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segunda-feira, 17 de maio de 2021

CONFEITARIA COLOMBO

Vemos a Confeitaria Colombo, na Rua Gonçalves Dias, no Centro, perto da virada do século XIX para o século XX. A Colombo era um ponto de encontro das elites. É um exemplo típico da arquitetura art-nouveau e da “belle époque” carioca. Os gigantescos espelhos belgas, os mármores italianos e o mobiliário em jacarandá testemunharam mais de um século de história e trazem aos dias de hoje ares e aromas do século XIX. 

Foto dos anos 20 do século passado. A Colombo, fundada em 1894 pelos portugueses Joaquim Borges de Medeiros e Manoel José Lebrão - este último criador da célebre frase “O freguês tem sempre razão” - funcionou como um dos mais tradicionais pontos culturais e turísticos da cidade.

Na época, a mulher pouco saía de casa, mas frequentava a Colombo a partir das 14 horas, após as compras na cidade. Até quatro e meia da tarde, a Confeitaria estava repleta de senhoras elegantes e de boa família, que iam tomar chá ou sorvete, e fazer o seu lanche de empadinhas e quindins. Àquela hora, produzia-se uma verdadeira metamorfose no lugar. As famílias se retiravam como a um sinal dado. Às cinco horas em ponto começava a encher e, pouco a pouco, estava cheia outra vez. Chegava o batalhão da Suzana, logo depois o da Valéria, e outros grupos, era a hora em que as proxenetas de alto coturno chegavam, e conduziam suas artistas. (Do livro Contos e Contos, de Jorge Mitidieri). 

Esta foto, se me permitem a brincadeira, mostra o salão da Colombo no Centro por ocasião do aniversário, num dia 8 de abril, da comentarista Dra. Evelyn. O menu incluiu “Crême de Volaille aux perles du Nizam", “Filet de Badèje Montrouge", "Quartier de Pré-Salé Financière", “Aspic de Jambon orné", “Dinde truffée aux Marrons", "Salade Margot", "Argenteuils à la Chantilly", "Bavaroise aux pêches de Californie", "Parfait Praliné". Fromages. Fruits. Madère. Chablis. Margaux. Moulin-à-vent. Moët-Chandon Brut et Porto. Café et Liqueurs.

Vemos a desaparecida Confeitaria Colombo na esquina da Av. N.S. de Copacabana com Rua Barão de Ipanema. Li em algum lugar que este prédio foi construído pela Colombo, quando a sociedade comprou uma antiga estação de bondes que existia no local. Estávamos nos anos 80, com muitos camelôs pelas ruas.

Era o local de chá preferido de minha avó, fosse no salão térreo, fosse no segundo andar. Depois do chá ela sempre ia na loja da Colombo que dava para a Barão de Ipanema onde comprava uma lata de "marmeladinhas" e torradas que vinham num tipo de “bauzinho” de metal, em duas colunas, uma sobre a outra, acolchoadas com um papel branco franzido e, também, com um papel branco em tiras, para não se quebrarem. Estas torradas tinham um gosto todo especial. Faziam sucesso o “açucrinha” (tabletes de açúcar como aqueles que se dão para os cavalos) e a “coupe rêve d´amour”.  Nesta loja, como um armazém, os produtos eram embalados em papel cor de rosa e os rolos de barbante ficavam pendurados numa armação de ferro presa no teto, o que facilitava o trabalho de embrulhar. Era um ambiente bastante chique nos anos 50.

A Confeitaria Colombo de Copacabana, situada na esquina da Rua Barão de Ipanema com Avenida Nossa Senhora de Copacabana, ficou aberta até os anos 90, quando foi fechada e substituída por uma agencia do Banco do Brasil. Não sei se até hoje, mas até há alguns anos a arquitetura interior ainda estava intacta e no segundo andar, onde funcionava o restaurante e salão de chá, o velho piano ainda estava lá, trazendo à memória dos mais velhos os bons tempos da confeitaria.


O Conde di Lido, que lá ia para impressionar suas inúmeras namoradas, adorava comer o bolinho chamado “Rivadávia”, bem como o Sacripantina. E se empanturrava com os empanados de camarão. 

Já o Mauro Marcello, segundo os arquivos do SDR, era um apreciador dos deliciosos waffles com manteiga e geléia de morango.

Há alguns anos a Colombo abriu uma filial dentro do Forte de Copacabana. De suas mesas se tem uma vista estupenda, mas, contam, a comida não é como a dos velhos tempos.

As latas redondas de Leques Gaufrettes para servir com sorvete, faziam sucesso. Na casa do prezado Gustavo Lemos há uma coleção delas.

A Nota Fiscal das despesas do chá de D. Balbina Albuquerque Sousa em 1935.

 

28 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Passei em frente algumas vezes e entrei, com minha irmã, outras tantas. Ela é fã da confeitaria e sempre comprava algo.

    Conheci a filial do forte. A outra de Copacabana, não.

    Achava, com o perdão do trocadilho, os preços "salgados".

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  2. Na matriz do Centro, as simpáticas cadeiras em estilo belle époque, ainda são as mesmas que aparecem nas fotos. Minha mãe me levava mais na filial de Copacabana, em razão da proximidade. Era uma festa, quando, após reiterados pedidos e súplicas, ela nos levava para comer waffles, que creio, só eram encontrados por lá. Vira e mexe, ela também chegava em casa com essa lata dos deliciosos Leques Gaufrettes, que combinavam muito bem com sorvete de creme da Kibon e que depois serviriam para guardar o time de botão.

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    1. A STASI do SDR já havia denunciado o Mauro Marcello quanto aos waffles na legenda da foto do salão de Copacabana.

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    2. Polícia secreta da Alemanha Oriental

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  3. Colombo de Copacabana, essa sim, me dá grandes saudades.

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  4. Fui poucas vezes no passado à Colombo de Copacabana. Apesar da excelência do "ponto", o empobrecimento da população e os altos preços foram fatores preponderantes. A cidade está repleta de barraquinhas e ambulantes oferecendo lanches a preços baixos. O que mais espanta e a comercialização de "pastel de feira" nas calçadas mais movimentadas da cidade. A Colombo da rua Gonçalves Dias é um ponto obrigatório para quem tem bom gosto e dispõe de dinheiro. No Século XX estava sempre lotada.

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  5. Bom Dia! Fui uma vez só na loja do Centro. Não era pro meu "bico".

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  6. Até que a coxinha a 7,90 (vi no guia Veja Rio) da Colombo não é a das mais caras. Vá comer uma em qualquer lanchonete de aeroporto pra ver...

    Antigamente encontrava-se vários doces em lata da marca Colombo nos supermercados; a "bananina" (a grafia era assim mesmo), um doce de banana de cor castanho claro, era uma delícia. Não sei se era marca referente a mesma empresa.

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  7. Acho que doces e salgados finos eram restritos a um pequeno número de estabelecimentos antigamente. Hoje mesmo pequenos pontos comerciais vendem doces e salgados mais sofisticados, o que ajudou a derrubar os preços e diminuiu um pouco a relevância que tinham a Colombo e a Cavé, por exemplo. Não se trata de estabelecer comparações de qualidade. A questão é que ninguém mais está obrigado a ir nessas lojas mais sofisticadas pra comer determinados alimentos. E também deve ser destacado que muitos desses produtos passaram a ser produzidos de forma industrial e vendidos em supermercados. De toda forma ir na Colombo continua a ser muito bom

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  8. Reportando-me ao comentário do Conde publicado ontem às 18:49,mais uma vez se enganou quanto ao Aldo de Maio.Tanto Maio quanto Cleto não eram grandes apreciadores do "belo sexo".

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  9. Já passei muitas vezes pela Gonçalves Dias, mas nunca entrei na Colombo.
    A sumida Evelyn tinha como sonho uma cafeteria em cada esquina. Algumas vezes comentava sobre como estavam atualmente alguns prédios e logradouros mostrados no SDR, geralmente os existentes em sua área de circulação entre Laranjeiras e o Centro, indicando os locais ideais para instalação de estabelecimentos onde seriam servidos cafés, chás, torradas, bolos e biscoitos (refrigerante só o Mineirinho).

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  10. Reportando-me ao comentário do Eraldo de ontem, às 20:47h: Prezado Eraldo, não havia necessidade de você redigir seu comentário. Em momento algum eu contestei o que você havia escrito às 15:41h. Na verdade, minha lembrança era do nome Vesperal Trol, como você escreveu, mas como o texto do Luiz citava Teatrinho Trol, fui na onda. Talvez o nome tivesse mudado em algum momento.

    Quanto à Neide Aparecida, era a lembrança que eu tinha. Mas na Internet diz que ela também fazia papeis nas peças. Disso eu não me lembro.

    Portanto, meu comentário não visou em momento algum entrar em conflito ou contestar o seu.

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  11. Quanto à Confeitaria Colombo, nunca entrei me nenhuma das instalações dela. Mas há uns três anos tentei ir à da Forte de Copacabana, tomar um café da manhã, embora já fosse mais de 10h. Porém havia uma espera de uma hora e meia, e sem garantia de poder ficar na parte ao ar livre, com vista maravilhosa para a orla de Copacabana. Talvez acabássemos ficando na parte interna, por sinal muito pequena.

    Depois de ver os preços do cardápio, observar o que estava servido nas mesas e diante da espera, cheguei à conclusão de que o custo era muito maior que o benefício. Aliás, essa é uma análise que faço o tempo todo, em qualquer assunto.

    Isto posto, desisti e fui tomar café da manhã numa lanchonete qualquer.

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    1. Há um tempo atrás estava no centro da cidade e resolvi ir na Colombo. O balcão estava muito cheio e desisti. Fui num boteco próximo, o Opus, e comi um sanduíche de pernil. Acho que ficou melhor assim....

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  12. Bom dia a todos. Da última vez que entrei na Colombo do Centro, estava bem cheia, a qualidade dos salgados e doces já não eram a mesma. Digo que a beleza da Confeitaria Colombo se compara as mais belas Confeitarias Europeias, como a de Viena, Paris, Veneza, Budapeste, Lisboa, Porto, Roma, Madrid, Barcelona e outras tantas. Agora em qualidade de doces, fui em uma em Sevilha, que era o manjar dos Deuses e olha que eu não sou um fã ardoroso de doces, sou muito mais apreciador de uma Mofada ou Canela de Negro.

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  13. Conheci o outro lado da Confeitaria Colombo. Seu lado industrial no bairro da Gamboa. Lá tive bons momentos com um amigo funcionário de lá.

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  14. Conheci o outro lado da Confeitaria Colombo. Seu lado industrial no bairro da Gamboa. Lá tive bons momentos com um amigo funcionário de lá.

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  15. Queria responder ao Anônimo em relação à postagem de ontem. Se vc duvida das coisas que digo, entra na fila que é encabeçada pelo titular deste fotolog. Ele tb não acredita em nada do que eu falo. Estou acostumado com essas desconfianças. Ocorre que tenho 73 anos e vivi intensamente a vida. Vc, Anônimo, não faz ideia das historias que ja contei para o Luiz e ele questionou. De muitas eu tenho provas, de outras, não. Acho que ficaria muito ruim um velho como eu ficar inventando histórias. Já vivi muito, Anônimo. E vivi sempre em níveis muito altos, o que, atualmente não é a verdade. Sou um ser recluso, mas na minha juventude, eu era um cara muito interessante e passei por coisas bem interessantes. A minha única intenção era compartilhar com vcs as minhas experiências, mas, se vcs não me dão crédito, vou parar de comentar as coisas boas que aconteceram comigo.
    Pena... as coisas vão ficar na minha memória e vou poupá-los de saber. Um abraço!

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    1. Nobre Conde, não nos deixe órfãos de seus casos. O Docastelo também contava coisas do arco da velha. Parece ter conhecido todo o mundo, do Papa ao engraxate da esquina.

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    2. Ilustre Conde: eu tinha uns oito anos e meu pai fora convidado - com outros jornalistas e famílias - a um passeio pela Baía de Guanabara a bordo do navio Mocanguê, num domingo, comemorando o aniversário do Lloyd Brasileiro. Foi sensacional!

      Na segunda-feira, na escola, chegou a minha vez de contar o que fizera no final de semana. Falei entusiasmado dos botos acompanhando o navio, dos fortes que avistei na orla, das bebidas e almoço à vontade, de como fiquei impressionado ao ver a cabeluda Luz del Fuego nua em pelo acenando pra gente da Ilha do Sol.

      Resultado: após a gargalhada geral da turma, a professora mandou-me sentar e foi assim que fiquei tachado de mentiroso pelo resto da infância. Por experiência, sugiro respirar fundo e consolar-se com Lucas 23.34, pelo homem religioso que você é.

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  16. Conde, meu querido DI LIDO, não pare de comentar pois vc.é um enciclopédia viva dos anos dourados. O litros de Lancaster que vc.usou durante a sua juventude não foram em vão. Portanto não pare de destilar sua vida de nobre. Sua viagens a Cortina D'Ampezo estão nos anais históricos. O JBAN é testemunha.

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  17. Caríssimo Conde, isto é pura inveja. Como duvidar de um homem do mundo, riquíssimo, amigo do Xá da Pérsia, vizinho do Peter Sellers e Elke Sommer, cicerone do Piazzola, amicíssimo do Papinha Hilton Gomes,íntimo de todos os donos, porteiros e seguranças das melhores boates do Rio. Como bem diz o Menezes, aquele Lancaster arrasava quarteirões (as BR que o digam). Companheiro de J. Ickxx em Le Mans, testemunha das ações daquele Beatle em Trafalgar Square. Desde que vc não conte certos enganos comprometedores está tudo certo. Nem mencione o affaire com o Jô, é claro.
    Acompanho os que pedem que vc continue por aqui. O comentário deve ter sido do JBAN, que não vale nada.

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    1. Luiz, vc está jogando contra ou é impressão minha? Já te provei muitas coisas. Outras não tenho como. Para aliviar o clima , vou abster-me de comentários que envolvam a minha humilde pessoa.

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    2. Pô, Conde, apenas sublinhei passagens importantes.

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  18. Ler os comentários em sequencia, no fim de tarde de um dia do cão , é uma delícia. Ir a Colombo do Centro é um acontecimento. Poucas vezes fui, mas imagino o transporte daqueles espelhos inteiriços padrão Castelo europeu. O Pingo de Tocha é um doc cruel. Os leques eram rara alegria de infância , ainda mais quando separadas as folhas de cada um. É caro, pois a média dos frequentadores paga em euro ou dólar. Doces portugueses na quinta das concertinas tem ótimos.Hoje saiu de oda, acho, as maquinas de waffles em casa, como não é mais comum ter a receita dos quadrados. Em Punta no Auberge a fama dos waffles justifica-se, assim como das "media lunas calentitas". Não conheço o Conde, mas todo carioca vivido já teve seus dias de glória e já topou com bacanas internacionais. Transita bem no Michel e Regine´s, e também no Caranguejo e Adega Pérola. Já assisti Formula 1 e Carnaval em mega camarotes seletos e já fiz programa de muito pobre, sem "pobrema". A palavra do momento é equilíbrio dinâmico, MV, movimento variado. E la nave va. Em 13 de julho saboreio a segunda dose da Astra Zeneca. A partir daí um pouco mais tranquilo, mas sem baixar a guarda.

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  19. Amigos comentaristas, o mestre Conde DeLido, é uma pessoa franca incapaz de mentir sobre algum acontecimento ou fato, pode talvez torná-lo cômico, grandioso ou mesmo sem qualquer importância na sua visão, porém sem desvirtuar do acontecimento. Passar uma tarde ao seu lado, ouvindo suas histórias e bebendo algumas doses de JWBL, é um acontecimento impagável e também inesquecível, principalmente depois da 10ª dose. Os amigos do SDR que tem o prazer de participar com sua presença nos encontros do SEMPRE, podem afiançar o que estou dizendo.

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