Foto enviada pelo
Francisco Patricio. Vemos o espetacular edifíco do "Club de
Engenharia". A construtora foi a firma "R. Rebecci &
Cia.", o projeto é do famoso arquiteto Heitor de Melo. O edifício foi
inaugurado na manhã de 16 de fevereiro de 1910. Em termos arquitetônicos era
dos mais originais da Avenida Central. Ao seu lado aparece o edifício da Casa
de Instrumentos Arthur Napoleão e, em seguida, o magnifico Palacete da
Associação dos Empregados do Comercio. Os toldos de cor clara (térreo) na esquina
com a Sete de Setembro, pertenciam à Casa Hermanny.
“A 24 de Dezembro de
1880, a convite do Sr. Conrado Jacob de Niemeyer, reuniram-se 50 engenheiros e
industriaes afim de installar a associação que tomou o nome de "Club de
Engenharia". O "Club de Engenharia" tem por objectivo
principal o estudo e discussão de todos os problemas que se relacionem com a
Engenharia e a Industria. A sua opinião no Brazil é altamente acatada; e por
mais de uma vez lhe tem o Governo confiado o estudo de questões que se prendem
ao desenvolvimento económico do Paiz. Nesta ordem de idéas, tem o Club prestado
relevantes serviços, occupando-se do estudo de traçados de linhas ferreas,
obras contra as seccas ao Norte do Paiz, determinação do preço de fornecimento
de energia electrica,etc,etc. O Club de Engenharia publica uma revista, em que
aparece a relação dos projectos e sua discussão, assim como os problemas
apresentados ao estudo dos seus sócios. Acha-se o Club soberbamente installado
à Av Central, 124, 126, num mágnifico Palacete appropriado ao seu
funccionamento e que offerece grandes commodidades aos seus sócios. O Club é
administrado por uma Directoria e um Conselho Director,em que figuram os nomes
mais notáveis na Engenharia e Industria Brazileiras."
A fotografia mostra o que
restou do prédio em construção do Clube de Engenharia, que ruiu em 14/02/1906,
para desmoralização da classe naquela época. Felizmente o número de mortos foi
diminuto, apenas dois, ao contrário do que se pensava inicialmente. A Polícia
abriu inquérito sobre a ocorrência e o primeiro a depor foi o Dr. Heitor de
Mello, empreiteiro das obras, que atribuiu as causas do sinistro às más
condições da cantaria, dizendo que diversas vezes reclamou à Comissão de Obras
da Avenida Central, mas que recebera ordens de ir adiante. O segundo a depor
foi o arquiteto Raphael Rebecchi, fiscal da obra, que disse não poder
determinar as causas do desastre, nem seus responsáveis. Talvez fossem as
chuvas continuadas que caíam sobre a cidade. O terceiro a depor foi o mestre de
obras Bernardino Huche y Bella, que atribuiu o desabamento a defeito na
cantaria, pois a argamassa de que se servia era boa. O Dr. Paulo de Frontin,
presidente do Clube de Engenharia, ao contrário, achava que o desastre fora
devido à argamassa de cal e areia, cuja pega era demorada. O arquiteto Antonio
Jannuzzi era desta mesma opinião, ao passo que o engenheiro J. Valentim Dunham
pensava diversamente: dera-se o desabamento pela grande quantidade de material
depositado no piso superior. Segundo Dunlop não foi possível saber como
terminou o inquérito, pois daí a dez dias começou o Carnaval...
Vemos o prédio do Clube de Engenharia e, logo após, o prédio do Jornal do Brasil. O edifício foi inaugurado na manhã de 16 de fevereiro de 1910 e ficava na esquina da Rua Sete de Setembro com Avenida Rio Branco, local onde a partir da década de 40 começou a ser construído a atual sede, no Edifício Edson Passos, inaugurado em 1957. O prédio atual do Clube de Engenharia teve a sua construção iniciada em 1946, pelo então Presidente, Eng. Edison Passos, tendo sido ampliado o terreno da sede anterior, após a aquisição do prédio ao lado, antigo número 82 da Rua Sete de Setembro. Mas foi o Prof. Maurício Joppert da Silva o Presidente do Clube de Engenharia que acabou por concluir as obras e que inaugurou o prédio, em 24 de dezembro de 1957. O Engenheiro Passos faleceu em 1954, três anos antes da conclusão das obras do prédio atual e a Diretoria decidiu prestar-lhe homenagem póstuma, dando seu nome ao novo prédio.
Curiosidade: recebi de um
comentarista do SDR que meu tio, James Fitzgerald Darcy, aquele da mansão da
Av. Atlântica, foi o principal advogado da Firma que edificou este Edifício do
"Club de Engenharia". Segue parte do texto dele, escrito em 1911:
“A sociedade R. Rebecchi
& Cia., foi fundada em 1897 pelo seu actual chefe, o Dr. Raphael Rebecchi,
engenheiro e architecto, antigo alumno da Universidade de Roma, diplomado por
aquella com patentes de Architecto e de Engenheiro Civil, e galardoado com
muitos prémios nas materias scientificas por elle cursadas. A sociedade é
constituida por dous sócios solidários, isto é, o referido Dr, Raphael e seu
filho Sylvio, engenheiro e architecto. A Sociedade para attender aos seus
importantes trabalhos, tem depósito de materiaes, officinas de carpintaria e de
trabalhos em ferro, pedreiras, planos inclinados, etc. A Sociedade tem
construido muitos edificios publicos e particulares, desde os primeiros annos
da sua constituição, entretanto, o seu extraordinário desenvolvimento e a sua
notoriedade no Brazil tiveram impulso no quadriennio presidencial do Dr.
Rodrigues Alves, isto é, quando foi decretado o saneamento e a transformação da
Capital Federal. A principal obra executada naquelle memoavel periodo de
trabalho foi a abertura da Avenida Central.
O Governo, afim de dar á
grandiosa obra um cunho artistico digno da sua importância, abriu um concurso
internacional para apresentação de typos architectonicos, aos quaes devessem
obedecer os palácios e prédios da nova Avenida. O interesse do publico por este
concurso foi excepcional. O numero dos concorrentes chegou a 137, tomando parte
no "certamen" não só os melhores architectos brazileiros, como também
muitos de França, Inglaterra, Itália e de outros paizes. O primeiro prémio
desta contenda artistica, que ainda hoje é lembrada como a maior que houve no
Brazil, foi decretado aos projectos apresentados pelo Dr. Raphael Rebecchi.
A Firma R. Rebecchi & Cia ligou o seu nome a muitas outras victórias em
posteriores concursos, sendo dignos de especial menção o do palácio para a
Associação dos Empregados da Estrada de Ferro Central do Brazil, executado à
Rua Visconde de Isaura, o projecto da nova torre da Catedral do Rio de Janeiro,
o Palacio do Club de Engenharia, em cujo concurso tomaram parte insignes
membros daquelle importante centro da arte e da techinica do Brazil.
São obras admiradas no Rio de Janeiro e executadas pela Firma, o prédio do
"Bastidor de Bordar", na Av. Central, de estylo pompeiano, com
pinturas do affamado artista Prof. Henrique Bernardelli; o prédio Garnier, na
mesma Avenida; o palacete do Sr. Dr. Mello Reis, à Rua Marquêz de Abrantes, o
palácio do Sr. Dr. Emilio Grandmasson, à Praia de Botafogo; o palacete e
"atelier" do Prof. Rodolpho Bernardelli, Director da Escola de Bellas
Artes, à Avenida Atlantica; o ingresso monumental da Casa de Correção e suas
enfermarias (Frei Caneca). A Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro,
colossal Instituição de Caridade, confiou à Sociedade R. Rebecchi & Cia, a
construcção da Casa dos Expostos, vasto edificio de 2.500 metros quadrados no
meio de vasto terreno à Rua Marquêz de Abrantes, como também de diversos outros
edificios para aulas e officinas do referido estabelecimento. A mesma Santa
Casa mandou projectar e executar pela Firma, actualmente em construcção, um
grande Hospital Sanatório para tuberculosos em Cascadura (arrabalde do Rio de
Janeiro). A Firma R. Rebecchi, tem o seu escriptório à Rua Sete de Setembro,
67.”
Bom Dia! Vou voltar aqui mais tarde para ler com calma e ver melhor as fotos. Agora,que o vento forte passou,vou esperar acabar de clarear para varrer as folhas e arrumar todo o quintal.
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirTexto muito interessante, especialmente o do Dunlop.
Estive pouquíssimas vezes no prédio do Clube. Lembro de ter ido em uma exposição sobre o centenário da Avenida Central, em 2005.
FF: morreu ontem, aos 101 anos, Orlando Drummond, um dos maiores dubladores da história do país, fora o humorista. Deu voz em português a inúmeros personagens conhecidos mundialmente.
ResponderExcluirBom dia a todos. Lembro que recebi um convite para ir assistir uma palestra no Clube de Engenharia logo que entrei na Faculdade, mas não fui, tinha um jogo de futesal no mesmo dia e horário.
ResponderExcluirA hierarquia de valores é muito importante. Para mim um jogo do Flamengo tem sempre preferência…
ExcluirQuanto ao comentário das 08:02, Orlando Drummond morava no chamado "Bairro Comendador" em Vila Isabel onde meus avós maternos moraram nos anos 40 e 50 mas minha mãe e meus tios nunca deixaram de frequenta-lo. O que chamava a atenção nele era a boa saúde e a extrema lucidez, sempre acompanhada de bom humor. Excelente pai de família, nada tinha de gay ou de bicha como muitos acreditam em razão de seu personagem "Seu Peru". Ele na verdade "morreu de velhice".
ResponderExcluirLendo esses textos antigos, considero ter sido importante a reforma ortográfica de 1943, para simplificar palavras que tinham letras não pronunciadas, como "assumpto", "alumno", etc. Já a de 1971, que acabou com acentos diferenciais, e a de 1990, acho que visaram apenas melhorar a vida dos semianalfabetos e complicaram o entendimento de muitíssimas palavras, que vistas isoladamente não é possível saber do que se trata.
ResponderExcluirExemplos:
1) "ele" é o pronome pessoal ou o nome da letra L?
2) "leste" é o ponto cardeal ou o pretérito perfeito do verbo LER.
3) "estrela" é o astro celeste ou é o presente do verbo ESTRELAR?
4) "deste" é o pronome demonstrativo ou o pretérito perfeito do verbo DAR?
Um dos que mais complicam, na minha opinião, é o pode e pôde.
ExcluirHélio, as coisas ainda podem piorar. A ortografia "pré 1943" era bastante complexa e seu aprendizado habilitava o estudante ao domínio da então complexa língua portuguesa. Em tempos do "é nóis", do "pra nóis fazer" e do "a gente fomos", os chamados "pronomes neutros" querem ser impostos ao nosso idioma pela sociedade LGBT. Em tese ficam abolidos o uso dos artigos e pronomes que definem o gênero. O Sólido passa a ser "sólide", o bonito e a bonita passam a ser "bonites", o lindo e a linda passam a ser "linde". Essa é a linguagem usada entre travestis, gays, sapatões, pederastas, e lésbicas em conversas em comum com membros da comunidade LGBT e que a esquerda quer implantar no ensino fundamental.
ExcluirPostei comentário, mas esbarrei e não foi. Pecado o que fizeram na Av. Cenbtral. Bastava deixar os prédiso da rua; seria "o" corredor cultural, histórico e chique da América Latina. Jardim Botancio sendo agora bombardead por predinhos modernos com quitinetes de luxo de "baits" e "mozaks". Livrarias sumindo. Triste e dificil, mas tem o Posto 6 pra animar. Chegando o frio.
ResponderExcluirA respeito do comentário do Mauro eu também tive que "juntar" as folhas das árvores da casa, depois da ventania. O ipê roxo, meio que de pirraça comigo, tem largado folhas, mas não tem florido, como vários que eu tenho visto nas ruas.
ResponderExcluirChega a ser cômica essa história do desabamento do prédio do Clube de Engenharia; fez lembrar daquele provérbio: "casa de ferreiro, espeto de pau".
Outra palavra que ficou confusa nos textos após a última reforma ortográfica foi "para", que agora é igual tanto pra conjunção quanto para o verbo. A trema acho que tinha que ter acabado mesmo...