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domingo, 15 de abril de 2018

CASA BEATRICE

A foto de hoje foi publicada no antigo “Saudades do Rio” do UOL com o seguinte texto: “Vemos a Rua Constante Ramos, entre Domingos Ferreira e Av. N.S. de Copacabana, na década de 50, quando a mão de direção ainda era da praia para o interior. O Triumph Mayflower, vulgo Galocha, é o carro que aparece na foto. Nesta época a feira acontecia da Domingos Ferreira e adjacências, se não me engano, às quartas-feiras. Era meu caminho obrigatório da Barata Ribeiro para a praia: saía de casa, passava pela pensão do 593, dobrava na Dias da Rocha em frente do prédio da esquina onde morava D. Isa e seu filho Arnaldinho (filha e neto de João Pessoa), depois o Colégio Vitória Régia numa casa enorme na Dias da Rocha, até chegar à esquina de Copacabana com a Sapataria Polar, logo após à loja do O Globo. Via o filme em cartaz no cinema Copacabana, notava o movimento do Mercadinho Azul do outro lado da rua, mas seguia à direita na N.S. de Copacabana, passava pela José Silva, até chegar na Constante Ramos que tinha numa esquina o Ao Bicho da Seda e na outra a Ducal. Atravessava quando o sinal fechava e pegava este trecho da foto. Depois de passar em frente À la Cloche D´Or, que era um restaurante no nº 22-A da Constante Ramos, observava a vitrine da loja que aparece parcialmente na direita da imagem, com a bicicleta encostada. Como conta o Decourt, era a Casa Beatrice, comandada pela eslava Dona Anna, que fornecia frios, pães integrais, mel, carnes para datas festivas como peru no Natal e rosbife e lombinho no Ano Novo, bem como saladas, salsichões, etc…Depois atravessava a Domingos Ferreira, cortava caminho pelo jardim do edifício Guarujá e ia à praia ali em frente. Ou também podia ir apenas assistir a jogos nos campos do Dínamo e do Maravilha ou ainda um bom filme no Rian.”
Pois ontem recebi email do Ricardo Leitner, que transcrevo aqui:
“Prezado Luiz,
por acaso li o seu (extinto) Blog onde está publicada uma matéria sobre a Rua Constante Ramos e a também extinta "Casa Beatrice", ponto gourmand, que iniciou muitos cariocas numa forma mais europeia de apreciar "sabor". Quantos aprenderam sobre infinitos queijos, vinhos, "Schlagobers" (Creme Chantilly) e Mayonnaise feitos à mão, frios da (extinta) Santo Amaro de São Paulo, peixes defumados, arenques, pães, tortas, chocolates da (extinta) "Sönksen".
 
Gostaria que fizesse, porém, uma correção: meu pai, Fritz Leitner, montou esta loja para sua tia, a Sra. Anna Hausegger. Nós somos uma família austríaca - e não "eslava" como você diz! Não existe nem problema, nem preconceito nesta afirmação. Gostaria só de "corrigir" um erro, uma questão histórica! O irmão dela, Franz Leitner, meu avô, era dono do (ainda existente) "Bar Brasil", na Lapa (a quem o jornal "O Globo" se referiu como alemão (nazista), ignorando o fato que era austríaco e que ficou durante todos os anos de guerra como apátrida por se negar a receber a nacionalidade alemã (quando a Áustria foi anexada à Alemanha), por questões de princípio!
 
Ah, e sim... Estou de pleno acordo com você quando diz que ela "comandava" a "Casa Beatrice". Ela oferecia alta qualidade à sociedade carioca - e isto não era nada fácil com os empregados sem "cancha" daquelas épocas.   Como era difícil se conseguir nos anos 60 "Port Salut", arenques frescos, pepinos em conserva, etc. Ela ensinava o ofício e depois eles sumiam para trabalhar em outros estabelecimentos, se passando por (pseudo) "connoisseurs" em lojas na Galeria Menescal ou no "Messer" da Santa Clara. Muitos tentaram voltar - mas Dona Anna (apesar de ser minha tia avó sempre a chamei de "Dona") era mais do que implacável! 
 
Bem, gostaria MUITO de lhe pedir este favor para colocar a "Austríaca Dona Anna" e não a Eslava!
 
Muito Obrigado.
 
Melhores cumprimentos
 
Ricardo Leitner”.

7 comentários:

  1. O SDR sempre marcando pontos.Muito esclarecedora e interessante a intervenção do sr. Ricardo e lembro que esta postagem rendeu vários comentários.A bicicleta foi motivo de algumas observações já que estava ali,incólume.Hoje.....

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  2. Acho incrível que uma foto postada há tanto tempo num blog já "extinto" possa ser acessada e comentada por um interessado. Nunca saberemos quem são os milhares que leem cada linha escrita no SDR. O marcador ali em cima marca agora 184588 visitantes e se descontarmos os nossos conhecidos quantos desconhecidos tomam conhecimento do que aqui é publicado pelo gerente? E quantas informações circulam por todos os blogs sobre o Rio antigo. São aulas e aulas. Hoje aprendemos mais sobre a Dona Anna e a família Leitner.

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  3. Considerando o domingo amorfo, onde a praia tem poucos frequentadores e nem os cães se aventuram a molhar as patas, cabe um comentário simples para que a oportunidade não fique "in albis". Copacabana é e será por muito tempo o melhor local para residência, ainda que mentes doentias afirmem o contrário.

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  4. Boa e esclarecedora história. Nos fotologs do Rio Antigo nunca é tarde para os detalhes que fazem os frequentadores aprenderem mais um pouco.
    Sobre o regime totalitarista da Alemanha do 3°. Reich, poucos falam, mas consta que até alemães que não se filiaram ao Partido Nazista também sofreram algum tipo de discriminação. No livro "A Menina que Roubava Livros", se não me falha a memória, além da mãe da personagem do título que foi presa por ser oposição comunista, o pai adotivo tinha dificuldades de arrumar serviços por não participar da situação ao não se filiar ao partido único da época.

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  5. Boa tarde

    Plínio, o blog do Dr. D' continua lá no UOL, mas sem possibilidade de novas postagens. O meu também estaria lá se não tivesse feito uma "lavrada" e detonado o blog após tentar fazer um backup. O que está perdido para sempre, infelizmente, são os do Terra...

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  6. Teoria da Conspiração15 de abril de 2018 às 18:56

    Na primeira rodada já deixei meu cartão de visitas passando por Salvador e Rio em especial nos jogos do Flamengo e Vasco.Tudo bem arrumado com estes árbitros amadores e que topam fazer o jogo que interessa as minhas ações .E tem gente que acredita na veracidade das partidas mesmo depois da negativa da implantação do arbitro de vídeo.

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  7. Meu, nosso grande OBRIGADO pelo "conserto"! Esta foto gerou muitas memórias - nao só para mim mas para muitos outros que moravam em Copacabana... Desencadeou no meu Facebook um tal de "Lembra daquela loja? Daquele Cinema? Disto e daquilo?". Uma delícia para uma tarde de domingo! Desejo a todos uma linda semana e OBRIGADO mais uma vez por esta homenagem à Copacabana! Ricardo Leitner

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