Vendo as fotos de hoje ainda fico espantado ao lembrar dos meus tempos de adolescente, quando viajava de bonde pela Av. N.S. de Copacabana, com o sistema de mão e contramão. Na maior parte do tempo o tráfego seguia lento, com automóveis, ônibus e lotações se espremendo entre os bondes.
O bonde 20, “Leme-Ipanema”, na contramão, perto da esquina da Rua Paula Freitas, em foto garimpada pelo Nickolas. À
direita, o botequim com o letreiro “Café Capital” deu lugar, atualmente, ao “Café
Cultura”, que funciona no mesmo prédio visto na foto.
Segundo o Helio, nesta
época o trajeto era: Praça. Almte. Júlio de Noronha - Gustavo Sampaio - Antônio
Vieira - N. S. de Copacabana - Francisco Sá - Gomes Carneiro – Visconde de
Pirajá (até Henrique Dumont, onde existia o “rodo”).
O curioso é que, na minha
memória, o bonde 20 teria o nome “Circular”, tal como o bonde 21, mas vejo que
estava errado.
Outra foto garimpada pelo
Nickolas. Vemos o bonde da linha 20,
Leme-Ipanema, nº de ordem 1807, na mão de direção dos demais veículos. O local é perto da Av. Princesa Isabel, com os
trilhos dos bondes mostrando um desvio para a esquerda. À direita, na frente do caminhão Plus Vita, vemos a Farmácia Natal, que ficava na Av. N.S. de Copacabana nº 74, parte do Edifício Joapiranga, pertinho da Av. Princesa Isabel.
Vemos o bonde 21,
"Circular", colorizado pelo Conde di Lido. Seu trajeto era, segundo o
Helio: Praça Juliano Moreira - General Góis Monteiro - Passagem - Praia de
Botafogo - São Clemente - Largo dos Leões - Humaitá - Jardim Botânico - Praça
Santos Dumont - Bartolomeu Mitre - Dias Ferreira - Ataulfo de Paiva - Visconde
de Pirajá - Gomes Carneiro - Francisco Sá - Nossa Senhora de Copacabana -
Princesa Isabel - Túnel Engenheiro Marquês Porto - Lauro Sodré - Praça Juliano
Moreira.
Na minha memória o bonde
21, “Circular”, tinha dois trajetos: uma via Botafogo e outro via Copacabana. Tenho
certeza que meus colegas do Santo Inácio voltavam do colégio, em Botafogo, no “21”,
trajeto inverso ao descrito acima, com o bonde na São Clemente, em frente à
igreja de Santo Inácio, dirigindo-se para a Praia de Botafogo.
O bonde da foto está em frente ao
nº 162 da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, Edifício Comodoro, cujo térreo
está modificado atualmente, com uma loja das Casas Pedro. Observando com
atenção, à direita, na altura do 2º andar do prédio, há uma placa branca com
letras pretas, perdurada num fio, indicando “PARADA”, ou seja, ponto de bondes.
Era bem em frente à Praça do Lido.
Bem pertinho, quase ao lado,
funcionou um dos restaurantes mais tradicionais do Rio, o " Le Bec
fin", no nº 178, esquina de Ronald de Carvalho, fechado há alguns anos. Atualmente
há a loja “Led Expert”.
Na outra esquina, a da
Belfort Roxo, na época havia uma loja de sapatos, muito antiga, substituída
atualmente pela loja “Cinto Rápido”.
Nesta foto garimpada pelo
Nickolas vemos o bonde 21 – Circular, nº de ordem 1742, trafegando pela Av.
N.S. Copacabana, quase na esquina da Rua Siqueira Campos, em direção ao Leme.
Segundo o Joel, a linha
de bonde 21 foi a última a circular na Zona Sul e circulou pela última vez em
21/05/1963.
À direita, onde vemos o anúncio da
Cinzano, está o Café Pernambuco, tradicional bar de Copacabana, que existiu do
início do século XX até a década de 60 e que tinha como endereço Rua Siqueira Campos nº 53, esquina com Av. N.S. de Copacabana.
Outra foto da mesma
esquina, garimpada pelo Nickolas. Lembro das muitas vezes em que, voltando do
colégio, o bonde 14 – General Osório descia a Siqueira Campos e dobrava na
contramão na Av. Copacabana como na foto acima e eu me espantava com o número
enorme de pessoas tomando café no balcão.
O bonde tinha acabado de
passar pelo Cinema Flórida, na Siqueira Campos. A quantidade de trilhos mostra
que este cruzamento era muito movimentado.
Vemos, na contramão, o
bonde 12, “Ipanema”, cujo trajeto era, segundo o Helio: Tabuleiro da Baiana - Senador Dantas -
Luís de Vasconcelos - Augusto Severo - Largo. da Glória - Catete – Marquês de
Abrantes - Praia de Botafogo - Rua da Passagem – Gal. Góis Monteiro - Lauro
Sodré - Túnel Novo - Prado Jr. - N. S. de Copacabana - Francisco Sá - Gomes
Carneiro – Visconde de Pirajá (até o “rodo” da Henrique Dumont).
O bonde está na altura da
Travessa Angrense (onde ficava, na esquina, as “Lojas Brasileiras), entre Raimundo
Correia e Santa Clara. À direita, encoberta na foto, a “Cirandinha”, lanchonete
querida de muitos, fechada há algum tempo. Ficava no nº 719 da Av. N.S. de Copacabana.
Obiscoitomolhado chama a
atenção para o belo carro preto, um Chrysler Windsor 1955.
Nesta foto, de 1952, vemos o bonde 13, “Ipanema”, ao lado de um ônibus 12, com o letreiro de “Leblon-Estrada de Ferro”, e de um automóvel Austin 40. Este ônibus era o apelidado de “Camões” que, em alguma época, tinha ponto final na Praça General Osório.
Na foto “em alta”, lê-se o nome da loja atrás do Austin A40: Sapataria Cruzeiro. Ficava na Av. N.S. de Copacabana nº 346. No local desta loja, parte do Edifício Cruzeiro, há hoje uma loja de câmbio, a “Taviva Turismo”. Fica logo depois da Rua Fernando Mendes, em direção ao Lido.
Outra foto do bonde 13, garimpada pelo Nickolas. Tenho dúvidas da localização. Alguém sugeriu ser perto da Rua República do Peru.
O bonde 14, na contramão, perto da Rua Figueiredo Magalhães. À esquerda, as “Lojas Americanas” e, num sobrado, a “Escola Pratt”, de datilografia, onde me tornei um exímio datilógrafo. Ficava na Av. N.S. de Copacabana nº 630 e o telefone era 37-9202. A dona ou gerente, uma senhora idosa e baixinha, era minha vizinha na Lagoa.
Além da datilografia havia cursos de taquigrafia e inglês. No anúncio informava usar máquinas de escrever tipo “Concurso DASP” (Serviço Público).
As máquinas tinham
um papelão que encobria o teclado e o método era treinar começando pela fileira
de “a” até “ç”. Depois passar para a fileira de “q” a “p”, seguida da fileira inferior.
Por último a fileira superior.
O sobrado sobrevive e abriga
atualmente a “Farro Panetteria”.
PS: uma postagem longa, bem diferente dos tempos do "Terra", quando só publicávamos uma foto. Embora haja repetição de algumas fotografias, reunindo-as num só "post", podemos dar uma ideia mais clara do tema.
Teste
ResponderExcluirChega a ser surpreendente ver algumas fotos com pouco tráfego e sem engarrafamentos. O habitual era ver um caos no trânsito, tanto pela mão e contra-mão, quanto por ser a avenida Copacabana mais estreita que a atual.
ResponderExcluirImagino o que seria hoje, com o desrespeito que há, na hora dos passageiros subirem e descerem nas paradas dos bondes. Será que motoristas e motociclistas parariam seus veículos?
E ninguém estacionaria para carga e descarga?
Isso sem falar do trecho entre Djalma Urich e Francisco Sá onde até ônibus e carros iam pela contra-mão já que não havia o túnel da Barata Ribeiro para a Raul Pompeia.
Gostei da reunião de fotos novas com as já publicadas. Deram uma boa ideia sobre o tráfego de bondes em Copa.
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirTive um colega de universidade que morava na Paula Freitas, em um prédio "entre o banco e a padaria". Fui algumas vezes entre 1990 e 1992. Ia usando dois ônibus para ir e voltar, para evitar o 2113, bem mais caro, que usava em último caso. Descia na Avenida Copacabana quando a Atlântica estava interditada como área de lazer ou outro motivo.
O resto, deixo para os especialistas.
Também acho que havia dois trajetos para o 21-Circular. Via Copacabana e via Botafogo. Assim como o lotação Largo do Machado-Ipanema, também circular e que também fazia percurso pelos dois bairros e fazia a volta no Jardim de Alá.
ResponderExcluirEsse arranjo de bonde na contramão chega a ser criminoso. Pior é pensar que éramos a Capital.
ResponderExcluirHoje o principal trabalho (investigar Mopar sempre dá um trabalhão) já foi realizado em épocas do biscoito juvenil, mas sobrou tarefa.
ResponderExcluirComo estou de mau humor, um hábito crescente com o martelar das juntas carbonizadas por fornos de padarias meia-boca, digo que temos dois Mercury 1951, um conversível e um Buick Special, 1954, uma graça em verde-claro.
Todos estão de costas e o leitor do SDR poderá achar o Buick com muita facilidade. Já os Mercury, apenas os iniciados.
Completo a identificação com um Mercedes-Benz 170 S, de 1950, um tanto sambada, na foto com o caminhão Bedford da Plus-Vita.
O período entre 1956 e 1965 muitas alterações foram feitas na circulação viária da cidade, inclusive nas linhas de bonde. A linha 21 foi uma das mais atingidas até a sua erradicação. A área de concessão da Cia. Jardim Botânico, em especial, entre Setembro de 1962 e Maio de 1963 sofreu grandes mudanças em razão da implantação dos Trolley-buses, inclusive com a criação de algumas linhas temporárias. A logística da circulação e do uso das garagens da região continuam a ser objeto de pesquisas. No período da erradicação muitos "dados oficiais" podem ser confusos e o depoimento de testemunhas é importante. Um exemplo disso ocorreu com a data da erradicação das linhas que circulavam na Edgar Romero em Madureira. Segundo Marcelo Almirante, tal erradicação teria ocorrido em meados de 1963, mas muita gente se lembra da circulação de bondes ali em 1964. Porém em conversa telefônica, o Ronaldo Martins, o Irajá, afirmou que tal erradicação ocorreu em Setembro de 1965.
ResponderExcluirDiversas alterações do trajeto da linha 21 constam do site do Hélio, mas a última foi muito curta e em razão disso não consta do site. Entre 1° de Março e 21 de Maio de 1963 não houve mais circulação de bondes em Copacabana e Ipanema, incluindo-aí o Túnel Velho. Porém a linha 21 continuou ativa até 21 de Maio de 1963, e seu trajeto passou a ser : Praia de Botafogo, São Clemente, Rua Humaitá, Jardim Botânico, Bartolomeu Mitre, Jardim Botânico, Humaitá, Voluntários da Pátria, e Praia de Botafogo. Ela manteve seu trajeto circular e foi esse o seu derradeiro trajeto até ocorrer a extinção em 21 de Maio de 1963.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. O tema "bondes" sempre dá muitos comentários e muitas informações, sobre este antigo sistema viário. Eu como ainda era bem criança nesta época me lembro bem pouco dos percursos dos bondes,
ResponderExcluirFF. Não querendo aumentar o mau humor do obiscoitomolhado, sugiro que ele informasse o nº das fotos dos carros que ele identifica, facilitaria muito para um ignorante em automóveis como eu, que só identifica que é um carro, porque tem 4 rodas.
Bom Dia ! Bondes sempre rende comentários. Volto mais tarde para ver o que mais falaram.
ResponderExcluirCom a inauguração do sistema de ônibus elétricos em 03 de Setembro de 1962, os bondes com destino à Copacabana e Ipanema via Túnel Novo passaram a seguir pelo Túnel Velho, Siqueira Campos, e entrar á direita na Nossa Senhora de Copacabana. Os ônibus elétricos por sua vez seguiam pelo Túnel Novo, Barata Ribeiro, e tinham seu terminal provisório na Rua Inhangá com Nossa Senhora de Copacabana, pois os bondes seguiam pela Nossa Senhora de Copacabana a partir da Siqueira Campos logo adiante. Em 1° de Março de 1963 as linhas com destino à Copacabana e Ipanema foram extintas e os ônibus elétricos puderam enfim seguir até Ipanema pela Nossa Senhora de Copacabana. Porém algumas linhas da zona sul, inclusive a 21, continuavam ativas. Foi nesse período que a linha 21 utilizou o trajeto que eu mencionei no comentário anterior, pois já não seria mais possível utilizar o Túnel Velho.
ResponderExcluirAcho que uma das primeiras linhas de ônibus elétricos para Copacabana fazia ponto final no Bairro Peixoto. Era a que pegávamos saindo do colégio em Botafogo e indo fazer aulas no IBEU da Av. N.S. de Copacabana.
ResponderExcluirCertamente foi a linha E-5 Erasmo Braga-Bairro Peixoto. As duas primeiras linhas de Trolley-buses a atravessarem o Túnel Novo foram a E-3 Erasmo Braga-Leme e a E-4 Erasmo Braga-Serzedelo Correa, esta com ponto final na Rua Inhangá. A rotina mencionada por você ocorreu após 1º de Março de 1963, época em que não havia mais circulação de bondes na Nossa Senhora de Copacabana.
ExcluirNas imagens algumas marcas do Rio: o ônibus Camões, o Café Capital e o caminhão da Plus Vita.
ResponderExcluirO café ainda existe aqui no Rio, a marca Plus Vita agora é do grupo mexicano Bimbo. Fui pesquisar sobre o ônibus Camões e só pude ver que tinha mecânica AEC (inglesa) e a carroceria era da paulista Grassi. Nunca o vi em fotos antigas de outras cidades, inclusive de Sampa...
O processo de extinção do serviço de bondes no Rio foi diferente se compararmos o que foi feito na Zona Sul e no resto da cidade. As épocas foram diferentes, os autores idem. Além do que, havia muito menos linha ativas da JB do que da Light. E a área servida pela JB era muito menor e menos espalhada que a da Light.
ResponderExcluirÉ verdade. Na área da Jardim Botânico foram necessários apenas oito meses para a erradicação total, enquanto na área da Light foram necessários cinco anos.
ExcluirNa extinção da JB, foram usados dois critérios:
ResponderExcluira) extinção imediata da linha.
b) mudança de itinerário, até sua posterior extinção.
Na Light, houve várias ações, algumas delas simultaneamente:
ResponderExcluira) extinção imediata da linha.
b) encurtamento do seu itinerário (exemplo: linha que ia até a Praça XV passaram a ir só até a Praça Tiradentes).
c) criação de novas linhas, curtas, de âmbito restrito e pequenos percursos.
Além das linhas temporárias mencionadas por você ainda foi criada uma "meia linha", que fazia apenas o percurso da Rua Leopoldo. Esqueceu da linha temporária na Jardim Botânico, a "Real Grandeza?" Está no seu site.
ExcluirEm comum aos dois processos, a queima pirotécnica dos bondes, com venda das partes metálicas para ferros-velhos.
ResponderExcluirNo caso de 12 bondes da Light, compra por museus norte-americanos.
Como já era de se esperar, houve roubo de acessórios durante a estada dos mesmos no porto do Rio, a ponto de o representante dos museus se queixar e pedir substituição do que foi roubado.
Ainda estou pesquisando a logística do período compartilhado entre bondes e ônibus elétricos na área da Jardim Botânico entre Setembro de 62 e Maio de 63, inclusive as garagens.
ExcluirNa segunda foto aparecem dois lotações:
ResponderExcluirO mais a frente, com vista GARAGE era da São Silvestre, empresa que utilizou o mesmo esquema de cores durante toda a sua vida (entre 1953 até 2015).
Mas atrás, um lotação da linha 25- Jacaré x Ipanema (Braso Lisboa), mas também pode ser da 21 - Mauá x Leblon (Lotações Castelo, depois Castelo Auto Ônibus). Pra complicar, as duas tinham o mesmo esquema de cores na época (teto cinza, faixa vermelha abaixo das janelas, prata e saia amarela). Isso aconteceu pois a PDF tentou impor esse esquema de cores em todos os ônibus e lotações-empresa da cidade. Ainda bem que não certo.
Mas tentaram fazer novamente em 2010.
Haja tinta...
Sempre que ocorre postagens dos meios de transporte do RJ, pode-se observar através dos comentários, que justamente os órgãos que deveriam ser os responsáveis pela gestão do transporte da cidade é que são os primeiros a desorganizar o transporte da cidade.
ResponderExcluirRecentemente podemos observar com a introdução do BRT e do VLT. Acho que nossos gestores da cidade, deveriam pedir auxílio a IA, impossível fazer pior.