O prezado GMA, me enviou
imagens das litografias (e seus detalhes) da Praia de D. Manoel, de autoria de
Adolphe D´Hastrel. Militar de profissão, dedicou-se à
pintura de paisagens urbanas. Em 1840, passou pelo Rio de Janeiro. Publicou em
1847, em Paris, um conjunto de litografias, intitulado Rio de Janeiro ou
Souvenirs du Brésil (Rio de Janeiro ou Recordações do Brasil).
Esta praia de D. Manoel ficava entre a
Praça XV e a Praça Mauá e fazia parte da sesmaria de Manoel de Brito Lacerda,
cavaleiro e fidalgo da Casa del Rey, que chegou ao Rio junto a Estácio de Sá.
Imagino o que seria uma viagem através do Atlântico em meados do século XIX.
Outra de Adolphe D´Hastrel. A Rua Direita (atual
Primeiro de Março), no princípio era a Ribeira de Manoel
de Brito, um caminho longo, aberto por moradores numa via natural entre os
morros do Castelo e de São Bento.
Aproveitando o tema eis
uma imagem de autoria de Sebastien Auguste Sisson, em 1850. Vemos o Hotel
Pharoux, na Rua Fresca, depois Rua Clapp, hoje desaparecida. O hotel conquistou
grande prestígio e acabou emprestando seu nome ao desembarcadouro e ao cais em
frente à Praça XV, por onde chegavam muitos passageiros que ali se hospedavam.
Foi em frente a este hotel que, por volta de 1850, ficou ancorada uma grande
barcaça, uma piscina natural flutuante na qual os cariocas da época podiam
dar-se ao luxo de um banho de mar "de camarote". A barcaça, descreveu
José Maria da Silva Paranhos, pai do Barão do Rio Branco, era dividida em duas
galerias com 16 camarotes cada, sendo uma reservada aos homens e a outra ao
"belo sexo". Cada camarote contava com uma banheira com água do mar
corrente e condições para o banhista trocar de roupa, sentar e descansar. A
balsa era munida ainda de toaletes, um bar e até uma perfumaria para as damas.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirAula interessante. Passei pela região durante vários anos por necessidade ou a lazer. É uma das regiões da cidade com mais história, mas só parcialmente preservada.
PS: as ampliações nos permitem ver as rachaduras da pintura...
Bom dia. O futuro é redescobrir o passado. Os leilões on LINE permitem localizar jóias ocultas , que subitamente aparecem . Ah se preservassem parte do Centro. Agora Botafogo e Lagoa sofrem ataque de Bait e Mozak, construindo imóveis de brinquedo , pelo tamanho. O Pharoux seria um Hotel Particulier hoje. Lembro do Hotel dos Ingleses no Humaitá . Na outra ponta , cruzar o Atlântico num veleiro, só com o sextante ....Mas entrar na baía ensolarada, com morros na costa, golfinhos e baleias nos mares, e uma lua cheia no Corcovado à noite....
ResponderExcluirSempre lembrando que, graças aos nossos probos edis, podem agora ser construídos apartamentos eufemisticamente chamados "compactos" e até mesmo sem garagem, "contanto que se situem próximos ao Metrô", pois, segundo as incorporadoras, além deste, "atualmente estão disponíveis aplicativos como Uber". (Não sei se alguém com R$857.000 para gastar num apartamento deixará de comprar seu próprio automóvel a fim de salvar o planeta.)
ExcluirO computador insiste em apresentar meu nome para comentários como "gmmaa", ou algo assim. A minha identidade aqui é GMA, que o Mauro Marcello conheceu no Colégio Santo Inácio como Gustavo Martins de Almeida. Já vou pedir a um filho para resolver isso. Muito sofisticado para quem nasceu em 1958.
ResponderExcluirBom dia a todos. Primórdios da cidade do Rio de Janeiro, o Hotel tinha uma arquitetura muito bonita, se preservado até os dias de hoje poderia fazer companhia aos demais prédios antigos deste local. No início do século passado o Cais Pharoux tinha uma urbanização muito bonita, com a sua murada de balaústres e lindas luminárias nas escadas de acesso ao mar, por onde embarcavam as pessoas. A Praça XV também é um local do Rio que a toda hora sofre drásticas alterações na sua urbanização, assim como o Largo da Carioca.
ResponderExcluirBom Dia! Será o cais citado no último comentário o mesmo que ainda podemos ver os resquícios no meio da Praça 15 ?
ResponderExcluirVia-se um movimento intenso de navios no entorno. Encontrei um PDF interessante que trata sobre a rota Rio-Europa no séc xix. Os preços, descritos em libras e réis, indicam que era uma viagem para poucos abonados. Embora não tenha lido tudo, não vi nenhuma referência específica ao porto de partida, que provavelmente devia ser o Pharoux.
ResponderExcluirNa segunda metade daquele século já dispunham de vapores que reduziram as viagens de 90 para 60 dias.
De qualquer forma, fico imaginando dois meses cruzando o Atlântico, certamente o racionamento de água e comida devia ser levado a ferro-e-fogo; e ainda deviam considerar a possibilidade de qualquer contratempo.
Atualmente essa é a área mais antiga da cidade. Na Primeiro de Março ficava a confeitaria Carceller, em frente à qual faziam o rodo muitas linhas de bonde puxados a burro, na época.
ResponderExcluirEu acabe de ler o livro "Viagem à Terra do Brasil", do Jean de Léry. Ele narra a vinda ao Brasil e o seu retorno à França, em navios da época, meados do século XVI. É simplesmente tenebrosa a narrativa. Na volta, vários passageiros morreram, porque o navegador errou o caminho e o trajeto durou mais dias do que o previsto.
ResponderExcluirAtravessar o Oceano Atlântico era uma aventura muitas vezes terminada em tragédia. Imagine navegar pelo Oceano Pacífico, muito maior e com muitas ilhas de população antropófaga.
Ir à Lua hoje em dia é muito menos perigoso do que navegar naquela época.
Vir de Portugal pra cá , tranquilo. Vem " pelas calmarias ", como veio Amor Klink. Voltar é que era o bicho!
ResponderExcluirSalvo engano da minha parte, em 1955, quando minha mãe veio, de navio, a viagem durou onze dias.
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