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quarta-feira, 18 de abril de 2018

GARAGEM DE BONDES




As fotos de hoje mostram garagens de bondes. As duas primeiras certamente são da garagem que existiu no Humaitá, no local que, nos dias de hoje, abriga a COBAL de Botafogo.
A primeira foto é a mais antiga: vemos a estação de bondes do Largo dos Leões (Botafogo/Humaitá), com o bonde de nº de ordem 39 trafegando pela Rua São Clemente. Em 1871 a Companhia "Botanical Gardens" solicitou à Câmara Municipal licença para construir a estação do Largo dos Leões. Enquanto não ficava pronta, foi construído um telheiro provisório, a fim de se guardar os carros e os animais que, por falta de lugar próprio, ficavam expostos ao tempo. A linha carris entre a Praia de Botafogo e o portão do Jardim Botânico foi inaugurada em janeiro de 1871. Pouco depois a linha foi estendida até o local conhecido como "Três Vendas", que ficava no começo da Rua Marquês de São Vicente, próximo da Praça Santos Dumont.
Uma curiosidade é que neste ano de 1871, o Chefe de Polícia da Corte, oficiou à "Botanical Garden" que era proibido que as pessoas viajassem nos estribos, exceção feita aos empregados encarregados da direção dos bondes, "visto ser aquela prática vexatória às pessoas que entram e saem, além de poder ocasionar acidentes e aglomeração de passageiros nos ditos estribos". Foi uma grita geral, inclusive com a participação dos jornais. Tal foi o clamor que o presidente da "Botanical Garden" oficiou ao Ministro da Agricultura pedindo a revogação da ordem. Os incidentes entre condutores, policiais e os que desejavam viajar nos estribos aumentavam, fazendo com que o bonde ficasse retido, assim como os outros que vinham atrás. Nem mesmo a polícia conseguia resolver a questão e, pouco a pouco, foi afrouxando sua atitude contra os renitentes passageiros dos estribos. Abaixo-assinados foram organizados para pedir a revogação da medida. O que acabou acontecendo, segundo J.C. Dunlop
Na segunda foto devemos estar nos últimos anos da década de 60. Ainda não existiam os grandes prédios comerciais da esquina da Rua Voluntários da Pátria com Rua Capitão Salomão. Um deles, o "Guilherme Romano", abriga além de lojas nos pavimentos inferiores, um grande número de consultórios médicos. Quase mais nada resta da estrutura da garagem de bondes (trilhos, rodos, praticamente tudo foi retirado), exceto um pedaço de pavimento, junto das Rurais (que são sucatas, como as Kombis), que aparentemente são sobras de fossos ou plataformas de manutenção dos bondes (há trechos de trilhos ainda ali). Neste espaço funcionou também, depois dos bondes, uma garagem de ônibus elétricos. Na época esse terreno pertencia a Botafogo, hoje, dizem alguns, é Humaitá. Alegam que a rua que dividiria os bairros é a Conde de Irajá. É verdade? 
Entre o desmanche da garagem e a construção da Cobal, o terreno chegou a ser utilizado para a instalação de um circo.

25 comentários:

  1. Como eu havia comentado ontem, a garagem do Humaitá serviu como tal para os bondes da zona sul entre Março e Maio de 1963, enquanto a do Largo do Machado abrigava os Trolley-Bus. Estou pesquisando o espaço de tempo em que esses dois sistemas funcionaram na zona sul. Em 1965 quando morei na Voluntários da Pátria, a "Cobal" servia para abrigar os "Trolley-bus. As outras duas fotos são as da Garagem de Vila Isabel, percebendo-se parte do morro dos Macacos na Rua Torres Homem.

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  2. Consta que as desaparecidas tias deste sítio,brigavam por andar no estribo.Em tempo:"sítio" é um grande espanto!!!

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  3. Vi a Farmácia Moderna,mas na minha tela não consegui ler os reclames.

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  4. Incrível como conseguiram acabar com isso tudo em pouco tempo.

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  5. Bom dia.

    Hoje continuo no Clouseau.

    As obras do VLT na Marechal Floriano estão paradas por causa dos trilhos de bonde que apareceram com a retirada da camada de asfalto. Estão esperando os órgãos de patrimônio histórico se manifestar.

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    1. Arrumaram uma boa desculpa para paralisarem as obras.

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    2. Coincidência...

      https://oglobo.globo.com/rio/obra-do-ultimo-trecho-do-vlt-esta-parada-na-avenida-marechal-floriano-22602482

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  6. Botafogo ou Humaitá têm umas coisas que sobrevivem bravamente como aquelas duas casas da segunda foto, ao lado do edifício bem à direita.
    Uma pergunta de leigo: a última foto não pode ser a garagem do Humaitá com a favela Macedo Sobrinho ao fundo?

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    1. De jeito nenhum, Plínio. Além do mais a garagem ficava em sentido oblíquo à favela, bem como não há prédios de apartamentos no local {que continua igual}, e se você reparar nos letreiros, veja a inscrição "Barão de Drummond". Portanto...

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    2. Meio fora de foco: Descobri algumas matérias de O Globo que são de 1964, matérias essas que dão conta de datas de extinção de algumas linhas de bonde, um relatório de CTC de 24.11.64 mostrando que nessa data existiam apenas 88 carros trafegando na cidade, incluindo os de Campo Grande e Ilha. Em outra matéria também de 64 mostra o "Bonde Bar", iniciativa que transformaria "bataclans" em bares. Estou tentando baixá-las no formato correto, já que o site de O Globo "bloqueia" algumas matérias.

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    3. Interessante, Joel. Se puder, coloque o "link".

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    4. Não é um link. É a página de O Globo de 25 de Novembro de 1964, onde a CTC pública um relatório de seus primeiros meses de funcionamento. Vou mandar a página inteira, já que é um importante documento. FF. Recebi um telefonema de um amigo que não me via há tempos e que estranhou a minha barba quando acessou o SDR. Expliquei que a foto é do Alexandre Frota. E ele continuou a não me reconhecer. ..

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    5. Taí uma coisa que gostei.Se o ex-presidente nove dedos se considera uma idéia a melhor delas não é a 51 e sim esta do Bonde Bar.Já pensaram,condutor de bebuns?Trocador de chopes?Fiscal de petiscos?
      Tudo num só lugar com caminho da volta garantido.E os reclames?Um grande barato....

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    6. Obrigado Joel. Não tinha visto o letreiro Barão de Drummond. Esqueci que clicando na foto ela aumenta de tamanho.

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  7. A terceira foto é da garagem do Largo do Machado. A quarta é da garagem de Vila Isabel (final do Boulevard 28 de Setembro), vendo-se ao fundo o Morro dos Macacos. Ambas as fotos foram tiradas no dia 10/10/1961, quando de uma greve de transportes.

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    1. Salvo engano, essa garagem de bondes virou garagem de ônibus da CTC, posto do DETRAN e mais recentemente quadra de escola de samba...

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  8. Bom dia ! quer dizer que a empresa se chamava Ferro Carril Jardim Botânico e, deste, não tinha nada, nem mesmo as garagens...

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  9. Nos idos de 56 quando cheguei do Ceará a Cidade Maravilhosa fui muitas das vezes até a estação do bonde Muda da Tijuca já que morava na rua Santa Carolina na Usina. Achava estranho que quando ia para a Seans Pena no bonde 66 Tijuca o mesmo não fazia parada técnica nessa garagem. Não sei se prédio ainda existe. A turma que vai aos encontro do SEMPRE no Alto da Boa Vista poderia verificar. Aliás, guardo com muito carinho minha temporada de adaptação a cidade naquele lugar da Tijuca. Perto da minha casa ainda vi o Rio Trapicheiros ainda com águas límpidas e peixinhos. Fazíamos a farra e sobretudo com as bananeiras plantadas a margem do seu curso d'água. Não havia sujeira. Lembro-me ainda com muita intensidade os dias em que a Cia.Souza Cruz produzia seus cigarros. Espalhava aquele cheiro gostoso das folhas de fumo curtido no ar.

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  10. Em tempo: Referia-me a primeira foto que é idêntica a garagem da Muda da Tijuca. Desculpe-me a falta de atenção mas conservo mesmo assim meus saudosos comentários.

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    1. Menezes, o prédio da garagem da Muda não existe mais e em seu lugar existe o Supermercado Prix. Mas eu discordo de você quanto à semelhança com o prédio da primeira foto. Em 1969 eu fazia educação física uma vez por semana na velha garagem em uma das quadras que lá existiam e por isso eu conhecia-a bem. A frente coberta era estreita mas após a entrada o terreno de fundo se limitava a poucos metros o Rio Maracanã. Nunca foi uma garagem na acepção da palavra e era uma espécie de oficina leve e apenas uma linha de bonde fazia nela o seu "rôdo": A 60, Muda Marquês de Abrantes. Existiam nessa época muitos dormentes espalhados no local. O bonde 66 e o 67 nunca fizeram paradas ali. Nos anos 70 a garagem passou a abrigar a quadra da escola de samba Império da Tijuca.

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    2. A denominação de Muda para o recanto da Tijuca deve-se aquele espaço onde era feita a troca (a muda) dos burros que puxavam os bondes, portanto, a Muda da Tijuca.

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  11. Consegui ver que um reclame é do arroz Brejeiro.

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    1. Na terceira foto, no bonde à esquerda, há anúncio da Lutz Ferrando (com o desenho de um olho).
      Na última foto, o terceiro bonde a partir da direita, de nº 1736, o anúncio é das Casas Pernambucanas. O segundo bonde a partir da direita, ao lado do reboque, tem anúncio do Arroz Brejeiro também.

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  12. Tem um prédio do outro lado da rua voluntários da Pátria que está no mesmo lugar até os dias de hoje

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