A fotografia acima mostra uma cena que foi comum no Rio até os anos 70: um faquir, em seu jejum público, deitado sobre pregos dentro de uma urna envidraçada e lacrada.
Vemos o faquir Zokan, que
ficou 132 dias na urna e que se apresentou no Teatro Carlos Gomes, na Praça
Tiradentes nº 33. Foi num salão que era da Casa dos Artistas, presidida por Francisco
Moreno. Ao término do jejum a saída foi apoteótica e transmitida pelo programa
Flávio Cavalcanti na TV Tupi. Saiu cambaleando até uma ambulância. Anos depois,
em 1970, foi campeão mundial na sua especialidade.
Esta apresentação foi cercada
de polêmicas, com muitas reportagens falando sobre supostas fraudes no jejum.
Este Zokan também era
ilusionista. Fez uma apresentação na Praça XV em que foi algemado, colocado
dentro de um saco de lona e preso em uma caixa de ferro que foi lacrada com vários
cadeados. Depois foi lançado ao mar e após uns 20 minutos tiraram a caixa de
ferro do mar. Quando abriram só encontram lá dentro um buquê de flores. Logo em
seguida ele apareceu nadando. Isto foi em 23/03/1970.
Outro faquir bastante
conhecido era o Silki, Adelino João da Silva, que antes de Zokan foi campeão
mundial. Apresentou-se na sobreloja da galeria do Cineac-Trianon, na Av. Rio
Branco. Ele realizou o feito de jejuar por mais de três meses. Para tornar o
espetáculo mais atraente, Silki ficava na companhia de serpentes. Deitava-se
sobre pregos rombudos. Anos depois foi tema do programa “Caso Verdade”, da TV
Globo.
Uma mulher, Suzy King, em
1959, assinou um contrato para bater o recorde mundial de jejum numa urna na
Galeria Ritz, em Copacabana. A proposta era ficar 110 dias sem comer. A firma
contratante colocou o Nocaute Jack para vigiar Suzy King. O caso acabou na
delegacia, pois houve um grande atrito entre vigilante e vigiada, pois esta foi
surpreendida burlando o jejum combinado.
PS: as reportagens davam
conta que frequentemente se constatava que os faquires não emagreciam mesmo só
tomando líquidos. Colhiam a urina num frasco, mas não há menção do que
acontecia com as fezes. Enfim, as exibições tinham todo jeito de serem
fraudadas, mas faziam grande sucesso e atraiam muita gente.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirMais um dia para aprender e acompanhar os comentários.
Na famosa série de fotos da revista LIFE dos anos 70 aparecem no Largo da Carioca alguns "artistas de rua" que não sei se poderiam ser chamados de faquires.
Esse tipo de evento era comum no passado e atraía multidões, haja visto o sucesso que teve Harry Houdini. Aqui no Brasil e de acordo com essa postagem, chegavam às raias da bizarrice. Mas mostra um lado simples e inocente da sociedade da época, bem diferente da atual, onde esses "mágicos" conseguem incrivelmente "esconder artefatos cilíndricos" em locais inusitados, um hábito bastante comum entre artistas, celebridades, e jogadores de futebol. Como diria o saudoso Belletti: "um espanto".
ResponderExcluirBom dia a todos. Lembro bem desse faquir na Pça Tiradentes, na época se falava que durante a noite ele fazia as refeições. Naquela época, assim como hoje, acho essas coisas uma grande besteira.
ResponderExcluirMuito bom! Eu vi o faquir Silky no Cinéac Trianon e agradeço ao SDR a publicação. Conversamos recentemente sobre o faquir e a baleia, agora só falta a baleia... se é que alguém tem o que dizer sobre a baleia...
ResponderExcluirTambém na sobreloja tinha um stand bem grande onde você dirigia um automóvel de controle remoto por uma maquete de ruas e sinais até botar o carro numa garagem. Se batesse em esquina ou poste acabava a sua chance. Acho que dava direito a 3 barbeiragens. Nunca consegui completar o circuito.
O carro era um Ford 40-50 branco e o interessante era que o volante que você segurava também era de Ford (o volante era fixo na maquete e com a posição de um automóvel de verdade). Isso é o que a minha memória diz, posso estar enganado, mas é claro que eu gostava muito mais da maquete do que do faquir.
Ao lado do cinema Astória, no Bar 20, havia também um stand como este descrito pelo obiscoitomolhado. Separava o dinheiro da entrada e da passagem do bonde e gastava o ressto em várias tentativas de colocar o carro na garagem. Acho que eu era melhor motorista que obiscoito, mas pode ser que o meu circuito fosse mais fácil.
ExcluirA tal baleia, a qual deram o nome de Moby Dick, ficou na região do Calabouço sobre a carroceria de um caminhão tipo jamanta. Junto também estavam expostas a grandes agulhas que foram usadas para injetar formol. Ainda hoje lembro que o cheiro era desagradável. Nessa época eu ainda morava no subúrbio e fui levado a essa atração por meu pai.
ExcluirQuanto aos faquires "tupiniquins", modismo de certa época, mais tarde ficou provado que não passavam de enganadores oportunistas.
(correção)...também estavam expostas as grandes agulhas...
ExcluirMe lembro bem do Silki, fui levado a vê-lo por meu tio Clovis na galeria do Cineac. Na época todo magrelo era chamado de Silki, assim como os negros ganhavam o apelido de Sabará, jogador do Vasco. Meu colega de CMRJ, Antonio Carlos, magro e alto, até hoje é chamado de Silki. Era vascaíno e jogava um bolão no meio de campo.
ResponderExcluirLembro bem do sucesso e das polêmicas que envolviam esses faquires 171. Nunca dei bola para essa bobeira.
ResponderExcluirBom Dia! Lembro que para ver o Faquir tinha que pagar.
ResponderExcluirFF. A Espanha ontem se safou, já a França não teve a mesma sorte. Dois jogões, hoje tem Alemanha X Inglaterra, pelos nomes o jogo promete.
ResponderExcluirLá em casa ninguém acreditava em jejum tão prolongado de faquir, ou seja, só era lembrado pela polêmica.
ResponderExcluirTambém lembro do circuito citado pelo Biscoito, mas não o local onde funcionava, eu era muito pequeno e nem me deixaram tentar. Ou não era permitido para crianças.
Sempre houve charlatões. É impressionante como pode existir uma parte do povo tão imbecilizada ao ponto de acreditar em qualquer coisa. Eu não duvido muito se alguém ficar ali no sopé do morro do Corcovado o dia inteiro e tentar "vender" o Cristo Redentor por 50 paus, com papel passado e tudo, que conseguirá fazer pelo menos umas duas vendas...
ResponderExcluirPor isso que muitos pastores e vendedores de placebos estão riquíssimos.
Boa tarde a todos!
ResponderExcluirA postagem me fez lembrar do Professor Oriethy Bey (pensar, professor, pensar) e sua assistente Ilka. Hipnotizador (?), prestidigitador, por aí. Tinha um programa na TV Rio, às sextas-feiras (se não me engano, claro), e teve um breve retorno às telas de TV nos anos 70, quando Uri Geller esteve no Brasil. Faleceu em 2017 aos 96 anos. Encontrei mais detalhes na Internet, sob o nome "Oriethy Bey".
A curiosidade e o desespero são os principais fatores que fazem com que o charlatanismo nunca deixe de prosperar. Cito como exemplo do primeiro caso o que contava meu avô. Por volta de 1915 existiam feiras na Praça XI onde havia barracas em que esse tipo de "exotismo" era frequente. Em uma delas havia um basbaque que oferecia "A verdade a dez tostões". O incauto era compelido a enfiar dois dedos em um barril após pagar os dez tostões. Após retirar os dedos o "trouxa" percebia que eles vinham repletos de fezes, e indignado esbravejava" "Isso é merda", ao que respondia o espertalhão: "É verdade". Quase sempre isso terminava em confusão onde a Polícia acabava intervindo. O segundo caso, o desespero, basta ir a uma igreja pentecostal para perceber como milhares de pessoas são "induzidas" a doar fortunas.
ResponderExcluirEm uma das suas apresentações, acho que Houdini pediu para que um menino desse um soco na barriga dele, a partir disso ele começa a se sentir fortes dores no estômago. A situação foi se agravando, mas ele não quis procurar um médio. Acabou falecendo!
ResponderExcluirUma frase da internet: Todo dia sai de casa, um esperto que se faz de bobo e um bobo que se acha esperto, quando se encontram, acontece o golpe.
O faquir Zokan foi um grande artista !
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