Vemos a propaganda do
Gymnasio Anglo-Brasileiro instalado em 1911 na Chácara do Vidigal. Contam Cau
Barata e Claudia Gaspar que o terreno, situado a 300 pés acima do nível do mar,
tinha soberba vista sobre o oceano. O cenário era grandioso, com floresta
virgem e com o mar ao lado. A água era abundante e a mais pura possível,
suprida por inúmeras fontes e riachos que por ali corriam. Uma piscina ao ar
livre fora construída sob uma cachoeira.
Como se vê no prospecto
os jogos atléticos constituíam uma das características do colégio, que
funcionava em regime de internato.
Não estando ainda aberta
a Av. Niemeyer chegava-se lá pelo alto, por via da antiga Estrada do Brigadeiro
Vidigal, aberta antes de 1814, passando pela Chácara do Céu.
Em 1912, o proprietário do colégio, o inglês
Charles Weeksteed Armstrong, obteve permissão para completar a estrada
abandonada aumentando-a em 400 metros, a fim de melhorar o acesso ao colégio. A
obra ficou pronta em 1913, executada pelo engenheiro Ricardo Feio que não só
abriu o corte do Leblon, como construiu cerca de 1000 metros da atual Av.
Niemeyer.
Em 1915, o comendador
Conrado Nieymeyer, grande proprietário de terras na praia da Gávea, hoje praia
de São Conrado, completou o percurso e o ofereceu à Prefeitura em 1916.
A história deste local
começou em 1891, quando a Companhia Viação Férrea Sapucaí iniciou a construção
de uma estrada-de-ferro ligando a Zona Sul (então o bairro de Botafogo) com Angra dos Reis. A obra, após os
primeiros metros, não foi adiante, só sendo retomada em 1911, quando ali se
instalou o Colégio Anglo-Brasileiro.
Esta avenida, guardadas
as proporções, é tão bonita quanto a Costiera Amalfitana. No entanto, no lugar
de lugares como Amalfi e Positano, temos o Vidigal degradado por uma enorme
favela que não para de crescer e logo mais adiante a enorme favela da Rocinha.
Os prefeitos seguintes,
Carlos Sampaio e Alaor Prata fizeram melhoramentos inclusive com a construção
da Gruta da Imprensa.
Anos depois a Av.
Niemeyer seria palco do primeiro circuito automobilístico de rua no Rio de
Janeiro, sendo conhecido como Circuito da Gávea ou Trampolim do Diabo, alcunha
resultante de uma resposta do corredor polaco-argentino Carlos A. Zatuszek, em
1934, a um reporter de rádio, quando este lhe indagou como era correr nessa
pista: "É como andar sobre um trampolim do diabo". A partida era no
final do Leblon, em frente ao Hotel Leblon, subia pela Av. Niemeyer e descia
pela Rocinha e Marquês de São Vicente, com a chegada no ponto de partida, 20
voltas depois (223,2 km). A 1ª corrida foi em 1933, tendo vencedor Manoel de
Tefé, com a impressionante velocidade de 67 km/h.
PS: o livro dos autores
citados, "A Fazenda Nacional da Lagoa Rodrigo de Freitas", é muito
interessante. Recomendo.
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Era o paraíso!
ResponderExcluirQuando a gente pensa que já conhece tudo que existiu nesse Rio de Janeiro o SDR aparece com algo inédito.
Curso comercial era só contabilidade ou tinha mais algum?
Ótimas informações. Local muito bonito,que lamentavelmente acaba se deteriorando por vários motivos.Exercicios militares não deixa de ser um espanto!!!
ResponderExcluirUma instituição de ensino completa como esse "Gymnasio" é o ideal de qualquer estudante. Naquele tempo o valor de uma mensalidade de um colégio como esse não devia ser tão absurda, mas atualmente é proibitiva. Colégios como os eclesiásticos e o Cruzeiro por exemplo, cujos valores podem chagar a cinco mil Reais, são uma realidade distante para a maioria dos brasileiros.** A Avenida Niemeyer está condenada graças às construções irregulares e ao desmatamento causado por elas. Aliás eu comentei aqui uma vez sobre a região que vai de São Conrado até Jacarepaguá. A desordem urbana e ambiental causada pela favelização faz com que jocosamente seja chamada de "pequeno nordeste". Os condomínios de São Conrado estão bastante desvalorizados e os da Barra da Tijuca entre Avenida das Américas e a Abelardo Bueno estão igualmente condenados. A relação que no passado havia entre os moradores da zona Sul e as favelas da Lagoa e que é tão decantada por velhos erquesdistas, já acontece entre os moradores dos condomínios da Barra e as favelas da região, o "pequeno nordeste", "visse"?
ResponderExcluirMuita informação , e de qualidade. Alguns comentários de aprendiz.
ResponderExcluirA foto está cortada mas aprece que os telefones na época tinham 4 algarismos.
Aula de equitação!!!!
Cau Barata e Claudia são craques e o livro é ótima.No império o Bairro (ou Freguesia) da Gávea abrangia Jardim Botanico, Gávea, Leblon, Ipanema e (tb?) Copacabana. Hoje as escrituras ainda descrevem os imóveis como integrantes das Freguesias antigas, pois os registros de imóveis eram divididos conforme essa divisão territorial. Na Barra e Recreio, depois do oficial do RGI ficar milionário houve a subdivisão das áreas de abrangência dos RGIS.("só é dono quem registra!").
Por conta de necessidade de horário, já fui do Centro (Rua Cândido Mendes e Santa Teresa) até o Itanhangá, pela montanha. Belo passeio se vc não for assaltado. Lembro de Bogotá, onde um anel no topo das montanhas que circundam a cidade tem grande estrada e voce pode descer para o bairro que desejar, por artérias perpendiculares a essa estrada.
Crivella quer liberar a ciclovia em setembro , pois a eleição é em outubro. Vade retro.
Publicar o comentário com cuidado, pois ontem apaguei um grande sobre os postos.
Gostei do Ominibus da foto 2 , cheguei a ver alguns International como esse rodando em serviço de escolas. Até o meio dos anos 70, um cidadão tinha em seu quintal, numa rua do Méier, três exemplares,devidamente abrigados. Com o seu falecimento, o enorme terreno logo virou um condomínio, e os ônibus, não sei informar para onde o colecionador que os adquiriu levou.
ResponderExcluirBoa noite Dr. D'.
ResponderExcluirPost comemorativo à reabertura da avenida, após uma gestação completa. Apesar de setores da imprensa ainda quererem que continuasse fechada.
Quanto à ciclovia de papel, deveria ser derrubada e a conta repassada ao Nervosinho e seus comparsas. Mas, como é ano eleitoral...