necessidade), a parte "aeroporto" da viagem ficou desagradável. interminável e tensa.
    A partir daí passei sempre que possível a "formatar" viagens com, de preferência, um único trecho aéreo de ida-volta combinado com carro alugado e/ou trens, o que principalmente na Europa, pelas distâncias envolvidas, mostrou-se perfeitamente viável.
    Como gosto de dirigir, mesmo deslocamentos rodoviários maiores e frequentes são preferíveis aos agora chatíssimos aeroportos e as estações ferroviárias são normalmente centrais e oferecem farto acesso direto à transporte púbico de ótima qualidade.
    (bagagem pequena, desde que consiga convencer a mulher que é possível sim viajar com pouca roupa, também ajuda um bocado nos deslocamentos "terrestres")
    Ah, e as ferramentas agora disponíveis, como celular/tabletes/internet/ GPS, etc além da preferência para idosos em determinados serviços, facilitaram as coisas.

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  11. O "Galeão velho" era parte do antigo quartel da Aviação Naval, construido em 1924-25, por isso as adaptações e a arquitetura . Para muitos moradores da Ilha era o equivalente a um "Shopping" atual. O odor de café, perfume ... e gasolina é inesquecível.

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  12. O sumido Do Contra iria gostar da postagem de hoje.
    Nos chamados vôos domésticos, o custo mais o tempo até conseguir embarcar e o depois do desembarque, para se livrar da burocracia e chegar ao destino final, se não for perto do aeroporto, devem ser levado em consideração na escolha do transporte, dependendo da distância a percorrer, claro.
    Até a década de 70 os paulistanos tinham o aeroporto como programa de fim de semana, mesmo sem ter ninguém para receber ou para se despedir.
    Até que surgiram os shoppings modernos.

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  13. Quanto ao flit citado no texto da postagem, em 13 de fevereiro de 1968, uma terça-feira, eu estava iniciando minha viagem de ônibus (Expresso Marajó) de Belém do Pará para Brasília. Quando ele chegou na localidade de São Miguel do Guamá, o motorista mandou todos abrirem as janelas e descerem. Aí um pessoal do Departamento Nacional de Endemias Rurais entrou no ônibus, com uns fumigadores e jogaram o produto lá dentro. Parecia que o ônibus estava pegando fogo. Saía uma fumaça branca e densa por todas as janelas. Depois que ela se dissipou, entramos todos e a viagem continuou. O ônibus não trafegava à noite. Por isso, tivemos de dormir em Imperatriz (MA), Paraíso do Norte de Goiás (atual Paraíso do Tocantins) e Uruaçu (GO). Chegamos a Anápolis (e não a Brasília, porque nela não entravam ônibus sujos) na sexta-feira, por volta das 11 horas da manhã.

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  14. Já em março de 1983 eu peguei um voo da PanAm, um Jumbo tão vazio que dava pena (vinha batendo lata, como se diz no jargão da aviação nesses casos), indo de Honolulu para Auckland, na Nova Zelândia. O voo saiu exatamente à meia-noite de Honolulu e chegou a Auckland no fim da manhã. Mas em vez de encostar no finger, ele parou na pista de taxiagem, alguns funcionários entraram (de bermudas, obviamente) e saíram jogando spray nos compartimentos de bagagem. Ao que me lembro, não tinha cheiro nem fazia fumaça. Depois de alguns minutos o avião continuou e encostou no finger.

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  15. Um fato inusitado ocorreu uma vez, quando eu retornava de Sampa num voo da ponte aérea, pela Transbrasil. No voo vinham duas mulheres jovens, muito bonitas e sensuais, corpos esculturais. Quando chegamos ao SDU e descemos do avião, já era início da noite. Eu vinha andando pela pista, pouco atrás delas. Quando elas passaram na frente do avião, o piloto piscou os faróis que ficam logo acima das rodas do trem de pouso do bico do avião.

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    1. Se fosse hoje em dia, o piloto era capaz de terminar demitido, processado e condenado ....

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  16. Em fins de março de 1967 eu estava indo trabalhar em Belém do Pará. Saí daqui num voo bem cedo, com conexão em Brasília. Era uma aeronave com motor a pistão, acho que um DC-4. Chegado a Brasília, fiquei aguardando a conexão, que era um bom tempo depois. Embarquei novamente, acho que também num DC-4. O voo fazia escala em Fortaleza, Teresina e São Luís. Quando ele estava chegando a Fortaleza, fiquei tonto e vomitei à vontade no saquinho que havia para isso.

    Ao chegar em Teresina, era permitido os passageiros desembarcarem e embarcarem de novo. A pista era de terra. Havia um bar, num barracão de madeira, para servir aos passageiros. Observei que tinha uma bacia cheia de água. A atendente pegava as xícaras usadas de café, jogava-as na bacia, sacudi-as e botava-as novamente em uso. Sem lavar, sem sabão.

    O estacionamento era de terra, cercado por arame farpado. Daria talvez para uns 10 carros. Em virtude de uma coleção que eu já tinha na época e tenho até hoje, verifiquei que havia três veículos estacionados, sendo que um deles era um jipe Willys daqueles antigos. As placas eram de Nossa Senhora dos Remédios, União e Olho d'Água Grande (atualmente se chama Domingos Mourão).

    Cheguei a Belém já noite fechada. E ali trabalhei até o dia 12 de fevereiro do ano seguinte. Uma das melhores fases da minha vida. Tinha 20 anos na época. Como havia terminado o CPOR em fins de 1966, eu levei a camiseta, o boné, o boot e a calça do CPOR e trabalhava usando-as. Corri risco, é claro. Mas não aconteceu nada.

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  17. Em 07 de fevereiro de 1982 fui à Disneyworld, com minha esposa e cunhado na época. Lá nos States eu comprei uma lente grande angular Zuiko 2,8 mm para minha máquina fotográfica. Eu sabia que poderia dar problema na entrada aqui no Brasil. Tentando diminuir a probabilidade disso, resolvi voltar por Manaus, na esperança que por ser porto livre a fiscalização de entrada fosse mais branda. Voltamos por volta do dia 22 do mês. Era pós-Carnaval.

    No voo vinha uma perua, toda maquiada, falando pelos cotovelos. Típico de nova rica. Ao desembarcarmos em Manaus, fui para a fila da alfândega. Minha esposa rasgou o forro interno da bolsa dela e escondeu a lente ali dentro, pois diziam que bolsas a tiracolo não eram revistadas. Mas o fiscal, um garoto ainda bem novo, estava abrindo tudo, olhando tudo. Fiquei apreensivo. Quando ele estava começando a revistar a bagagem do passageiro à minha frente na fila, a perua passou com carregadores levando dois carrinhos de bagagem, cheios até o topo de caixas, talvez aparelhagem de som ou algo parecido. O passageiro à minha frente, vendo aquilo, falou para o fiscal:
    - Olha lá, você aqui remexendo nas minhas roupas e aquela mulher passando direto com tudo aquilo.
    O fiscal olhou para os carrinhos da perua e falou:
    - É, deixa pra lá.
    Fechou as malas do passageiro e liberou-o. Chegou minha vez e ele não tirou nada das malas. Apenas enfiou as mãos e apalpou as roupas, para não dizer que não fiscalizou. E nos liberou. Respirei aliviado.

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  18. Já em 1997 fui a Atlanta com minha esposa e filha. Lá compramos várias Barbies e outros brinquedinhos para minha filha. Já escolado com revista de alfândega, juntei todas as notas de compra, marquei com hidrocor o nome e valor de cada uma, grampeei tudo e coloquei todas as compras numa só mala.

    Chegando aqui no Rio, fomos escolhidos para revista. Caímos numa esteira de uma fiscal já de certa idade, gordinha, para dizer o mínimo. Mostrei as notas de compra e indiquei a mala onde tudo estava. Ela ficou admirada e falou para um outro fiscal algo como:

    - Olha só que organização! Se todos os passageiros fizessem isso, seria ótimo para nós.

    Mal olhou as outras malas. Mas nelas não havia mesmo nenhuma compra feita lá nos States. Passamos rápido pela fiscalização

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  19. Em Angola, voltando para o Brasil, após todos os passageiros acomodados no avião, as aeromoças passaram com uma bomba tipo "Flit" empesteando a cabine de passageiros...
    Mas havia tantos mosquitos dentro do avião que, embora fizesse um calor danado, pedi um cobertor e me cobri todo com medo de pegar malária.

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  20. Já que o Luiz citou Angola, vou contar um caso. Por volta de 1984 a VARIG pegou um serviço junto à TAAG (Transportes Aéreos de Angola) para informatizar o sistema contábil deles. Um assistente da VARIG, velho conhecido meu, me perguntou se eu estava interessado em fazer o levantamento necessário à confecção do sistema. Para isso eu teria de passar algum tempo em Luanda. O pagamento seria em dólar.

    Acontece que na época havia uma guerra civil em Angola. Os funcionários da VARIG que lá residiam estavam confinados a um contêiner dentro da área do aeroporto. Mas aeroportos são alvos preferenciais em caso de guerra. Então volta e meia caía uma bomba por ali. O contêiner tinha um furo de um projétil que o atravessara de fora a fora.

    Além disso não havia víveres na cidade, porque uma das facções em guerra havia cercado a cidade e não deixava entrar alimentos do campo para abastecer os mercados. Quando chegava alguma coisa, as filas eram imensas e saía até tapa. Os funcionários da VARIG eram abastecidos por alimentos enviados em isopor pelo voo que lá chegava. Mas esse voo era quinzenal e feito por um Boeing 707 já bem antigo. Portanto, em lá chegando você só conseguiria voltar uma quinzena depois.

    Como se isso não bastasse, se você trocasse dólares por kuanzas (a moeda angolana na época) e sobrassem kuanzas, não era permitido trocar de volta por dólares. E não era permitido trazer souvenires de artesanato local. Se tentasse fazer isso, era confiscado no aeroporto na hora da saída.

    E na entrada no país, os fiscais da alfândega remexiam sua bagagem e pegavam na marra itens pessoais, como sabonetes, gillettes, desodorantes, etc, porque nada disso estava disponível no pais em virtude da guerra civil. O assistente que me propôs aceitar o trabalho disse que ao ir lá ele já levava uma maleta cheia desses itens, para deixar com os fiscais e passar com alguns.

    A princípio aceitei a missão, mas por algum motivo ela não foi à frente.

    É o tal caso de dizer para meu conhecido: "Muy amigo!". Se fosse uma missão em Paris não seria eu o indicado.

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  21. Do velho Galeão tenho lembranças maravilhosas. De início, sobre o terraço, frequentei muito para ver o Concorde e depois almoçar no buffett do restaurante que era muito bom e barato.
    Outra lembrança era do embarque internacional no verão quando no hemisfério norte era inverno e aqui um calor infernal.
    Os embarcantes, inclusive eu, desfilavam pelo aeroporto em ternos de lã, exibindo, com orgulho, os boarding passes no bolso das lapelas dos escaldantes paletós, apenas para que os mortais comuns vissem que éramos pessoas diferenciadas, embarcando para países civilizados.
    Quanto ao desembarque, o negócio era mesmo ter "pistolão". Eu tinha um grande amigo, fiscal da Receita Federal, que estava puto da vida por ter sido transferido do Porto, onde ganhava fortunas por debaixo dos panos, para o Galeão, onde as oportunidades de propina eram quase nulas.
    Graças a ele, nunca tiva problemas na alfândega. Ele apenas me pedia para trazer os últimos jogos do Atari.
    Esse amigo fez o favor de morrer em São Francisco, dando um puta trabalho para a sua mulher para conseguir o traslado.
    Isso posto, restam as lembranças de um tempo no qual viajar era um prazer, hoje transformado em tormenta por conta das medidas de segurança e a quantidade de passageiros, incentivados pelas passagens baratas que hoje se consegue.
    Antigamente, viajar era muuuuuito caro.

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    1. Já se foram os tempos em que nos voos internacionais era servido vinho alemão, sobremesa francesa, etc. Agora, se lhe derem um pacotinho de 2g de amendoim ou uma barra de Nutry você está com sorte.

      Em 1984, voltando de NYC junto com alguns graúdos da VARIG, o gerente do aeroporto nos conseguiu lugares na primeira classe de um Jumbo, deck superior (o nec plus ultra das classes). Embarcamos antes de todos os outros passageiros e enquanto a plebe ignara embarcava nos foi servido champanhe e um aperitivo. Durante o voo havia duas opções de jantar. Eu escolhi abacaxi recheado com frango. Nossa, foi a refeição mais gostosa que já experimentei na vida. Pensei em repetir, mas fiquei com vergonha de me considerarem um esfomeado. Foi a única vez em que viajei na primeira classe.

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  22. Esse voo da TAAG era uma peça. Ouvi dizer que uma vez uns passageiros colocaram no meio do corredor um fogareiro e iam acendê-lo para fazer comida. E costumavam levar frango assado com farofa para dentro do avião. A farofa caía nos assentos, não se conseguia retirá-la e dava barata. Sem mais comentários.

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  23. Desembarquei em Angola logo após o término da guerra. Por todos os prédios havia sinais de bombardeios. Parecia uma cidade arrasada. Mas me colocaram num hotel numa praia que lembrava Copacabana. Linda. Na recepção pedi que no dia seguinte me acordassem cedo para caminhar na praia. O recepcionista disse que eu seria sequestrado. Que caminhasse no terraço do hotel. A firma para a qual fui fazer um trabalho me colocou um motorista/segurança para ir para lá e para cá. Disseram que não me preocupasse, pois estando dentro do carro nada aconteceria. Que se o carro enguiçasse, fosse onde fosse, o motorista passaria um rádio para ir um outro carro me pegar. Acho que tinham algum tipo de código lá entre eles que as consequências seriam terríveis se invadissem o carro.
    Ao chegar não tive problemas com as malas.

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  24. Houve época em que "ir ao estrangeiro" era para poucos, muito poucos mesmo.
    Passagens e estadias muito caras, fora do alcance da classe média "média".
    As pessoas viajavam muito bem vestidas, muitas vezes a família inteira ia levar/receber os viajantes, havia que ser obedecido um certo "protocolo".
    Outra realidade.

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  25. Minha primeira viagem ao exterior foi em 1981, para a Grécia, via Roma na ida e Paris na volta. Como nossa intenção (éramos em dois casais) era voltar de Atenas para Paris via ferroviária, teríamos de atravessar a Iugoslávia, que exigia visto. Então meu primeiro passaporte ostentava logo de cara esse visto. Acontece que o tempo de viagem ferroviária seria de quatro dias e por isso desistimos de fazê-la. Mas o visto estava lá.

    Ao retornar ao Brasil, na entrada um policial federal estava checando os passaportes de todos. Era logo depois da anistia e muitos refugiados políticos estavam retornando ao Brasil, e vários deles justamente de Paris. Aí o PF olhou nosso passaporte, sabíamos que estávamos retornando por Paris, viu o visto iugoslavo (na época ainda um país comunista), fez algumas perguntas para nós e fotografou algumas páginas do nosso passaporte.

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  26. Um colega meu da VARIG deu o maior azar: ele ia acompanhar um outro num simpósio ou algo parecido, nos EUA. Era a primeira viagem dele ao exterior e teve de tirar passaporte e pegar o visto americano. Para simplificar, vou chamar esse colega de A e o outro de B.

    Lá foram os dois para os States. Ao desembarcarem (não me lembro em que cidade), o B passou pela alfândega mas o A ficou barrado. O B não entendeu o que estava havendo. Ficou observando e viu quando um policial chegou, pegou o A pelo braço e saiu levando-o para algum lugar.

    O B então entrou em contato com o gerente VARIG do aeroporto, para ele descobrir o que estava havendo.

    Resumindo: o A foi levado para um salão, cheio de hispânicos, e ficou sentado aguardando chamada. Quando chegou sua vez, o funcionário americano disse que o passaporte dele estava vencido. E realmente, a PF havia emitido o documento com data vencida. Para humilhar o colega, o funcionário disse algo do tipo:
    - A Polícia Federal de vocês não presta atenção no que faz.
    Ao que o colega, que era muito folgado, respondeu algo do tipo:
    - E a embaixada americana de vocês no Brasil também não presta atenção, porque me deu um visto num passaporte vencido.

    Aí conduziram-no para uma cela e mandaram-no se despir (ele estava de terno). Ele retirou as vestes mas ficou de cueca. O guarda mandou-o tirar a cueca e ele disse que não. Aí o guarda entrou na cela e se atracou com ele. Maior confusão.

    Resultado: ele permaneceu detido até a noite, quando então foi deportado para o Brasil. Aqui chegando, criou a maior quizumba na PF.



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  27. Para encerrar por hoje, embora ainda tivesse vários "causos" para contar: em 1996 eu ia para Atlanta com minha esposa na época e minha filha. Como eu era funcionário da VARIG, só poderia embarcar se houvesse lugar disponível na aeronave, já que as nossas passagens eram do tipo "space available" também conhecidas pelo código GC. Só que o voo estava bem concorrido e teríamos de ficar esperando seu fechamento para ver se sobrariam lugares. Ficamos no aguardo. Depois de algum tempo a funcionária do check-in nos chamou para fazer o procedimento de embarque. Pediu nossos passaportes e para minha total surpresa ela viu que a validade dele ia vencer no dia seguinte. Ou seja, eu iria chegar aos EUA com o passaporte vencido no dia. Levei um susto.

    Desistimos do voo, fui à PF pedir outro passaporte e uma semana depois fizemos a viagem.

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    1. Vai contando, Helio.
      Bons "causos" são sempre bem-vindos.

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  28. As primeiras vezes que viajei para Portugal foram em 1972 e 1974, na primeira saindo do Galeão, mas como tinha apenas 5 anos não me recordo se o local era esse, provavelmente sim; na segunda vez fui pelo Navio Eugênio C, e dessa viagem tenho algumas lembranças e fotos.

    Como sou de família portuguesa e numerosa, era comum irmos todo ano ao Galeão para as famosas despedidas, normalmente nas férias do meio do ano e era inevitável o "passeio" pelo terraço panorâmico, ver o avião se perder no céu rumo a Europa.

    Como descrito em outro comentário, as vestimentas eram as melhores, mesmo com o calorão que fazia no embarque. Lembro que aplaudiam o piloto quando aterrissava na pista.

    Apesar de ser caro viajar antigamente, nos anos 80/90, havia os "doleiros" que financiavam as passagens em troca de levar uma quantidade permitida (ou não) para fora do Brasil.

    E hoje, tomar um cafezinho numa lanchonete no aeroporto é tão caro quanto um almoço num bom restaurante. A mesma coisa o valor do estacionamento.

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    1. E se for tentar almoçar (ou jantar) as opções são pouquíssimas, também muito caras e ruins; o estacionamento é um assalto.
      Ai de ti, Galeão.

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  29. O Galeão teve uma decadência que afetou até a locutora oficial, a íris Lettieri, que era uma gata e hoje deve estar com uns 120 kg. Numa busca no Google pode-se constatar...

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  30. Desde criança tenho contato com avião. As férias de dezembro eram reservadas para visitar meus avós no MA.
    Lembro que minha mãe tinha um amigo na Vasp, acho que o nome dele era Pedrinho. Ele sempre entrava em contato com minha mãe para vender as passagens com um preço camarada. Mas mesmo assim, como disseram, as passagens eram muito caras e acho que minha mãe parcelava. O serviço era de primeira. Ganhavamos vários mimos com a logo da Vasp.
    Tenho pavor da decolagem.
    Só fico tranquilo quando o avião está no céu ou quando vai pousar.
    Duas situações que aconteceram ao viajar de avião.
    A primeira, em uma dessas viagens para o MA, o avião teve uma queda abrupta, devido a uma turbulência. Estava indo em direção ao teto, quando minha mãe me puxou pela perna. Naquele tempo era comum viajar sem cinto.
    A segunda, voltando de Brasília em uma viagem a trabalho, ao pousar no Santos Dumont, o avião ainda taxiando, teve pane elétrica. Foram 10 minutos parados. Sorte que o avião já estava em um ponto que não atrapalhou o tráfego aéreo.

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  31. Voei uma vez em 1999 de Transbrasil de Congonhas para SDU e uma vez, ida e volta, em 2011, de Gol.

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