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terça-feira, 20 de março de 2018

CIRCUITO DA GÁVEA






 
Em 1937 o grande duelo no “Circuito da Gávea” seria entre o italiano Carlo Pintacuda e o Barão austríaco, naturalizado alemão, Hans Stuck (o “Flecha Diabólica”). O risco para espectadores e corredores neste circuito de rua, com chuva fina, paralelepípedos e trilhos de bonde, era altíssimo. Adrenalina em grau máximo.
O presidente Getúlio Vargas compareceu ao evento. A aproximação, na época, dos governos brasileiro e alemão levou ao hasteamento da bandeira nazista, como podemos ver num dos fotogramas.
A Imprensa da época informou que esta aproximação não se limitou a este hasteamento de bandeira, mas houve uma circular secreta onde a nova política de imigração do Brasil passava a negar vistos aos judeus, bem como passageiros judeus eram proibidos de desembarcar. A circular não foi divulgada a conselho de Oswaldo Aranha, preocupado em preservar uma imagem simpática ao Brasil nos Estados Unidos. Eram tempos difíceis.
O carro de Stuck foi um dos raros carros alemães que foram derrotados antes da 2ª Guerra Mundial. O de 1937 era um Auto Union, projetado por Ferdinand Porsche. A criação do Auto Union havia sido financiada pelo Governo Alemão através de um consórcio formado, em 1932, pelas marcas Audi, Horch, Wanderer e DKW.
Texto baseado em livro de Paulo Scali e em cinejornal encontrado na Internet.
PS: a narração do cinejornal menciona que esta prova automobilística era o primeiro grande evento a mobilizar o Brasil após o “Massacre do Caldeirão”.
No dia 10 de maio de 1937 aproximadamente 700 seguidores do beato José Lourenço foram massacrados pela Polícia Militar e pelo Exército na comunidade rural de Pau da Colher, na Bahia. Conhecida como Caldeirão, essa comunidade reunia romeiros do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia que buscavam um pedaço de terra para plantar e viver. A área escolhida foi na realidade uma doação de Padre Cícero. A aglomeração de pessoas provocou inquietação no Governo, que temia que se repetissem as ações populares de Canudos (1887/1897) e Contestado (1912-1916). Em torno de três mil pessoas chegaram a morar nesta comunidade autossuficiente. A maioria não queria mais trabalhar para os fazendeiros da região. Tudo o que era produzido era repartido entre os membros da comunidade. Após o ataque quase não se tem vestígios da comunidade. Restaram apenas uma bandeira, três fotos publicadas em um jornal da época, uma espingarda e um machado. Os objetos estão expostos na sala em memória a Padre Cícero.

25 comentários:

  1. Vi o filme do Circuito recentemente e impressiona a qualidade do mesmo.Parece ter sido editado nos dias atuais.Getulio só tinha cara de bobo ...O Massacre do Caldeirão seria um prato cheio para alguns políticos atuais.

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  2. A realização do "circuito da Gávea" era um "absurdo urbano" devido à quantidade de riscos, mas o risco de acidentes era o menos importante em tempos conturbados. Vargas sempre foi admirador de regimes de exceção e tidos como de "direita", de acordo com o conceito da época e por conseguinte, um feroz anticomunista. Movimentos populares eram mal vistos e severamente combatidos, já que as oligarquias nordestinas são as responsáveis até hoje pelo atraso endêmico do Nordeste. Tais movimentos ocorreram durante o Século XIX e início do XX e foram duramente combatidos pelos governos da "República Velha" e do Estado Novo. Tais movimentos eclodem invariavelmente no "meio popular" e seus líderes e expoentes terminam tragicamente. Esse tipo de agitação é extremamente perniciosa, ainda mais quando ocorrem quando o governo é fraco ou comprometido com os "ilícitos" como ocorre nos dias atuais. Os assassinatos e os massacres eram comuns e faço uma ressalva: São exagerados os números que indicam 700 vitimas do massacre de "Pau da Colher": Não chegaram a 200 os óbitos, segundos fontes mais modestas. Vargas só recuou de sua aproximação e simpatia pela "suástica" e pelo "Fascio" após fortes pressões Norte Americana após 1941.

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  3. Outro dia ouvi falar em Flecha Diabólica. Foi a primeira vez. O que eu sabia, e que parece ser a única verdade, é que os carros de corrida alemães, Mercedes e Auto-Union, eram conhecidos como Flechas de Prata (Silberpfeil) devido à cor prateada. Ambas as fábricas eram patrocinadas pelo governo alemão, que via nas corridas de automóveis - que eram disputadas em vários países, como a Fórmula 1 atual - uma propaganda da excelência do produto alemão.
    Entretanto, na Gávea, as Mercedes não vieram e somente a Auto-Union ficou conhecida entre nós. E apesar de todo o suporte, a Alfa-Romeo (Scuderia Ferrari) venceu a corrida. De Diabólico (ouvido no mencionado cinejornal) havia apenas o nome do circuito, conhecido como o Trampolim do Diabo.
    Um dado interessante, e devido ao Porsche, é que somente as Auto-Union tinham o motor colocado entre-eixos e atrás do piloto, como vieram a ser todos os carros de corrida a partir dos anos 60. Na época, as Auto-Union eram muito difíceis de controlar e chegaram a utilizar rodas duplas na traseira, como os caminhões. Na chuva então, nem se fala, como foi o caso da Gávea de 1937.
    Na foto da curva, o duelo final entre os dois, Pintacuda e Stuck.

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  4. Depois da minha caminhada matinal de 6 quilômetros , um banho pois o calor hoje promete,vamos a análise dos fatos ocorridos durante essa espetacular corrida,sem dúvida inesquecível nos anais das competições automobilísticas mundiais.
    Grandes fábricas e grandes pilotos, meu pai não perdia uma.
    Uma vergonha o fato do Getúlio abraçar a causa nazista e menosprezando os judeus,o mesmo aconteceu na Argentina, que abrigou muitos dos lideres alemães pos guerra.
    Esse ¨Massacre do Caldeirão ¨pouca gente conhece muito bom ser contado nesse blog e o Getúlio era o pai dos pobres . A história se repete infelizmente.

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  5. Acho que como quase todos também vi o filme e concordo com o Belletti pois a qualidade do mesmo é excepcional.
    Nunca tinha visto uma bandeira nazista tremular numa competição esportiva no Rio. Ainda bem que por isto ou por aquilo a posição do Brasil mudou de lado e abandonou a terrível ideologia nazista.
    Chega a surpreender a pouca quantidade de vítimas nos tempos do Trampolim do Diabo tal o risco.

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    1. Ostentar ou exibir a cruz suástica ou gamada constitui em crime previsto na Lei 7716/89, que prevê penas de dois a cinco anos de reclusão... Entretanto Stálin, assassino sanguinário e psicopata que matou 110 milhões de pessoas e que foi o principal líder comunista, é cultuado e incensado por milhões de pessoas, e a bandeira do comunismo é tremulada com orgulho nos céus brasileiros. No Brasil os vários "partidos de esquerda" agregam milhões de oportunistas, ladrões, traficantes, anormais, e grande parte da escoria política que sempre "lutam pelas minorias" mas se utilizam da ignorância endêmica ou do atavismo delas para promoção e enriquecimento pessoal. Por que os símbolos e a ideologia comunista não são combatidos como no passado? Vargas tinha razão em tratar os partidos de esquerda com to rigor, já que a atuação desses partidos está aí para quem quiser ver. Alegam que o governo militar "fez mais de 500 vítimas fatais", mas a "democracia brasileira" só em 2017 produziu 60.000 homicídios. Após 1985 a violência e as favelas aumentaram progressão geométrica e o país "quebrou", mas para os jovens idealistas" a ficha ainda não caiu...(Tomara que seja publicado).

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  6. Observador Automobilístico amador20 de março de 2018 às 07:39

    Pneu é Michelin, diria o Francês.

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  7. Peralta,o implicante20 de março de 2018 às 07:43

    Tia Nalu só anda a MIl.Uma Flecha Ligeira.

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  8. O furgão na segunda foto é da Cinédia, estúdio de cinema.
    Até quase o final da década de 60 as equipes de F1 usavam cores conforme os seus países de origem e a Ferrari e Mercedes mantém essa tradição. A Mclaren, embora inglesa, voltou a usar o laranja, cor escolhida pelo seu fundador que era neozelandês. A italiana Alfa Romeo, que tanto correu no Trampolim do Diabo, volta só com motor e o vermelho parece que vai predominar na carenagem traseira. Equipes da Inglaterra eram na cor verde e da França pintavam suas "baratinhas" de azul.
    Além das bandeiras da Alemanha no 3°. Reich (a anterior era do tempo do kaiser, porém sem o símbolo da monarquia) e a do Brasil, tem mais duas, uma toda enrolada e a outra provavelmente da França, já que a da Itália na época tinha no centro o símbolo da monarquia, que só acabou oficialmente em 1946.
    Se o Getúlio fosse tão radical a favor do fascismo, o Oswaldo Aranha não teria chances no governo dele. Esse ministro, um americanófilo, foi mantido junto ao poder justamente para contrabalançar as relações exteriores com EUA e Reino Unido de um lado e Alemanha e Itália do outro (esses com Dutra e outros como simpatizantes).
    No final de 1939, início da guerra, já tínhamos os britânicos dominando o Atlântico e o Brasil comercialmente falando, quase sem opção, ao lado dos EUA e em meados de 1940 o acordo do Roosevelt para fornecer armas, além de equipamentos, tecnologia e treinamento para brasileiros na construção e posterior operação da grande usina siderúrgica de Volta Redonda.

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  9. Na foto 5, um Ford 1934 adaptado disputa com os Alfa Romeo, Mercedes e Auto Union. Provavelmente um fâ de Irineu Corrêa, falecido em 1935 durante a disputa.

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  10. A família de minha mulher era de ascendência germânica e morava na Avenida Atlântica em 1942. O patriarca sentava-se à mesa e em alemão bradava: "Sieg hei, Sieg, heil!". Apedrejaram várias vezes o imóvel mas sem selvageria. A população era muito mais educada .

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  11. Qual a diferença entre o assassinato da Marielle e o prefeito de São Bernado ? O que mudou?

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  12. Cearà,individuo,aqui na grande Vix igreja vai a leilão para pagar divida com pastor.Briga interna.Fico imaginando brigar com a Tarja Verde e ficar sem as cuecas...

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  13. Na última foto vemos o "pega" entre Pintacuda e Stuck na famosa Curva do S, que está do mesmo jeito até hoje, mas cercada de construções. Podemos ver no meio da curva um marco da prefeitura do RJ indicando a distância do marco zero: 6 Km.

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  14. A diferença no final foi de um segundo entre Pintacuda e Stuck.

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  15. Barrichelo ficou em ultimo?

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  16. Talvez o maior erro ao falar do comunismo é confundir comunismo com stalinismo.

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  17. Há muito tempo é notório que alguns antigos comentaristas mudaram o foco de seus comentários. As curiosidades do passado tem dado lugar à insanas opiniões políticas, quase sempre enaltecendo personagens do passado ligados à antigos regimes de exceção.

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  18. Boa tarde a todos.

    Ótima preparação para o retorno da F1 no fim de semana, pela primeira vez em décadas sem piloto brasileiro. Continuarei acompanhando na medida do possível.

    Sobre a bandeira da suástica hasteada na segunda foto, temos que lembrar de que era a bandeira oficial da Alemanha naquela época, sendo usada em tudo que pudesse lembrar o país, inclusive nos dirigíveis. No ano seguinte começaria a expansão territorial alemã, com a anexação da Áustria e regiões da atual República Tcheca.

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    1. La segunda guerra mundial a todo color é uma ótima série em dez capítulos. No Netflix.

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  19. Mais que velho estou ficando gaga.O Tite convocou um jogador chamado Ismaily que joga não sei onde e tem nome de motocicleta.

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  20. Não é de se espantar a convocação do tal desconhecido por Tite, afinal Dunga fez a mesma coisa. Razõe$ forte$ devem existido. Depois dos rumores de que milhões foram dados à comissão técnica e aos jogadores em pagamento pelos 7x1, o brasileiro deveria ter vergonha na cara e esquecer que existe futebol. O título de país mais corrupto do mundo é perpétuo.

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  21. Pastor meu nobre Pastor. É de se lamentar as possibilidades narradas. Vou ficando por aqui me agarrando agora no AC(sempre) e na Energia solar, novo xodó da torcida.
    Tempo heroicos e suicidas para pilotos e público. Não muito diferente de hoje para os pilotos. Pouquíssimos campeões mundiais vivos para contar história. Só em Indianápolis morreram muitos, publico, pilotos e mecânicos. Piquet que o diga na sua andança por Indy.

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  22. De fato muito estranha esta convocação mas acredito ainda na seriedade do Tite.Quanto ao nome parece estar mais para creme dental,

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