Em
1937 o grande duelo no “Circuito da Gávea” seria entre o italiano Carlo Pintacuda
e o Barão austríaco, naturalizado alemão, Hans Stuck (o “Flecha Diabólica”). O
risco para espectadores e corredores neste circuito de rua, com chuva fina, paralelepípedos
e trilhos de bonde, era altíssimo. Adrenalina em grau máximo.
O
presidente Getúlio Vargas compareceu ao evento. A aproximação, na época, dos
governos brasileiro e alemão levou ao hasteamento da bandeira nazista, como
podemos ver num dos fotogramas.
A
Imprensa da época informou que esta aproximação não se limitou a este
hasteamento de bandeira, mas houve uma circular secreta onde a nova política de
imigração do Brasil passava a negar vistos aos judeus, bem como passageiros
judeus eram proibidos de desembarcar. A circular não foi divulgada a conselho
de Oswaldo Aranha, preocupado em preservar uma imagem simpática ao Brasil nos
Estados Unidos. Eram tempos difíceis.
O
carro de Stuck foi um dos raros carros alemães que foram derrotados antes da 2ª
Guerra Mundial. O de 1937 era um Auto Union, projetado por Ferdinand Porsche. A
criação do Auto Union havia sido financiada pelo Governo Alemão através de um
consórcio formado, em 1932, pelas marcas Audi, Horch, Wanderer e DKW.
Texto
baseado em livro de Paulo Scali e em cinejornal encontrado na Internet.
PS:
a narração do cinejornal menciona que esta prova automobilística era o primeiro
grande evento a mobilizar o Brasil após o “Massacre do Caldeirão”.
No
dia 10 de maio de 1937 aproximadamente 700 seguidores do beato José Lourenço
foram massacrados pela Polícia Militar e pelo Exército na comunidade rural de
Pau da Colher, na Bahia. Conhecida como Caldeirão, essa comunidade reunia
romeiros do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia que buscavam
um pedaço de terra para plantar e viver. A área escolhida foi na realidade uma
doação de Padre Cícero. A aglomeração de pessoas provocou inquietação no Governo,
que temia que se repetissem as ações populares de Canudos (1887/1897) e
Contestado (1912-1916). Em torno de três mil pessoas chegaram a morar nesta
comunidade autossuficiente. A maioria não queria mais trabalhar para os
fazendeiros da região. Tudo o que era produzido era repartido entre os membros
da comunidade. Após o ataque quase não se tem vestígios da comunidade. Restaram
apenas uma bandeira, três fotos publicadas em um jornal da época, uma
espingarda e um machado. Os objetos estão expostos na sala em memória a Padre
Cícero.
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Vi o filme do Circuito recentemente e impressiona a qualidade do mesmo.Parece ter sido editado nos dias atuais.Getulio só tinha cara de bobo ...O Massacre do Caldeirão seria um prato cheio para alguns políticos atuais.
ResponderExcluirA realização do "circuito da Gávea" era um "absurdo urbano" devido à quantidade de riscos, mas o risco de acidentes era o menos importante em tempos conturbados. Vargas sempre foi admirador de regimes de exceção e tidos como de "direita", de acordo com o conceito da época e por conseguinte, um feroz anticomunista. Movimentos populares eram mal vistos e severamente combatidos, já que as oligarquias nordestinas são as responsáveis até hoje pelo atraso endêmico do Nordeste. Tais movimentos ocorreram durante o Século XIX e início do XX e foram duramente combatidos pelos governos da "República Velha" e do Estado Novo. Tais movimentos eclodem invariavelmente no "meio popular" e seus líderes e expoentes terminam tragicamente. Esse tipo de agitação é extremamente perniciosa, ainda mais quando ocorrem quando o governo é fraco ou comprometido com os "ilícitos" como ocorre nos dias atuais. Os assassinatos e os massacres eram comuns e faço uma ressalva: São exagerados os números que indicam 700 vitimas do massacre de "Pau da Colher": Não chegaram a 200 os óbitos, segundos fontes mais modestas. Vargas só recuou de sua aproximação e simpatia pela "suástica" e pelo "Fascio" após fortes pressões Norte Americana após 1941.
ResponderExcluirOutro dia ouvi falar em Flecha Diabólica. Foi a primeira vez. O que eu sabia, e que parece ser a única verdade, é que os carros de corrida alemães, Mercedes e Auto-Union, eram conhecidos como Flechas de Prata (Silberpfeil) devido à cor prateada. Ambas as fábricas eram patrocinadas pelo governo alemão, que via nas corridas de automóveis - que eram disputadas em vários países, como a Fórmula 1 atual - uma propaganda da excelência do produto alemão.
ResponderExcluirEntretanto, na Gávea, as Mercedes não vieram e somente a Auto-Union ficou conhecida entre nós. E apesar de todo o suporte, a Alfa-Romeo (Scuderia Ferrari) venceu a corrida. De Diabólico (ouvido no mencionado cinejornal) havia apenas o nome do circuito, conhecido como o Trampolim do Diabo.
Um dado interessante, e devido ao Porsche, é que somente as Auto-Union tinham o motor colocado entre-eixos e atrás do piloto, como vieram a ser todos os carros de corrida a partir dos anos 60. Na época, as Auto-Union eram muito difíceis de controlar e chegaram a utilizar rodas duplas na traseira, como os caminhões. Na chuva então, nem se fala, como foi o caso da Gávea de 1937.
Na foto da curva, o duelo final entre os dois, Pintacuda e Stuck.
Depois da minha caminhada matinal de 6 quilômetros , um banho pois o calor hoje promete,vamos a análise dos fatos ocorridos durante essa espetacular corrida,sem dúvida inesquecível nos anais das competições automobilísticas mundiais.
ResponderExcluirGrandes fábricas e grandes pilotos, meu pai não perdia uma.
Uma vergonha o fato do Getúlio abraçar a causa nazista e menosprezando os judeus,o mesmo aconteceu na Argentina, que abrigou muitos dos lideres alemães pos guerra.
Esse ¨Massacre do Caldeirão ¨pouca gente conhece muito bom ser contado nesse blog e o Getúlio era o pai dos pobres . A história se repete infelizmente.
Acho que como quase todos também vi o filme e concordo com o Belletti pois a qualidade do mesmo é excepcional.
ResponderExcluirNunca tinha visto uma bandeira nazista tremular numa competição esportiva no Rio. Ainda bem que por isto ou por aquilo a posição do Brasil mudou de lado e abandonou a terrível ideologia nazista.
Chega a surpreender a pouca quantidade de vítimas nos tempos do Trampolim do Diabo tal o risco.
Ostentar ou exibir a cruz suástica ou gamada constitui em crime previsto na Lei 7716/89, que prevê penas de dois a cinco anos de reclusão... Entretanto Stálin, assassino sanguinário e psicopata que matou 110 milhões de pessoas e que foi o principal líder comunista, é cultuado e incensado por milhões de pessoas, e a bandeira do comunismo é tremulada com orgulho nos céus brasileiros. No Brasil os vários "partidos de esquerda" agregam milhões de oportunistas, ladrões, traficantes, anormais, e grande parte da escoria política que sempre "lutam pelas minorias" mas se utilizam da ignorância endêmica ou do atavismo delas para promoção e enriquecimento pessoal. Por que os símbolos e a ideologia comunista não são combatidos como no passado? Vargas tinha razão em tratar os partidos de esquerda com to rigor, já que a atuação desses partidos está aí para quem quiser ver. Alegam que o governo militar "fez mais de 500 vítimas fatais", mas a "democracia brasileira" só em 2017 produziu 60.000 homicídios. Após 1985 a violência e as favelas aumentaram progressão geométrica e o país "quebrou", mas para os jovens idealistas" a ficha ainda não caiu...(Tomara que seja publicado).
ExcluirPneu é Michelin, diria o Francês.
ResponderExcluirTia Nalu só anda a MIl.Uma Flecha Ligeira.
ResponderExcluirO furgão na segunda foto é da Cinédia, estúdio de cinema.
ResponderExcluirAté quase o final da década de 60 as equipes de F1 usavam cores conforme os seus países de origem e a Ferrari e Mercedes mantém essa tradição. A Mclaren, embora inglesa, voltou a usar o laranja, cor escolhida pelo seu fundador que era neozelandês. A italiana Alfa Romeo, que tanto correu no Trampolim do Diabo, volta só com motor e o vermelho parece que vai predominar na carenagem traseira. Equipes da Inglaterra eram na cor verde e da França pintavam suas "baratinhas" de azul.
Além das bandeiras da Alemanha no 3°. Reich (a anterior era do tempo do kaiser, porém sem o símbolo da monarquia) e a do Brasil, tem mais duas, uma toda enrolada e a outra provavelmente da França, já que a da Itália na época tinha no centro o símbolo da monarquia, que só acabou oficialmente em 1946.
Se o Getúlio fosse tão radical a favor do fascismo, o Oswaldo Aranha não teria chances no governo dele. Esse ministro, um americanófilo, foi mantido junto ao poder justamente para contrabalançar as relações exteriores com EUA e Reino Unido de um lado e Alemanha e Itália do outro (esses com Dutra e outros como simpatizantes).
No final de 1939, início da guerra, já tínhamos os britânicos dominando o Atlântico e o Brasil comercialmente falando, quase sem opção, ao lado dos EUA e em meados de 1940 o acordo do Roosevelt para fornecer armas, além de equipamentos, tecnologia e treinamento para brasileiros na construção e posterior operação da grande usina siderúrgica de Volta Redonda.
Na foto 5, um Ford 1934 adaptado disputa com os Alfa Romeo, Mercedes e Auto Union. Provavelmente um fâ de Irineu Corrêa, falecido em 1935 durante a disputa.
ResponderExcluirA família de minha mulher era de ascendência germânica e morava na Avenida Atlântica em 1942. O patriarca sentava-se à mesa e em alemão bradava: "Sieg hei, Sieg, heil!". Apedrejaram várias vezes o imóvel mas sem selvageria. A população era muito mais educada .
ResponderExcluirQual a diferença entre o assassinato da Marielle e o prefeito de São Bernado ? O que mudou?
ResponderExcluirCearà,individuo,aqui na grande Vix igreja vai a leilão para pagar divida com pastor.Briga interna.Fico imaginando brigar com a Tarja Verde e ficar sem as cuecas...
ResponderExcluirNa última foto vemos o "pega" entre Pintacuda e Stuck na famosa Curva do S, que está do mesmo jeito até hoje, mas cercada de construções. Podemos ver no meio da curva um marco da prefeitura do RJ indicando a distância do marco zero: 6 Km.
ResponderExcluirA diferença no final foi de um segundo entre Pintacuda e Stuck.
ResponderExcluirBarrichelo ficou em ultimo?
ResponderExcluirTalvez o maior erro ao falar do comunismo é confundir comunismo com stalinismo.
ResponderExcluirHá muito tempo é notório que alguns antigos comentaristas mudaram o foco de seus comentários. As curiosidades do passado tem dado lugar à insanas opiniões políticas, quase sempre enaltecendo personagens do passado ligados à antigos regimes de exceção.
ResponderExcluirBoa tarde a todos.
ResponderExcluirÓtima preparação para o retorno da F1 no fim de semana, pela primeira vez em décadas sem piloto brasileiro. Continuarei acompanhando na medida do possível.
Sobre a bandeira da suástica hasteada na segunda foto, temos que lembrar de que era a bandeira oficial da Alemanha naquela época, sendo usada em tudo que pudesse lembrar o país, inclusive nos dirigíveis. No ano seguinte começaria a expansão territorial alemã, com a anexação da Áustria e regiões da atual República Tcheca.
La segunda guerra mundial a todo color é uma ótima série em dez capítulos. No Netflix.
ExcluirMais que velho estou ficando gaga.O Tite convocou um jogador chamado Ismaily que joga não sei onde e tem nome de motocicleta.
ResponderExcluirLevou $$$$?
ExcluirNão é de se espantar a convocação do tal desconhecido por Tite, afinal Dunga fez a mesma coisa. Razõe$ forte$ devem existido. Depois dos rumores de que milhões foram dados à comissão técnica e aos jogadores em pagamento pelos 7x1, o brasileiro deveria ter vergonha na cara e esquecer que existe futebol. O título de país mais corrupto do mundo é perpétuo.
ResponderExcluirPastor meu nobre Pastor. É de se lamentar as possibilidades narradas. Vou ficando por aqui me agarrando agora no AC(sempre) e na Energia solar, novo xodó da torcida.
ResponderExcluirTempo heroicos e suicidas para pilotos e público. Não muito diferente de hoje para os pilotos. Pouquíssimos campeões mundiais vivos para contar história. Só em Indianápolis morreram muitos, publico, pilotos e mecânicos. Piquet que o diga na sua andança por Indy.
De fato muito estranha esta convocação mas acredito ainda na seriedade do Tite.Quanto ao nome parece estar mais para creme dental,
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