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quinta-feira, 21 de setembro de 2023

ANCORADOURO DA PRAIA DO FLAMENGO


Bem em frente ao Palácio do Catete havia uma espécie de ponte/ancoradouro que podemos ver nesta foto, lá no fundo.

O Palácio do Catete, que no fim do Oitocentismo se transformaria em presidencial, foi construído em 1862 para residência pelo Barão de Nova Friburgo (Antônio Clemente Pinto). A sua localização não no meio do parque e sim na estranha posição em que se encontra, na esquina da Rua Silveira Martins, se deve à Baronesa, que ao visitar pela primeira vez o local em que seria construído perguntou: 

"Oh, Barão, pensas que vou descer lá da Fazenda nas serras do Cantagalo, no Estado do Rio, para viver aqui cercada de mato também? Quero a casa dando janelas para a rua!"

Com a morte do Barão, em 1869, seus filhos venderam-no a um grupo que ali construiria um hotel que não teria rival na América do Sul. Entretanto, faliram e o Conselheiro Francisco de Paula Mayrink, adquirindo seus títulos, entregou-os ao Banco do Brasil em pagamento das dívidas. Em 1897 a sede do Governo foi para ele transferida.

Na foto, o prédio mais próximo é o Edifício Flamengo (antigo edifício Guilhermina), que fica no nº 116 da Praia do Flamengo. Este prédio tem dez andares, com telhado em mansardas. São apartamentos de mais de 200m2 com hall de entrada, sala de estar e sala de jantar voltadas para o mar, três suítes, banheiros, cozinha e área de serviço. Como alguns prédios antigos acompanha o apartamento um cômodo no último andar que pode ser utilizado como dependência de empregados. São dois apartamentos por andar.

O prédio mais distante é o Hotel Glória que foi construído para a Exposição Internacional de 1922, comemorativa do Centenário da Independência. Foi aberto em 15 de agosto de 1922, com uma bênção realizada pelo arcebispo D. Sebastião e foi o primeiro cinco estrelas do Brasil. Sua construção foi uma iniciativa da firma Rocha Miranda & Filhos.

No local do Hotel Glória existia o palacete de John Russel, o pioneiro dos esgotos no Rio de Janeiro. Em estilo neo-Luiz XV o Hotel Glória era dotado de teatro, cassino, salões de festas e de jogos, áreas de lazer e 150 quartos. Ampliado em época posterior, ganhou mais dois andares e, pela incorporação de terrenos adjacentes, passou a ter 500 quartos. Eram famosos os bailes de formatura em seus salões, sua área de piscina e seu simpático bar.

Entre os dois prédios fica o Palácio do Catete.

Foto enviada pela Cristina Pedroso.

Desenho do ancoradouro que existiu em frente ao Palácio Catete. Dizem que seria utilizado pelo Presidente da República em caso de necessidade de fuga. O Ancoradouro desapareceu quando do Aterro da praia do Flamengo, em meados do século XX.

O desenho a bico de pena sobre cartão é da década de 1930. O autor é Géza Heller, húngaro que, fugindo do antissemitismo, decidiu emigrar para o Uruguai. No caminho, ao fazer escala no Rio de Janeiro, ficou encantando e, após 3 anos no Uruguai, retornou para se instalar na cidade que o havia seduzido. Naturalizado brasileiro, deu continuidade à sua carreira de arquiteto, colaborando na construção da Igreja da Santíssima Trindade e na gare Pedro II da Central do Brasil. Registrou os mais variados aspectos da paisagem carioca. Faleceu em 1992.


Ponte presidencial do Palácio do Catete. Acervo Claudia Gaspar. 

Durante o governo de Artur Bernardes, 1922-1926, a impopularidade crescente do presidente fazia com que inúmeras vezes tivesse que sair pelos fundos do palácio, usando embarcação atracada neste ancoradouro, para evitar contato com a população. Hoje em dia ninguém mais vê as autoridades.


9 comentários:

  1. Este ancoradouro desapareceu com a construção do Aterro?
    Será que os presidentes que escapavam por aí seguiam o conselho de Pinheiro Machado quando ameaçado pelos descontentes?
    Ele dizia para o motorista: “Vamos! Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo!”
    Alguns dizem que o Costa e Silva repetiu a frase quando foi avisado que poderia haver uma bomba num avião em que embarcaria e os seguranças sugeriram que ele corresse para se proteger.

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  2. Bom dia, Dr. D'.

    O aterro deixou o atracadouro sem função. Em outras épocas poderia ter sido deixado parte dele, mas não era essa a visão

    FF: segundo dia da primeira rodada da Champions e Bayern X M. United fizeram um jogo movimentado de sete gols com 4X3 para o time alemão. O Real Madrid penou para vencer em casa o novato alemão Union Berlin nos acréscimos. Os times portugueses, Benfica e Braga, foram derrotados. Na terça, o PSG venceu em casa o Dortmund, o City venceu de virada em casa e o Barcelona goleou, também em casa, o time belga do Antwerp.

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  3. As autoridades hoje em dia, na sua maioria, preferem combater "à sombra", bem longe da luz do sol e o ancoradouro que lhes dá a saída e evita o contato com a realidade brasileira chama-se Brasília.

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  4. Pelo que estou vendo hoje o ancoradouro era muito maior do que eu imaginava.
    Será que em seus últimos anos ainda estava desse tamanho?
    E estrutura metálica em água do mar?
    Para mostrar coragem e que nada tinha mudado o Getúlio foi a pé do Palácio Guanabara até o Catete logo pela manhã após a noite da intentona integralista em maio de 1938. Dizem que era normal essa caminhada do ditador do Estado Novo e que uma vez encontrou no caminho o Graciliano Ramos, depois da "estadia" desse na Ilha Grande. Vargas teria acenado para o escritor, mas esse, por motivos óbvios, ignorou a autoridade.

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    1. Consta que grande parte do atracadouro do Catete foi desmontada e remontada na Ribeira, Ilha do Governador, na década de 1920, ficando em serviço para as barcas da Cantareira até 1936, quando foi construida uma atracação mais firme e estável, a Ponte Dr. Luiz Paixão. Até então os usuários reclamavam das sacudidas da atracação...

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  5. A mudança da capital para o Planalto Central, que já estava prevista desde a Constituição de 1891, foi para afastar o povo dos seus representantes.

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  6. Bom dia Saudosistas. O desenho a bico de pena do Géza Heller detalha bem como era este ancoradouro. O Aterro do Flamengo embora seja para mim a melhor obra de urbanização do RJ, peca pela falta de uma estrutura melhor para atendimento ao turista, despertando maior interesse para sua visitação. A ótima ideia de integrar o Aterro, Praça XV e Praça Mauá, com as obras realizadas para as Olim piadas do Rio, ficou perdida pela falta de uma coordenação e divulgação de eventos que podem ser visitados pelos diversos, Centros Culturais, Museus, Aquário, Roda Gigante e Igrejas Históricas da Redondeza.
    Mas para isso se faz necessário, colocar segurança em toda área e nos principais pontos de atrações, manutenção e limpeza diária das ruas e jardins, retirar os moradores de rua e o principal divulgação destes locais através de postos de apoio ao turista, com os dias e horários de funcionamento.

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    1. Eu colocaria uma cópia desse desenho numa moldura para pendurar na parede.

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    2. Parte desse "corredor" citado por você, as regiões da Praça XV e Candelária estão "meio abandonados". São grandes "vazios" cujo mobiliário urbano carece de cuidados, pois faltam bancos e até pedras de calçamento. isso sem contar a quantidade ínfima de passantes que raramente atravessam os imensos espaços, ao contrário do número de desocupados, moradores de rua, e indivíduos de aparência suspeita que ficam circulando. A segurança das pessoas deixa a desejar.

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