Temos hoje mais uma
fantástica pesquisa do Maximiliano Zierer sobre a Avenida Atlântica, hoje
mostrando o quarteirão entre as ruas Constante Ramos e Barão de Ipanema, Posto
4, Copacabana. Comparativo no início dos anos 1920, nos anos 1950 e em
2020.Vamos comparar quatro fotos da Av. Atlântica no quarteirão entre as ruas
Constante Ramos e Barão de Ipanema, num intervalo de 100 anos. As três
primeiras fotos fazem parte do sensacional acervo do meu amigo Francisco
Patrício, sendo a última foto obtida recentemente do Google Street View, para
permitir compreender a evolução das construções deste quarteirão da orla.
A primeira foto é do
início dos anos 1920. Vemos um grupo de cinco pessoas na praia de Copacabana, e
ao fundo as únicas três construções que existiam neste quarteirão da orla
(atualmente são 4 edifícios). No canto direito temos uma moça deitada no colo
do pai, a pianista Zilah de Moura Brito. Ao lado do pai está a mãe de Zilah,
mais um casal de amigos no lado esquerdo. Nenhum deles está com roupa de praia,
os homens estão de terno, gravata, chapéu e sapatos, e as mulheres estão de
vestido.
Quanto às construções, no
lado esquerdo havia um casarão de dois pavimentos mais uma torre (que não está
visível nesta foto), e logo à esquerda deste casarão havia um lote vazio de
esquina, onde seria construído (somente em 1928) o edifício Lellis-São Paulo,
na esquina com a rua Barão de Ipanema (um edifício em estilo neoclássico de 9
andares que permanece no local até os dias atuais). A casa do centro da foto
possuía apenas um pavimento sobre um porão elevado. E a casa do canto direito
era uma casa geminada de dois pavimentos, com as suas duas metades simétricas.
Esta casa ficava exatamente na esquina com a rua Constante Ramos. Reparem nos
muros baixos das três casas e no Morro dos Cabritos ao fundo.
Nesta segunda foto, do
início dos anos 50, vemos uma bela jovem na praia de Copacabana, diante do
cinema Rian. O filme em cartaz é Lágrimas de Mulher. O cinema Rian foi
inaugurado em 1932 e demolido em 1983 (em seu lugar foi construído o Hotel
Pestana). O prédio do cinema foi construído no local onde havia duas casas, a
de um pavimento no centro e a de dois pavimentos no lado esquerdo da foto dos
anos 1920 (as duas casas foram demolidas no final da década de 1920). O cinema
Rian foi fundado pela atriz, cantora e primeira-dama do Brasil Nair de Tefé von
Hoonholtz (segunda esposa do Marechal Hermes da Fonseca, oitavo presidente do
Brasil). O nome do cinema – Rian (Nair de trás para frente) é uma alusão à sua
fundadora. Voltando para os anos 1950, vemos atrás da cabeça da moça a fachada
do edifício Tiradentes (uma fachada estreita e arredondada, como veremos
adiante), que foi construído no lugar da metade da casa geminada da esquina com
a rua Constante Ramos. A outra metade da casa geminada ainda estava de pé, mas
foi demolida na segunda metade da década de 50 para a construção do edifício
Carvalho Mesquita. O cinema Rian foi tema recente aqui no blog: https://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com/2021/05/cinema-rian.html
Na terceira foto, também
do início dos anos 50, vemos a mesma moça da foto anterior, agora junto ao seu
namorado, um belo casal! Ao fundo, no canto esquerdo temos a fachada estreita e
arredondada do edifício Tiradentes, depois atrás do rapaz temos a metade da
casa geminada da esquina, e no lado direito o edifício Guarujá, de 10 andares
(construído em 1927) e localizado na outra esquina da Av. Atlântica com rua
Constante Ramos. O edifício Guarujá, um ícone de Copacabana e o prédio mais alto
da orla durante alguns anos, ficou abandonado e decadente nas décadas de 80-90,
após ter sido construído (no final dos anos 60) um prédio no seu jardim frontal
na Av. Atlântica que lhe roubou a vista para o mar, o feio edifício verde, o
Ribeiro Campos. O edifício Guarujá foi restaurado na metade dos anos 90, sendo
atualmente um residencial com serviços, rebatizado de South Beach Copacabana
Residence Club.
Esta quarta foto é do Google Street View de 2019 e mostra o quarteirão da Av. Atlântica entre as ruas Constante Ramos e Barão de Ipanema. Essa foto deve ser comparada com a foto do início dos anos 20.
PS: as pesquisas do Maximiliano Zierer sobre a orla de Copacabana são tão interessantes e completas que mereciam ser reunidas em um livro. Já dei a ele esta sugestão. Tomara que aceite.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirAula interessante. Acompanharei os comentários. Subscrevo o último parágrafo. O prefácio deveria ser do Decourt.
Uma aula perfeita e recheada de pormenores.
ResponderExcluirTres Copacabanas em 100 anos de existência. Primeira retrata os belos casarões "europeus" num país tropical.Segunda e terceira os anos dourados. Nessa fase o CONDE já começava a "aprontar" com seus carrões conversíveis,emanando ao passar o inconfundível aroma de Lancaster. Na ultima já uma Copacabana caótica. Essa sinceramente não me agrada sobretudo em 31 de dezembro. Fui...
ResponderExcluirBoa tarde a todos. Dia corrido, já havia visto a postagem de hoje, mas só agora tive tempo para comentar.
ResponderExcluirComo o zoneamento urbano de Copacabana, foi elaborado inicialmente em grande parte de acordo com os proprietários de terrenos e seus interesses, depois desta primeira urbanização do bairro as alterações foram de acordo com o interesse conjunto de construtoras, proprietários e Prefeitura, porém sempre visando o$ $eu$ intere$$e$, deixamos de ter a melhor urbanização do bairro assim como o restante da zona sul, mais recentemente o mesmo vem acontecendo com a Barra da Tijuca, Recreio e Jacarepaguá. Tudo isso além de tornar a urbanização destes bairros caóticas, deixou de supri-los com o essencial, como rede água e tratamento de esgoto, bem como o transporte urbano de massa. E o resultado dessa política desastrada é o caos que vemos nos dias de hoje.
Morei no Guarujá quando pequeno. Salvou se e virou um apart hotel para idosos.
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