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segunda-feira, 27 de março de 2023

ARPOADOR - AV. FRANCISCO BHERING

Hoje vamos ver como era a Av. Francisco Bhering há alguns anos. Originalmente teve o nome de Av. Arpoador. Começa na confluência da Av. Vieira Souto com Rua Francisco Otaviano e termina no próprio Arpoador (originalmente em frente à Estação Radiotelegráfica).


Nesta foto colorizada pelo Nickolas vemos o início da Av. Francisco Bhering. Em destaque o Edifício Marambaia, de 1936, cujo endereço é Avenida Francisco Bhering, nº 33. Com dez andares e dois apartamentos de cerca de 200 m2 por pavimento, o Marambaia é o edifício alto mais antigo do bairro. Foi construído pelo engenheiro João Carlos Vital, que foi presidente do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) quando de sua fundação e, anos depois, foi Prefeito do Rio nos anos 50. Vital morou em uma das unidades por alguns anos. Em outra, moraram meus amigos e colegas de colégio João e José Tebyriçá.


Uma foto do paradisíaco Arpoador, no início do século XX.
Raras casas, seus terrenos terminando na areia. À esquerda, o famoso "Castelinho" de Ipanema.

Segundo Claudia Gaspar, em 1751, o Plan de la Baye et du Port de Rio de Janeiro já registrava a "Ponta do Arpoador". A Praia do Arpoador, com 800 metros de extensão, fica em Ipanema, entre a Ponta do Arpoador e o encontro da Rua Francisco Otaviano com a Rua Francisco Bhering, no início da Avenida Vieira Souto.

Deve o nome aos rochedos debruçados sobre o mar, que serviam para arpoar baleias quando elas se aproximavam da costa para procriar.
A caça à baleia foi atividade importante no Rio de Janeiro colonial, compondo com a produção de açúcar e o comércio de madeira nativa a base da economia (esta pesca parece ter começado em 1644).
Na Pedra do Arpoador funcionou a Estação Rádio-Telegráfica de Copacabana, demolida há poucos anos. Até a década de 1940 o local continuava a ser um areal meio vazio. As casas davam frente para a Rua Francisco Otaviano e fundos para a praia. 

Este é o aspecto da Av. Francisco Bhering pouco antes dos anos 80. Era possível ir de carro até junto à Pedra do Arpoador. A foto tirada em direção a Av. Vieira Souto  e mostra os sinais de trânsito que disciplinavam o trânsito, fazendo os carros irem em direção ao Leblon com segurança. Tudo foi modificado em 1984/1985 com obras que tornaram a Av. Francisco Bhering um calçadão, com uma pista exclusiva para os veículos dos moradores. 

Nesta foto, do acervo do Tumminelli, vemos um Arpoador sem prédios luxuosos e com carros estacionados ao longo da Av. Francisco Bhering. Só havia construções baixas e a mata, onde hoje se encontra o Parque Garota de Ipanema. 

As construções eram de instalações do Exército, havendo inclusive uma espécie de garagem. Era frequentada pelo saudoso Richard, que acompanhava o pai militar para reparos no carro da família. Conta ele que o pai parava o carro em cima do "buraco", ambos desciam para ficar sob o carro e o pai trabalhava enquanto ele ia passando o óleo, o almotolia, etc.


É certo que hoje seria praticamente impossível manter como era, mas dá uma tremenda saudade de ir de carro até o finalzinho, estacionar de frente para a praia e assistir à corrida de submarinos. Ou então parar ali para um cachoro-quente da Geneal com uma Coca-Cola. E de subir tranquilamente na pedra para ficar olhando o mar.


27 comentários:

  1. Bom dia, Dr. D'.

    O tempo deu uma virada durante a madrugada e chegou a chover e ventar. Não é um tempo condizente com praia, para a maioria.

    Em tempo, aproveitando a postagem anterior, hoje é o dia nacional do circo e aniversário de 60 anos da Xuxa. E lamentando a morte, em Salvador, do Juca Chaves.

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  2. Ali também eram os fundos de um Quartel do Exército Brasileiro, cuja entrada principal era na Francisco Otaviano. Depois de um episódio desagradável no qual fui vítima no Estabelecimento Central de Transportes do E.B na rua Monsenhor Manoel Gomes para onde eu tinha sido designado inicialmente para "servir ao Exército", fui encaminhado ao Quartel da Francisco Otaviano para "carimbar" o certificado de "excesso de contingente". Não tenho certeza se fazia parte ou era uma extensão do Forte de Copacabana.

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  3. Não há dúvida que era ótimo ir de carro ou moto até a pedra do Arpoador. Ver o por-do-sol de lá é deslumbrante. Mas a avenida era mais simpática sem os prédios.
    Os preços dos apartamentos são altíssimos e tenho dúvidas se valem a pena. O acesso é difícil, receber visitas é complicado, nos finais de semana o local fica lotadíssimo e é perigoso.
    Há um hotel muito simpático, o Arpoador Inn, onde em dias de semana se pode tomar um café da manhã no calçadão.
    Eu tenho saudade do Arpoador de antigamente.

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  4. Otimas lembranças desde sempre. Seja devir com os pais, bem pequeno, seja de surfar, seja da praia cedinho hoje. Encontrava lá de manhã o Dr. Sergio Magalhães, que foi político e era perito de engenharia. No livro da Muy Leal há gravura de desembarque clandestino de escravos no Arpoador. Quanto a pesca de baleias o seu óleo era utilizado na liga das pedras nas construções. Havia muitas excursões ao local narradas nos jornais do início do séc. XX.

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    1. Sérgio Magalhães foi o candidato derrotado por Carlos Lacerda nas eleições de 1960 por um ínfima quantidade de votos. A candidatura de Tenório Cavalcante foi determinante para a vitória de Lacerda.

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  5. Meu amigo Gilberto Braga morava num desses prédios e adorava.

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  6. Bom dia.
    Todas as praias da zona sul, nos finais de semana de tempo bom, são tomadas por uma quantidade inimaginável de pessoas e a bagunça e falta de segurança imperam.
    O Arpoador, estreito na rua e na faixa de areia, sofre até mais com esta invasão.
    Acredito que, apesar da localização invejável, os imóveis da orla venham a se desvalorizar com a continuidade de uma situação que só vai piorar com o tempo.
    Essas e outras "invasões bárbaras", apesar de inevitáveis e mesmo que venham a ser melhor disciplinadas, estão acabando com um estilo e qualidade de vida que na minha juventude pareciam perenes.

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    1. "Invasões bárbaras", Mário? Poupe os "bárbaros"! Afinal eles "deram a volta por cima" e seus territórios se transformaram nas nações mais cultas e civilizados do planeta. As hordas que invadem o Arpoador em nada se parecem com aquelas chefiadas por Átila e Alarico, tem uma aparência bem diferente, e suas ações são muito mais em mortíferas porque acontecem diuturnamente sem que nada as impeça. Além disso tais "hordas" possuem aliados poderosos que valem da arma de destruição mais mortal utilizada no Brasil: A caneta.

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  7. Bom dia Saudosistas. Frequentei o Arpoador por um breve tempo na época que fazia vestibular com amigos do cursinho que moravam em Ipanema, realmente o por do sol visto da Pedra do Arpoador é belíssimo. Vou acompanhar os comentários dos moradores da área.

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  8. Fiquei horas pesquisando o carro azul. Suspeito que seja um Hudson dos anos 50. Mas, logo atrás dele está um Pontiac verde-escuro - alguns carros podem ser identificados até da Lua. Fuscas aos montes e uma Veraneio, uma Rural e uma Kombi... o carro abóbora bem na parte de baixo parece ser um aero-Willys 62 e a foto tem a cara do final dos anos 60.

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  9. Fora de Foco: um estudante adolescente atacou a golpes de faca diversas crianças e adolescentes, deixando vários feridos inclusive a professora, que está em estado grave. Certamente aparecerá algum político para apresentar um P.L para "proibir a venda e o porte de facas no Brasil".

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  10. A lupa de obiscoitomolhado é mais potente que o mais potente telescópio espacial americano.

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    1. Pois é, esse Aero-Willys cor de abóbora visto pelo Biscoito parece ao jogo "onde está Wally"....kkk

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  11. FF: o programa "Balanço Geral", da Record, está mostrando ao vivo, a partir de helicóptero, uma carga roubada sendo saqueada no meio da rua, em Guadalupe. Há uma hora está sendo mostrada, e a polícia nem deu as caras. Este é o verdadeiro Rio de Janeiro, e não o das praias e mulheres popozudas saindo do mar qual sereias.

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  12. A polícia tem medo dos bandidos. Há alguns meses o mesmo programa mostrou uma carga de cerveja sendo descarregada de um caminhão e levada em pallets pelos bandidos, a um quarteirão da UPP. Uma viatura da PM estava estacionada a uns 50 metros do local. Quando os bandidos levaram todas as cervejas, ai a PM escoltou o caminhão para a 44a. DP (Inhaúma). Esta é a Cidade Maravilhosa cantada em prosa e verso.

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  13. O crime manda. O Estado se curva e obedece.

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    1. Hélio, a Polícia não tem medo , e a razão da conduta dos policiais à primeira vista tem o nome de "prevaricação" e está prevista no artigo 319 do C.P. Porém tudo indica que pode ser algo bem mais grave. "Trocando em miúdos", alguém levou vantagen$...

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    2. Joel, no caso da carga das cervejas haveria uma grande festa na comunidade no dia seguinte e a cerveja iria ser vendida na festa. Comentou-se que a PM levara dinheiro para não atrapalhar o roubo da carga. O que é coerente com o acontecido, pois os PM's da UPP entravam e saíam do prédio da UPP, a um quarteirão de onde vários pallets de cerveja estavam sendo levados para o interior da comunidade.

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    3. Tá tudo dominado, tá tudo dominado. Isso só irá resolver se a sociedade tomar a iniciativa, mas os órgãos públicos, a mídia e a legislação impedem que a sociedade se mobilize.

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  14. Tem toda razão o Helio. Em certos lugares a polícia não entra. E também é raro um fato criminoso não ter a participação de um policial. Se até vendem armas que serão utilizadas contra os colegas esperar o quê?
    Não são todos é claro mas a banda podre é significativa.

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    1. Atualmente essa "banda podre" já deve ser uns 80% da laranja.... Kkk

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    2. Lembro de uma reportagem na Record sobre corrupção na PM. Isso deve ter uns 15 anos.
      Entrevistaram um policial, que não quis se identificar. Ele dizia, que no batalhão dele, 60% era corrupto.
      Com certeza, deve estar em 80% hoje em dia.

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  15. O grande movimento contra a instalação das câmeras corporais em policiais de batalhões fora das áreas turísticas diz muito.

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  16. Com relação à "banda podre", essa visão é por demais ingênua. É sabido que "tartarugas não sobem em árvores, e se elas estão no alto das árvores alguém as colocou lá". Os Secretários de Estado são nomeados pelo Governador, seus cargos são de "confiança", e obedecem à uma cadeia de comando. As iniciativas ocorrem "de cima para baixo" e seus efeitos retornam "de baixo para cima". Tendo como exemplo as imagens mostradas diariamente pelo "Balanço Geral" onde aparecem inúmeras favelas repletas de "barricadas" guarnecidas por bandidos armados e onde não há vestígios de policiais, eu pergunto: Será que o Comandante Geral, os Comandante das DPA, e os Comandantes de Batalhões, não tem conhecimento dessa realidade mais do que "escancarada?" E se tem conhecimento, por que nada fazem? Será que o Comandante Geral não teria sido nomeado justamente para implementar esse tipo de política de segurança? E de vez em quando a mídia mostra casos em que policiais militares (invariavelmente praças ou graduados) são envolvidos em casos de corrupção, o Comando vem à público para apregoar que "a Polícia corta na sua própria carne". É a síntese da hipocrisia...

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    1. É o que já sabemos: a corrupção tomou conta de todos os níveis, desde Presidente da República até o servente de pedreiro, não esquecendo os camelôs. Virou metástase. Em certos meios, quem se opõe é jogado para escanteio ou até morto, como aconteceu com o meio-irmão da minha esposa, tenente PM assassinado após várias ameaças por não querer entrar para a banda deteriorada da PM.

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  17. O Saudades do Rio realiza um inestimável trabalho de resgate da memória de uma cidade que não existe mais. Além disso uma atualização do cotidiano atual da cidade através de comentários diversos tem dado um toque de modernidade ao blog.

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