A SAARA (Sociedade dos
Amigos da Rua da Alfândega e Adjacências) é um exemplo de coexistência
"pacífica" para todo o mundo. A área comercial popular no centro do
Rio de Janeiro é formada por 11 Ruas e cerca de 1.250 lojas. Judeus de várias
partes do mundo chegaram no final do século XIX e dividem o espaço com
descendentes de sírios, libaneses, turcos e armênios. Mais recentemente
chineses, japoneses e coreanos. Uma associação formada em 1962 pelos
comerciantes de uma das mais antigas e dinâmicas áreas comerciais do Rio de
Janeiro, tornou-se de tal maneira popular que passou a identificar todo o
trecho do centro do Rio circundado pelas Ruas dos Andradas, Buenos Aires,
Alfândega e Praça da República.
As ruas do que é hoje a
SAARA foram urbanizadas ainda no século XVIII, décadas antes da chegada da
corte portuguesa no Brasil. A principal rua da região, a Rua da Alfândega, é
também a mais antiga. Ela existia já no século XVII, com o nome de Caminho do
Capueruçu. Fazia a ligação entre a Várzea (começava na antiga Rua Direita,
atual Primeiro de Março) e a Lagoa do Capueruçu, na chamada "boca do
sertão", caminho direto para Minas Gerais.
Chamou-se também Rua da Quitanda do Marisco, Rua dos Governadores (porque nela ficava a residência dos governadores), Rua de Santa Efigênia, Rua do Oratório de Pedra (porque um oratório de pedra nela existiu ali na esquina da Regente Feijó), Rua de São Gonçalo Garcia e finalmente Rua da Alfândega. A Rua Senhor dos Passos chamou-se originalmente caminho de Fernão Gomes. Recebeu o nome atual por causa da capela que nela foi erguida em 1737 sob a invocação do Senhor dos Passos.
Na foto o Banco Boavista, a loja Feres Sauma, citações ao Banlon, o antigo telefone do Corpo de Bombeiros, uma multidão. Outros tempos.
Paralela a esta rua, a Rua
Buenos Aires foi em outros tempos chamada de Rua do Hospício. Esta denominação
veio de um asilo fundado por frades capuchos italianos, num quarteirão próximo
à Rua Direita. A partir de 1915 a antiga Rua do Hospício veio a se chamar
Buenos Aires. Entre as ruas transversais, a principal é a Avenida Passos, que
ganhou este nome após as reformas que o engenheiro Pereira Passos, então prefeito,
implantou na cidade. Rua do Sacramento era o seu antigo nome, por nela estar
situada a igreja dessa invocação, matriz da Freguesia do Sacramento.
Outra rua importante é a
Avenida Tomé de Souza, continuação da Rua República do Líbano. Já teve os nomes
de Segunda Travessa de São Joaquim e Rua do Núncio, antigamente uma conhecida
zona de meretrício da cidade. Vizinhas a esta rua estão as ruas Regente Feijó (antiga
Primeira Travessa de São Joaquim) e Gonçalves Ledo, que outrora foi chamada de Rua
de São Jorge, e as ruas da Conceição e dos Andradas.
O camelô estaria vendendo cavalinhos?
Com a pandemia do
Coronavirus não tenho ideia de como anda a região, já que o Centro anda um deserto. Havia diversos lugares para
se comer bem na SAARA: o restaurante Sírio-Libanês, na Rua Senhor dos Passos, do meu
velho companheiro de volei de praia Jawal Ghazi (mais conhecido como Joel) é
uma boa indicação. São imperdíveis o carneiro com lentilhas, as esfihas,
tabule, cafta, etc. Está aberto e faz “delivery”.
A Padaria Bassil, também na
Senhor dos Passos, tem uma esfiha dos deuses. Já o Penafiel se foi bem antes da
pandemia. O Cedro do Libano é outra opção. Não faltam lojas para comprar humus
tahine, azeitonas e pão árabe, além de um doce sírio delicioso: Belewa de Nozes
com calda de mel. Também valia a pena uma visita à Charutaria Syria que, infelizmente, não resistiu e fechou no ano passado.
Bom Dia! Já foi tempo que fazer compras no SAARA era vantajoso.
ResponderExcluirA primeira foto é dos 70, já que a indumentária das pessoas e o número do telefone com sete dígitos comprovam isso. A segunda foto se situa entre 1961 e 1964, já que as placas indicativas de rua iluminadas foram adotadas já no estado da Guanabara e os Bondes circularam na Avenida Passos até 1964. A última foto já é do Século XXI.
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirAndei muito por essa região há quase trinta anos. Depois mais esporadicamente. Acho que não passo por lá desde 2019.
A placa com o telefone dos bombeiros aparecia em outros pontos do centro, como em frente à loja da Mesbla. Posso estar errado mas só mudava o prefixo e o final era o 1234. Depois criaram o 193, só não sei quando.
A incidência de árabes é bem maior do que a de Judeus, até pelo tipo de comércio. A presença de chineses e coreanos é bem mais recente, é bem mal vista pelos comerciantes, e se resume às lojas de 1,99 e de "pastel de vento". Durante o auge da Pandemia as ruas da Saara eram quase desertas e muitas lojas "quebraram". Quem transita pela região atualmente fica assustado com moradores de rua, desocupados, e crackudos. Em alguns locais como a esquina da Presidente Vargas com a Praça da República junto à igreja de São Jorge, há uma distribuição diária de comida para necessitados na hora do almoço, o que gera uma fila de centenas de pessoas. Como se pode perceber, "isto é Brasil".
ResponderExcluirCirculei pouco por essa área.
ResponderExcluirOs imigrantes do Oriente Médio eram todos turcos para nós, porque, segundo historiadores, no início do século 20 tinham o passaporte da Turquia, que dominava aquela região, o chamado Império Otomano.
Se você chamar um árabe de turco é uma ofensa gravíssima. É quase como chamar um baiano ou alagoano de "paraíba". ## Não há como melhorar a condição financeira da população brasileira enquanto a carga tributária não for reduzida e o cipoal de leis que regulam as relações de trabalho não for simplificado. Além disso a redução de privilégios da classe política e a taxação das grandes fortunas são medidas urgentes que precisam ser implantadas. A Pandemia desnudou sem piedade a desigualdade aviltante que existe no Brasil. É inadmissível em um país que se arroga "civilizado" a existência de qualquer tipo de imunidades e do foro privilegiado. O art. Quinto da C.F reza que "todos são iguais perante à Lei sem qualquer distinção de raça, credo, etc", mas o que dizer desses malditos privilégios, cotas raciais, etc? O povo Norte-americano ama o seu país em razão dele ser um país justo, mas o povo brasileiro "já está pegando o seu boné"...
ExcluirE, meu pai sempre se referia as pessoas do Oriente Médio os chamando de turcos.
ExcluirSobre a situação dos comerciantes, até agora parece que não há plano para socorrer a longo prazo os pequenos e médios comerciantes.
ResponderExcluirAinda não vi vontade do ministro da economia em mudar a cartilha que ele elaborou em 2018, antes da crise da pandemia, que contempla mais os banqueiros e os grandes empresários, exceto por paliativos insuficientes.
Como curiosidade, consta que a palavra Saara significa "deserto". Então, falar "deserto do Saara" é uma redundância. Tal como falar "monte Fujiyama", pois "yama" já é "monte", ou "ilha de Iwojima", pois "jima" é "ilha". Dizem.
ResponderExcluirQuando trabalhava no Centro, até 2016, vira e mexe ia passear na Saara para ver o movimento e comer quibe frito no Rei do Kibe, situado na Av. Tomé de Souza, entre as Ruas da Alfândega e Senhor dos Passos. A loja pertence aos mesmos proprietários das Casas Pedro. Na saída, passava na Padaria Bassil, na Senhor dos Passos e comprava os famosos e quentinhos pães árabes para levar.
ResponderExcluirBoa noite a todos. A região vem se transformando a cada ano, os Árabes e Judeus, de segunda e terceiras gerações, já não estão seguindo nas atividades de seus pais e avós, hoje já é muito grande o número de lojas de Koreanos e Chineses, também começa aparecer algumas lojas de Indianos. Sabemos que os problemas econômicos e de legislação são grandes entraves ao desenvolvimento da economia, mas eles são muito reclamados pelos brasileiros, que na sua grande maioria preferem não se estabelecerem e preferem empreender como camelôs, sem pagarem impostos, revendendo mercadorias falsificadas, roubadas e trazidas do Paraguai de maneira ilícita.
ResponderExcluirConheci a região do SAARA ainda como área residencial nos anos 60 e 70, vários amigos meus que estudaram comigo primário na Escola Tiradentes, moravam nessas ruas, lembro ainda de amigos que moravam na R. Constituição, República do Líbano, Tomé de Souza, Buenos Aires, Senhor dos Passos, Alfandega, Regente Feijó, Gonçalves Ledo. Também existia o comércio que atendia a estes moradores, como armazéns, açougues, quitandas e padarias, que foram desaparecendo conforme a região deixou de ser residencial.
ResponderExcluirJá havia telefone de sete dígitos no final dos anos 60.
ResponderExcluirO Lino Coelho tem razão quando afirmou que muitos preferem se estabelecer como camelôs para fugir dos impostos escorchantes impostos. Mas esses são os mais inofensivos, pois praticam a "camelotagem" para comer, enquanto grandes companhias praticam descaminho e contrabando para iludir impostos, e esse prejuízo chega a bilhões de Reais. Só para se ter uma idéia o produto mais contrabandeado é cigarro paraguaio. Mas o entrave para qualquer reforma está no Congresso Nacional, já que para a maioria de seus membros o Brasil é o que menos importa. ### Os telefones da CTB do Estado da Guanabara passaram a ter sete dígitos no início década de 70, porém alguns subúrbios como Madureira e Campinho eram administrados pela CETEL, criada nos anos 60 e os telefones possuíam sete dígitos. Para muitos como o da casa de minha tia em Jacarepaguá era preciso girar a manivela e pedir à telefonista uma linha: a dela era "Jacarepaguá 7" e assim permaneceu até meados dos anos 70.
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